segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Brasileirão-14 - Rodada #17

Mais uma rodada que se vai...



CERVEJA GELADA


CRUZEIRO - Tudo conspira a favor da Raposa. Venceu o Goiás, fora de casa, por 1 a 0. Os mandantes ainda perderam um pênalti no último minuto de partida. De quebra, abriu 7 pontos para o segundo colocado e garantiu o título simbólico do primeiro turno. Se depender das estatísticas, pode entregar a taça! 

FLUMINENSE - Goleou o Sport por 4 a 0 e se aproximou do G4. Partida marcou o reencontro de Fred com uma boa atuação. O centroavante marcou duas vezes!

SÃO PAULO - O Tricolor venceu o clássico San-São por 2 a 1 com boa jornada de Ganso e Pato. Os gols da dupla colocaram o São Paulo na vice-liderança isolada com 32 pontos. 



CERVEJA QUENTE


CRICIÚMA - Recebeu o Flamengo e foi derrotado por 2 a 0. Chegou a 7 jogos sem vencer e, agora, inaugura a zona da degola com 17 pontos.

VITÓRIA - Outro belo anfitrião. Tinha um jogo-chave contra o Figueirense valendo uma vaga fora do Z4. E não é que o Vitória perdeu? 1 a 0 para os comandados desse bruxo chamado Argel Fucks que levou o Figueira a 4 vitórias e 1 empate nos últimos 5 jogos! Os baianos assumem a lanterna nos critérios de desempate embora - ainda - vejam a saída a apenas 3 pontos.

ATLÉTICO PARANAENSE - O Furacão parece gostar da zona intermediária da tabela. Ficou num decepcionante 0 a 0 contra o Bahia em plena Arena da Baixada. Após a partida, optou por demitir o técnico Doriva. 

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Brasileirão-14 - Rodada #16

Falta pouco para alcançarmos o meio do campeonato e as brigas seguem disputadas. Embora o Cruzeiro já esboce nova arrancada, legal perceber que seis pontos dividem o meio da tabela do Z4 e do G4.
Essa rodada teve uma infinidade de destaques positivos que é até injusto apontar os 3-4 protocolares. Dito isso, bora:


CERVEJA GELADA


CRUZEIRO - Já começa a esboçar uma nova arrancada. A vitória arrancada à fórceps sobre o Grêmio por 1 a 0, aos 40 do segundo tempo, gol de Dagoberto, catapultou a Raposa para 36 pontos, 5 a frente dos vice-líderes. Bicampeonato à vista?

FIGUEIRENSE e CHAPECOENSE - A dupla de Santa Catarina não podia passar batido. Triunfos excelentes! O Figueira recebeu o Botafogo, venceu por 1 a 0, foi a 17 pontos e saiu da zona da degola! Incrível para quem (tipo eu) já dava a equipe como virtual rebaixada. A Chapecoense seguiu a mesma cartilha e derrotou o Fluminense, na Arena Condá, pelo mesmo placar.

FLAMENGO - A chegada do pofexô Wanderley Luxemburgo abalou as estruturas! O Mengão bateu o Galo por 2 a 1, de virada, e deixou pra trás Z4 e muito mais! Abriu 4 pontos da temida zona e já começa a sonhar em encostar no G4.


CERVEJA QUENTE 


INTERNACIONAL - Um dos grandes derrotados da rodada. No Beira-Rio, foi derrotado pelo São Paulo por 1 a 0. Com isso, o Tricolor entrou no G4 indo a 29 pontos, 2 atrás do Colorado, ainda vice-líder. Porém, não mais isoladamente. O Timão venceu o Goiás por 5 a 2 e igualou o número de pontos dos gaúchos.

PALMEIRAS - Foi encarar o Sport na Arena Pernambuco, o que seria, em tese, um campo neutro. Animador até a página dois. Saiu na frente com Henrique. Mas permitiu a virada do Leão. Como desgraça pouca é bobagem, agora o Verdão assume a lanterna do Brasileirão estagnado nos 14 pontos. Impressionantes DEZ jogos sem vitória. Surreal...

BAHIA - Mais um tropeço em casa. Dessa vez, 0 a 0 com o Criciúma. Está de mãos dadas com o rival Vitória, ambos com 15 pontos e estacionados na penúltima e antepenúltima posição. 


quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Brasileirão-14 - Rodada #15

Como aperitivo da rodada do meio de semana, vamos aos destaques da rodada passada!


CERVEJA GELADA

CRUZEIRO e INTERNACIONAL - Rodada boa para os líderes do Brasileirão. Sábado, o Inter bateu o Goiás por 1 a 0 e dormiu na liderança. Mas no dia seguinte, o Cruzeiro recuperou-se dos dois jogos sem vitória com uma bela atuação diante do Santos: 3 a 0, retomando a ponta. Beneficiados pelos tropeços de Corinthians e Fluminense, a dupla consolidou-se na ponta.

SÃO PAULO - A sorte sorriu para o Tricolor. Mesmo não fazendo uma grande partida, venceu o Palmeiras por 2 a 1 e encostou no G-4, com os mesmos 26 pontos do Fluminense. 

FLAMENGO e BOTAFOGO - A dupla carioca tem motivos para comemorar. Ambos venceram partidas importantes e dormem fora do Z-4. O Fogão fez bonito e, apesar da crise que assola o clube, levou a melhor no clássico contra o Fluminense, 2 a 0. Já o Mengão derrotou o Coritiba, fora de casa, por 1 a 0. Os dois times contabilizam 16 pontos, 2 acima da zona da degola.


CERVEJA QUENTE

CORINTHIANS - O Corinthians ainda parece estar se adaptando à nova arena pois insiste em tropeçar em seus domínios. Desta vez, empatou 1 a 1 com o Bahia, agora vice-lanterna. O Timão ainda dorme no G-4 mas já dorme com o perigo de sair a qualquer momento.

CORITIBA - Perdeu em casa para o Flamengo. Lanterna com 12 pontos, exatos 3 abaixo do Vitória, 16º, primeiro fora da zona da degola. Precisa dizer mais?

VITÓRIA - Amargou um empate por 0 a 0 em casa contra a Chapecoense e vai ficar coladinho no Z-4, apenas 1 ponto à frente de Palmeiras, Figueirense e o rival Bahia.

PALMEIRAS - Não pela derrota no clássico, mas pela conjuntura. 9 jogos sem vencer. Perdeu o clássico que era mandante no Pacaembu. Teve a bola do jogo nos pés momentos antes do gol tricolor, mas Leandro e Henrique esbanjaram falta de tranquilidade na conclusão. Pra piorar, o gol da vitória foi marcado por Alan Kardec, ex-Verdão e pivô de uma famigerada saída conturbada. Sim, é possível ficar pior. O time cai para a 17ª posição e inaugura o Z-4. Pe-ri-go! 

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Carta ao Dunga nº1

Caro Dunga,

Muita expectativa para esta primeira convocação, né? Sei como der ter sido complicado elaborar essa lista já que boa parte dos jogadores virtualmente melhorzinhos que temos estavam com a Seleção há uns meses, naquele evento surreal que passou por aqui.

Também entendo que inauguramos uma nova caminhada até 2018 e o grupo precisa ser renovado aos poucos. No entanto, não podemos perder de vista que quem hoje tem 29 anos, em quatro anos terá 33, idade um tanto avançada demais para a disputa de uma Copa do Mundo. E não me venha com Kloses e Lahms que ninguém aqui tem a qualidade deles nessa faixa etária.

Ainda que na coletiva você tenha defendido os critérios "qualidade" e "rendimento" para justificar alguns desses jogadores mais velhos, digo, experientes - e concordo - fico com uma pulga atrás da orelha sobre o que foi visto em nomes como Hulk, Elias e Diego Tardelli.

Vá lá que podem ser peças de fácil descarte. Porém, apesar de estarmos iniciando esse período de testes, parece um tanto evidente que esses nomes não possuem tanta qualidade a ponto de serem figurinhas carimbadas em futuras convocações.

Creio que, se for para a realização de testes, sejam chamados jogadores jovens, com idade olímpica, ou não tão próximo dos 30 anos para que sejam potencialmente úteis no médio-longo prazo. Não é preciso lembrar que as Olimpíadas são daqui a dois anos, apenas. Seria bacana dar cancha a alguns caras daquele grupo.

Compreendo que era necessário fazer justiça a Filipe Luis e Miranda, embora esbarrem no que acabei de dizer. Em contrapartida, não houve justiça ao manter a volância, praticamente a mesma da Copa. Seria interessante ter pelo menos mais um nome diferente para iniciar a renovação do setor que praticamente sentenciou nossa sorte na Copa do Mundo. A mesma coisa sobre Hulk, que se mostrou um cara forte, bundudo, rápido, mas péssimo finalizador, dentre outras deficiências técnicas crônicas. 

Bom, gostei do Rafael no gol. Com 24 anos já tem Libertadores nas costas e se mostra bastante seguro. Sabemos que não será unanimidade. Aliás, foi-se o tempo de unanimidades ou titulares indiscutíveis na meta canarinho. Portanto, fique tranquilo. Pode chamar quem quiser para essa posição pois realmente a fonte de excelentes goleiros secou por ora.

Sobre Danilo e Alexsandro, ambos ex-Santos e laterais do Porto, não sei como estão a jogar mas eis bons exemplos de apostas válidas. Assim como Everton Ribeiro, Coutinho e até Ricardo Goulart. Só que sou obrigado a te cornetar. Chamou também o Willian. Assim, temos 87 meias que correm com a bola e, novamente, só o Oscar para cadenciar. Faltou mais um Ganso da vida para, eventualmente, saber como prender a bola, passar, lançar e não só correr, driblar e cavucar um espaço aqui ou acolá, entende?

Mas, fique frio, Dunga. Estamos só começando e muito trataremos sobre isso. Vai dar tudo certo, tenho Neymar, ops, certeza.

Tamo junto.



sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Liberta-me, por favor.

Quarta-feira foi a cerimônia de iniciação de um novo membro ao olimpo do campeões da Libertadores. Foi uma cerimônia tensa e que, por longos 90 e tantos minutos, deixou a dúvida no ar de quem seria o escolhido pelo conclave latino. A América clamava por um novo libertador e estava-se diante de dois times que realmente mereciam um trofeu para cada.

A um minuto de jogo, o Nacional Querido me carimba o poste cuervo. Que disparate! Uma jogada de extrema ousadia para um time que se notabilizou pela timidez ofensiva, deixando-a aflorar somente em situações extremamente pontuais ao longo de uma partida.

O Ciclón, tendo o Papa já estourado o terço após o precoce incidente, tentou colocar a redonda no chão e fazer valer a virtual superioridade técnica - que em termos de Libertadores não significa absolutamente nada - para buscar retomar o controle da situação ou mesmo de suas faculdades mentais.

No entanto, o que se via era um Nacional arisco, cheio de graça. Propuseram o jogo de maneira franca e deram-se o luxo de deferir tiros de fora da área de maneira até teimosa, como se tivessem de fazer a bola entrar na marra, o que é extremamente válido em uma final dessa magnitude. 

Ficou evidente que o fator cancha já tinha ido pras cucuias. O San Lorenzo batia cabeça no ataque e pouco produzia. O Nacional rondava a área adversária e, apesar do volume produzido, era pouco efetivo. Seria necessário um outro fator de desequilíbrio para resolver essa final. 

Em vez das triviais penalidades, optou-se pela imbecilidade. Na única vez no primeiro tempo que o Ciclón chegou com decência no ataque, o escanteio batido da direita encontrou Cateruccio na entrada da área na ponta esquerda. Do bico da grande área, o avante tenta alçar a bola na área. Coronel, na tentativa atabalhoada de interceptar, deixa os braços dançando no ar como um boneco de posto. Pênalti claro.

Ortigoza, que no olhômetro envergava uma bela camada de tecido adiposo pelo corpo, não bateu bem. Mas bem o bastante para deslocar Nacho Don e fazer o gol do título argentino. 

Foram preciso mais 45 minutos de aflição. Porém, em vez dos sustos constantes, a segunda etapa deu lugar a um Ciclón ciente do regulamento e da vantagem de se jogar em casa. A percepção dos meandros da Libertadores por Romagnoli ditou o rumo de um moroso final de partida com total controle pela banda de Boedo.

No duelo das camisetas sem lastro na Libertadores, venceu a que, talvez, merecesse um tanto a mais. É uma pena que os feitos desse Nacional Querido não puderam ser eternizados nessa edição. Quem sabe numa próxima. Agora, apenas se espera que o Papa se recupere bem após ter saído pela Santa Sé nu com fogo ateado ao corpo como uma maneira aceitável de extravasar e comemorar La Copa.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Brasileirão-14 - Rodada #14

A metade do Brasileirão vai chegando e a coisa vai ficando cada vez melhor.
Nessa jornada, o líder Cruzeiro não venceu novamente e já vê a trupe do G-4 encostar. Tivemos clássicos, tumulto na tabela e mudanças no Z-4.

Que o papo furado fique pra depois. Tai os destaques:


CERVEJA GELADA

INTERNACIONAL - Vencer é bom. Vencer o Grêmio é melhor ainda. Na estreia de Felipão, então, nem se fala! Assumir a vice-liderança e ver o líder a apenas 2 pontos é incrível! Foi tudo isso que ocorreu ao Inter nessa rodada. Vitória por 2-0 sobre o inimigo histórico, pulou para segundo lugar, largou o rival lá pro meio da tabela e mostra que o Brasileirão tá aberto sim!

CORINTHIANS - Outro que venceu clássico sob circunstâncias parecidas. O Timão foi à Vila e bateu o Santos por 1 a 0, gol de Gil, na reestreia de Robinho com a camisa do Peixe. O triunfo valeu mais que a 3ª posição com 27 pontos (1 a menos que o Inter, 3 a menos que o Cruzeiro), mostrou também que o time sabe superar a retranquice de Mano Menezes e a presença de Guilherme Andrade na lateral-direita.

FIGUEIRENSE - Dava o Figueirense por morto, condenado à Série B-15. Porém, a estrela que Argel - Aquele - Fucks tem em reorganizar times fadados à desgraça começa a brilhar forte agora na casamata do Figueira. A vitória sobre a Chapecoense em plena Arena Condá por 1 a 0 não afasta o fantasma do rebaixamento, que promete atormentar o clube até as derradeiras rodadas, mas tira a equipe do Z-4 por um momento, embora contabilize os mesmos 13 pontos da maioria dos integrantes da Zona da Degola cujo lanterna, Coritiba, soma 12 pontos. 


CERVEJA QUENTE

FLUMINENSE - Não aproveitou o empate do Cruzeiro para repetir o feito do Internacional. Empatou no Maracanã com o Coritiba, novo lanterna do Brasileirão, por 1 a 1. Se serve de consolo, a equipe ainda figura no G-4, com 26 pontos.

GOIÁS - Segunda derrota consecutiva do Goiás faz o clube despencar para 10º lugar com 20 pontos. Dessa vez, ainda que tenha atuado fora de casa, o adversário era o instável e ameaçadíssimo Bahia. O revés por 1 a 0 deixa o G-4 seis pontos mais longe.

BOTAFOGO - O Botafogo foi derrotado pelo Atlético Paranaense por 2 a 0 na Arena da Baixada. Até aí nada muito grave. Mas o Fogão já computa 3 jogos sem vitória, estacionou na parte inferior da tabela e hoje, pelos critérios de desempate, inaugura o Z-4. Promessa de fortes emoções para o coração botafoguense. 

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Por mais 90 minutos

Tudo que o homem médio quer da vida numa quarta-feira após um dia extenuante de trabalho é sentar em frente a televisão e assistir o futebol tranquilamente como se sua alma precisasse daqueles 90 minutos boleiros de alento para resistir bravamente até o fim de semana. Era tudo que eu queria ontem. Fui tolhido de exercer minha masculinidade por razões de força feminina, que me obrigava a buscá-la no aeroporto.

O maldito vôo chegava 21h. Nacional Querido e San Lorenzo começariam a batalha campal pela glória maior da Libertadores. Graças a um milagre dos céus, da Embraer, sei lá, consegui deixar Guarulhos pouco antes das 21:30. Com sorte, eu chegaria para o segundo tempo.

Adoro rádio. Adoro mesmo. Mas são todos uns desgraçados desinteressados no maior duelo da América. Todas as frequências apontavam para o mesmo modorrento Palmeiras x Avaí e a cada 5 horas lembravam-se de informar, em tom manifestamente inapropriado para a grandiosidade da partida, que o embate no Defensores del Chaco seguia 0-0.

Enquanto minha namorada discorria sobre a viagem, a audiência, o escritório, o céu, a terra, o luar, interrompeu seu monólogo para me fazer uma sugestão indecente: evitar a saída que claramente indicava SÃO PAULO-MARGINAL TIETÊ pois, segundo seu questionável conhecimento da geografia local e duvidoso senso de direção, havia uma outra saída adiante.

Óbvio que ela estava errada. Quando me vi diante de um comunicado formal da rodovia alertando que era o último retorno antes do pedágio percebi o equívoco que me tolhia sagrados minutos de futebol. Enquanto ajustava as coordenadas da nave para o caminho de casa, fiz um pacto com Cronos para que congelasse o tempo ou desse simbólicos 20 minutos de acréscimo para que, com o intervalo, eu pudesse me dar ao luxo de ver 45 minutos dessa final incrível.

Cansado, irritado, faminto, adentro o apartamento e corro para a televisão. 10 minutos do segundo tempo, 0-0. Corro na cozinha, deito uma meia dúzia de costelinhas no prato, espremo o limão de qualquer jeito por cima delas e volto para o quarto. Comida, futebol, puta merda, esqueci algo pra beber.

Jogo rolando e eu lá, confortável, mastiga aqui, vê a pelota correr pra lá e pra cá sem muito perigo para nenhuma das duas equipes. San Lorenzo del Papa melhor. Trabalha melhor a redonda, troca bons passes e circunda o campo de ataque com mais ousadia que os mandantes. O Nacional Querido seguia sua cartilha de defender-se muito e atacar somente quando insistentemente convidado.

Comer costelinha jamais será um ato limpo. A Libertadores também não é um torneio que se vence com um certificado da vigilância sanitária. E durante uma briga que eu travava com um pedaço de carne que insistia em não sair do osso eu olhava para outro ataque despretensioso dos cuervos. Os passes chegam à lateral e tome bola na área. Matos antecipa e de bate-pronto tira de Nacho Don.

Foi possível ouvir um grito ensandecido seguido de uma bateria de fogos na praça São Pedro. Tal fato é verídico porque ganhou eco nos Defensores del Chaco posto que somente se ouviam as gargantas argentinas no Paraguai. Larguei o osso resignado. Embora feliz pelo Papa, praguejei contra ele. Sabia que o San Lorenzo era melhor mas, caramba, era o Nacional Querido! Como não amar?

Terminei de comer e mantive os olhos nas tentativas desorganizadas do Nacional em tentar reverter o quadro de terror que se pintava. Os minutos passavam tão rápido quanto no carro uma hora atrás. Poucas ameaças paraguaias, contra-ataques eternos dos cuervos. Já iniciava colocar essa desgraça toda na conta dessa maldita viagem de trabalho que me fez perder não só 55-60 minutos de jogo, mas toda uma final sui generis.

45 minutos. Levo o prato na cozinha, balanço a cabeça negativamente e volto pro quarto. Entro no banheiro, encosto a porta e passo a divagar. Sou mestre em concentrar meus pensamentos em assuntos absolutamente aleatórios durante incontáveis horas. Começo a escovar os dentes já dando como certo o título cuervo. 

E estou lá pensando em algo tão importante como que gravata eu vou usar amanhã porque preciso acordar cedo para evitar o trânsito e que o San Lorenzo tanto merecia o título a ponto de ter o Papa como hincha e, puts, imagina só Ciclón e Real Madrid no Mundial, tal e coisa e eis que ouço ao fundo uma música. Uns tambores, um som estridente de algum ritual pagão sul-americano de uma tribo ainda a ser descoberta mas já familiar aos meus ouvidos. Corro para a tevê e vejo Júlio Santa Cruz - irmão de Roque - abraçado pelos seus companheiros.

Era um gol! Gol do Nacional Querido! Uma bola desesperada lançada na área acaba por se oferecer para Júlio completar para as redes e empatar o placar aos 48 minutos! O replay mostrava o tento da esperança em vários frames e, comemorei. Ergui a escova como um bastão, punhos cerrados e bradei um audível "IÉÉÉ!" alto o suficiente para que de 80 a 100% da espuma da minha boca fosse despejada entre minha camiseta e o chão do quarto.

O gol dá ao Nacional a esperança de jogar como gosta. Vai se defender ao extremo e atacar pontualmente desde que o San Lorenzo ofereça um latifúndio para tanto. Aos de Papa nem tudo está perdido. Os cuervos jogarão em casa, possuem um time mais técnico, mais equilibrado, com mais predicados e alternativas. São virtuais favoritos. Porém, estamos falando de Libertadores, d'A Libertadores. Previsões são meras especulações de uma gama infinita de possibilidades. Deito satisfeito. Haverá mais 90 minutos.


terça-feira, 5 de agosto de 2014

Empáfia, bipolaridade e outras drogas

Futebol é fascinante. A tensão que permeia o ar durante 90 minutos seja em um embate contra um rival tradicional seja em uma peleja contra algum enviado do inferno na forma de time inexpressivo do interior é indescritível. Ganhar é superlegal. Erguer taças, então, nem se fala. Nos confere o ápice do prazer esportivo como se tivéssemos penhorado nossas almas no campo. Mas a verdade nos é arremessada na cara tão logo os próximos 90 minutos iniciem. Estamos sempre a dançar na linha tênue da glória e do ostracismo toda quarta, todo domingo.

Todo prolegômeno do mundo não seria suficiente para tentar expor o que é torcer para um time bem estruturado, vencedor, tradicional, arrogante e de vanguarda cuja torcida insiste em julgá-lo a cada 90 minutos de jogo. Uma torcida apaixonada, acostumada com os louros da vitória e se vê sente na iminente necessidade de forjar ídolos e condenar jogadores ao exílio eterno duas vezes por semana. 

Essa bomba emocional atende pela torcida do São Paulo. É espantosa a capacidade dos adeptos comparecerem ao estádio previamente munidos de sua corneta e esperarem com mais ansiedade o momento de soá-las do que de comemorar um gol. Contudo, também merece a devida consignação que o próprio São Paulo ultimamente clama pela desaprovação popular.

Respaldada pela soberba de ter ido um tico mais além que uma meia dúzia de rivais, o São Paulo acostumou-se a acreditar que a camisa daria cabo de colocar o time constantemente na rota dos títulos. Tal pensamento gerou uma verdadeira caça às bruxas culminando com uma sequência assombrosa de treinadores degolados.

Por seu turno, muitos jogadores que aterrissavam em solo tricolor caíram na tentação de acomodarem-se diante da boa estrutura oferecida pelo clube. Entretanto, tal comportamento não passa batido por quem se dispõe a atravessar a cidade, comprar ingresso e encarar aquela friaca maldita das arquibancadas. Apesar as constantes renovações do elenco e do comando técnico, o São Paulo chegou em um ponto no qual sua bipolaridade o impede de seguir adiante.

Mesmo tendo conquistado a Sul-Americana em 2012, sobrevivido a uma temporada horrível ano passado e repatriado o comandante Muricy Ramalho, o São Paulo dá sinais que parou no tempo. Ou desaprendeu a ser uma equipe competitiva ou caiu nas mãos de pessoas despreparadas ou demasiado preguiçosas ou ainda teimosas o bastante para não perceber o óbvio ululante.

Poderíamos começar pelo estádio. Cobrir o Morumbi não vai fazer do estádio uma referência em modernidade nem adequar à realidade do futebol em que vivemos. A arquitetura grandiosa do estádio comporta 70-80 mil torcedores e nas raras vezes quando atinge sua plena capacidade (em torno de 60 e tantos mil) não gera a sensação de pressão no adversário e também deixa visíveis alguns buracos em certos setores.

O maldito processo de arenização dos estádios está se mostrando um mal necessário. A readequação do estádio para 40-45 mil torcedores aparenta ser mais que suficiente se a média de público do time bate nos 20 e poucos, 30 mil, ou nem isso. Além disso, se 20 mil torcedores forem ao estádio, conseguirá dar a impressão de estar mais cheio e eventualmente gerar mais pressão no adversário, o que não acontece com as arquibancadas de hoje que estão a poucos quilômetros da lua em relação ao campo.

Porém, o futebol é o que importa. O mau momento do Tricolor encontra culpados em todos os níveis. Vamos começar pela diretoria? Reforçar o ataque é bom. Foi uma estratégia ousada a aposta em Pato, a contratação de Alan Kardec para suprir a constante ausência ou omissão de Luis Fabiano, até aí, tudo certo. Só que o sistema defensivo do São Paulo como um todo é sofrível. Não é culpa exclusiva da zaga. Falta uma amarração melhor do sistema, faltam volantes mais combativos, laterais mais obreiros. Qual foi a atitude que Aidar tomou diante disso? Contratou Kaká. Outro meia avançado. 

É insano, sério. Nem se fosse o Kaká de 2007 essa contratação se mostra pertinente nesse momento. O mais razoável a fazer é buscar algum meio de fazer o time defender-se melhor, e aqui pulamos para outro culpado.

Apontar o dedo e cornetar o trabalho de Muricy no São Paulo virou tabu daqueles passíveis de excomungação tal como criticar uma falha ou apoiar a aposentadoria de Rogério Ceni. Porém, Muricy dá sopa para o azar. O treinador sempre foi conhecido pela regularidade defensiva. Foi assim em sua primeira passagem. 3 zagueiros, uns volantes voluntariosos, disciplina tática. Aí ele me começa a armar o time com surreais 3 atacantes, sendo que invariavelmente Osvaldo e Ademílson acabam por figurar no setor. 

Sério, isso tá virando caso de internação. Pelo menos Muricy se mostra atento e tenta consertar. A solução então foi voltar ao 4-4-2 e deixar o Ganso mais à vonts pra jogar. Tudo bem. Só que a meia-cancha continua mais fácil que baranga às 3 da manhã, caramba! Se ele está esperando o milagre da velotização do Maicon para ajustar a volância, pode esquecer.

Na última partida, Muricy lançou Denílson e, mesmo com Souza e Maicon - 3 volantes, portanto, ainda que com Maicon mais avançado - tropeçou novamente em casa. As constantes mudanças desse pós-Copa preocupam. Preocupam porque o time já perdeu um bom punhado de pontos em casa e sugere que todo o trabalho feito durante o Mundial não serviu de nada. É como se não soubesse o que fazer e está usando os jogos para treinar, fazer testes, quando seria o local adequado para trazer resultados (positivos).

Da mesma fonte de bipolaridade que bebe o São Paulo, bebem os jogadores. São incapazes de manter regularidade satisfatória ou de atuarem em nível aceitável. Alexandre Pato puxa a fila. Nos últimos jogos, não foi mal, verdade seja dita. Mostrou velocidade, criou oportunidades. Entretanto, abusou do direito de desperdiçar chances.

Ganso também evoluiu. Está mais participativo e carimba todas as bolas no meio-campo. Mas insiste em não chutar, não entrar na área, não buscar algo diferente em prol do time. Luis Fabiano está lesionado desde 2011. Osvaldo e Ademílson estão abaixo da crítica. A zaga individualmente não é ruim, porém a falta de colaboração do meio-campo expõe os equívocos de posicionamento de Antônio Carlos e a afobação de Rodrigo Caio em certos momentos.

Os outros, no geral, não fedem, nem cheiram e isso é pior que ter um jogador essencialmente ruim no elenco. É inadmissível que jogador profissional constantemente isolem os chutes de fora da área, errem passes primários ou não ofereçam alternativas de jogo (entenda-se "aparece pra receber, já que tá todo mundo espalhado escondido atrás da marcação").

Em tempo, nem Rogério deixou de ser contaminado. Entre uma intervenção aqui e ali, acabou por participar negativamente no gol sofrido contra o Criciúma.

Todo esse contexto caótico legitima a torcida a pregar o apocalipse jogo após jogo. Porque o São Paulo tem tudo e merece ter dirigentes antenados e competentes, um técnico mais perspicaz e jogadores eficientes. Não quero nem pensar o que vai ser quando a própria torcida perceber que esse comportamento é tão maléfico quanto ter Paulo Miranda como opção para a zaga.


segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Brasileirão-14 - Rodada #13

Outra rodada do Brasileirão-14 que se vai. Como sempre, destaques positivos e negativos na mesa! Se liguem:


CERVEJA GELADA

CHAPECOENSE - A Chapecoense acordou e esboça uma arrancada importante rumo a qualquer lugar que não seja a Série B ano que vem. Em casa, venceu o complicado duelo com o também ameaçado Flamengo. A vitória por 1 a 0 deixa os catarinenses com 14 pontos, 3 a frente do Coritiba, primeiro no Z-4. Além disso, empurrou o Mengão para a lanterna, empatado com Bahia e Figueirense, com 10 pontos.

FLUMINENSE - Aproveitou o empate do Cruzeiro (1-1 com o Botafogo) para encostar no líder. No Maraca, venceu o tinhoso Goiás por 2 a 0 e assumiu a vice-liderança, 25 pontos, 4 a menos que a Raposa. Com a meia-cancha de respeito que tem, vai incomodar bastante até o fim.

INTERNACIONAL - Também se beneficiou da cochilada do Cruzeiro. Recebeu o Santos e bateu o Peixe por 1 a 0, gol de Rafael Moura He-Man. Igualou os 25 pontos dos cariocas e volta à briga por alguma coisa na ponta de cima da tabela.


CERVEJA QUENTE

SÃO PAULO - Novamente decepcionou. 46 mil torcedores viram o Tricolor empatar com o Criciúma por 1 a 1. Embora tenha jogado relativamente bem, o São Paulo abusou dos gols perdidos e, numa falha de Rogério, teve que amargar outro tropeço em casa. Pontos que farão falta e não voltam mais.

PALMEIRAS - 7º jogo sem vitória. Dessa vez, mereceu estar aqui. A partida era no Pacaembu contra o desesperado Bahia. E o Palmeiras empata por 1 a 1, soma seu 14º ponto e já começa a vivenciar a tensão do risco da degola. O perigo voltou e é real.

SPORT - O Sport, assim como o Goiás, está sendo uma grata surpresa nesse Dilmão-14. Porém, foi visitar o Figueirense, que está estacionado no Z-4 desde o big bang desse campeonato, e levou sonoros 3 a 0. A ver se essa derrota vai significar o início de uma indesejada derrocada.


quinta-feira, 31 de julho de 2014

A surreal Libertadores da fé

La Copa chega ao seu final. Restam somente os últimos dois embates épicos que hão de consagrar um novo campeão. Uma inédita final para os participantes. Um frio estranho na barriga de vivenciar este momento tão esperado, almejado, mas não sem deixar de sentir algum remorso por ali estar, como se o panteão sagrado da América a ser gravado na base da taça mais emblemática do planeta fosse um louro maior que o próprio clube.

É realmente complicado escrever. Às vezes não percebemos que a história está acontecendo aí na nossa cara e simplesmente permitimos que isso passe batido para, somente no futuro próximo, percebermos a grandiosidade daquele momento então tão natural.

Tentei profetizar o apocalipse dizendo que não teríamos um campeão brasileiro. No entanto, jamais consideraria que nenhum de nós sequer alcançaria as semifinais com 4 equipes que nunca haviam chegado tão longe. 4 times que disputariam o direito de jogar sua primeira final de Libertadores. 4 times mais que azarões, zebras mesmo.

Quis o destino que os dois piores segundos colocados classificados para este surreal mata-mata despachassem seus rivais para travarem o duelo final da Libertadores. 

Surrealismo. Por certo a Libertadores-2014 criou toda a atmosfera favorável para que víssemos tudo aquilo que rolou na Copa Padrão FIFA e, agora, com o jarro já vazio, coloca na conta da fé de cada um dos finalistas.

A final entre Nacional Querido e San Lorenzo del Papa vai testar a fé de muito ateu fervoroso. Isso porque a maneira como essas equipes chegaram até aqui desafiou a lógica e em muitos momentos até a física.

Como explicar o gol que Herrera, do Defensor, perdeu? Embaixo das traves, goleiro batido, pequena área, 45 do segundo tempo e a bola caprichosamente explodir no travessão? É razoável dizer que o San Lorenzo bebeu na fonte alemã da Copa do Mundo para abrir um magro 5 a 0 no jogo de ida? Veem? São coisas bizarras convergindo para um mesmo fato: a final.

Há um virtual favorito e tende a ser o San Lorenzo. O Papa não é o principal fator de desequilíbrio. Ter eliminado Grêmio e Cruzeiro com frieza e ter despachado o Bolívar com truculência acima do normal revelam uma equipe mais equilibrada e um tiquinho superior ao Querido Nacional. (Em tempo, a derrota por 1 a 0 na Bolívia sob o efeito do viagra deu-se de modo agradável e sem dramas)

Contudo, do outro lado está o desgraçadamente copeiro Nacional Querido. Se o San Lorenzo é um time grande (o único dos gigantes argentinos) sem La Copa, o Nacional paraguaio é um time médio. Hoje vive dias melhores mas, ainda assim, em tese, fica bem atrás de Olímpia, Cerro Porteño, Libertad, por exemplo.

Mas voltando. O Nacional tinha que ser pego pra estudo. Em casa, o time se organiza bem atrás e dá suas escapadelas no ataque. Conquista seus placares magros para que no segundo jogo simplesmente abdique do ataque para se defender por longos e cardíacos 90 minutos. Contra o Defensor não foi diferente. O time tomou sufoco do primeiro ao último minuto e segurou dignamente a derrota por 1 a 0.

Essa final é tão imprevisível quanto, sei lá, jogo do bicho. Nem por isso fico no muro. Aposto no San Lorenzo del Papa. Mas Seo Chico que me desculpe, sinto-me obrigado a torcer pelo Nacional Querido. 




terça-feira, 29 de julho de 2014

Brasileirão-14 - Rodada #12

Outra rodada que se vai.

Desnecessário dizer que o Cruzeiro venceu de novo - uma goleada massacrante sobre o coitado do Figueirense por 5 a 0 - e continua sobrando no Brasileirão.

Um bom punhado de resultados interessantes mexeram bem com a zona próxima do G-4. Já o Z-4 pouco mudou.

Bora pros destaques:


CERVEJA GELADA 

CORINTHIANS - Venceu o dérbi contra o Palmeiras no primeiro clássico do Itaquerão. Incontestáveis 2 a 0 mantém o Timão na vice-liderança com 23 pontos, 5 a menos que o Cruzeiro. Os gols foram de Guerrero e Petros.

GOIÁS - Dá pinta de que vai brigar para ser um intruso no brigado G-4. Na imensidão do Serra Dourada, bateu o São Paulo por 2 a 1 e além de ultrapassar o Tricolor na tabela (goianos pulam para 20 pontos, 2 atrás do G-4 e 1 a frente do SPFC), jogou água no chope dos paulistas que celebravam a reestreia de Kaká, autor do gol de honra. 

VITÓRIA - Visitou o Criciúma e trouxe preciosos 3 pontos do hostil Herberto Hülse. O triunfo por 3 a 1 tira o Vitória do Z-4 e, para completar a "festa", empurrou um velho conhecido para a degola...


CERVEJA QUENTE

BAHIA - Um dos grandes perdedores da rodada. Derrotado em casa para o Inter por 1 a 0 graças a um frango terrível de Marcelo Lomba em chute de Wellington Silva. O revés custou caro ao Bahia. O Tricolor foi superado pelo rival Vitória e agora ocupa o Z-4 em seu lugar.

PALMEIRAS - Perder um clássico é normal. Mas um time como o Palmeiras acumular o 6º jogo sem vitória preocupa. Só para lembrar, o Z-4 está a apenas 3 pontos de distância.

GRÊMIO - Novamente o Grêmio falhou em casa. Embora Barcos tenha desencantado e marcado 2 gols, o Imortal viu Zé Love igualar o feito do Pirata e permitiu que o meia Alex, aos 48 do segundo tempo, virasse para o Coxa, que segue sob o risco da degola. 


quinta-feira, 24 de julho de 2014

La Copa de todas las Copas

Tão indefectível quanto meu portunhol é o fato desta Libertadores ser a mais surreal desde, pelo menos, 1992, tendo-se em conta a ampla pesquisa realizada pelo renomado Centro de Pesquisa e Estatística do Impedimento.

Embora ausentes a Rede OM Brasil, o Criciúma e Marcelo Bielsa, a Libertadores-2014 cativa por oferecer seus louros a um campeão inédito já em sede de semifinal. Vale dizer que nenhuma das quatro equipes havia chegado tão longe de modo que o vice terá um novo marco histórico a superar. 

Essas semifinais seguiram a política democrática da Conmebol em angariar novos sócios para seu clube de campeões. Com isso em mente, sentam-se à mesa de Justus a altitude boliviana, o Nacional Querido, o Papa e um uruguaio que não é nem Nacional, nem Peñarol. 

Confesso que nunca imaginei estar diante de uma competição na qual gostaria de ver os quatro campeões.

Bom, chega de papo furado. Terça e quarta foram disputados os jogos de ida. Se liguem no que rolou:


NACIONAL QUERIDO 2 x 0 DEFENSOR - Nada pode ser mais querido que o Nacional. Desde que debutou no mata-mata os paraguaios sorveram-se fartamente na fonte da copeirice. Tanto, mas tanto, que podem sonhar alto com o título. Nem mesmo a parada para a Copa foi capaz de abalar o excelente momento da defesa nacionalófila. Azar dos Violetas, pois o Nacional, como se não bastasse o busão Foz-Ciudad del Este estar devidamente estacionado em frente a área, soube ajustar seus ponteiros lá na frente. Prova disso é a vitória por 2 a 0 ter custado barato ao Defensor. Apesar da penca de gols perdidos, essa vantagem pode ser suficiente para levar o Nacional à final. 

Contudo, do outro lado tem uma equipe que já deu aula magna de artes cênicas ao fingir-se de morta e enganar o coveiro diante do The Strongest. Naquela ocasião deu-se exatamente o mesmo. Derrota lá por dois gols, devolução do resultado em casa, com a tomada da vaga nos pênaltis. O bom ataque violeta deu tilt nesta partida. De Arrascaeta esteve um pouco abaixo. Gedoz, o mais lúcido da equipe, carimbou a trave mas não teve forças para carregar outros 10 companheiros. Nem o talismã Nico Oliveira diminuiu a contagem. 

Não mudo meu palpite (Defensor), mas a consistência defensiva nacionalófila me fazem crer que já errei.


SAN LORENZO 5 x 0 BOLÍVAR - É possível afirmar com alguma segurança que a última equipe que abriu 5 ou mais gols na semifinal acabou campeã do torneio então em disputa. Em termos de Libertadores não dá para se cravar tal prognóstico, no entanto, podemos descer do muro com certo conforto e dizer o que salta aos olhos: O Papa está na final. 

Na busca de explicações para o atropelamento, fico com a versão extra-oficial emitida pela assessoria de imprensa do Sumo Pontífice a qual sugere que Seo Chico realizou uma novena excepcional ao longo daqueles 90 minutos, aparentemente com evidentes segundas intenções.

Goleadas, principalmente a essa altura do campeonato, ao meu ver, devem ser analisadas isoladamente uma vez que não se trata de praxe corriqueira. Todavia, não tem como não olhar para esse resultado, checar os demais convidados para esta festa VIP e ponderar que pode ter sido um sinal divino de atendimento aos pedidos de Francisco.


quarta-feira, 23 de julho de 2014

O Conde da Granja Comary

Dunga voltou. Aquela coletiva água-com-açúcar não me engana, não. Os sorrisos e comentários descontraídos - por vezes até revidados por um ou outro jornalista - não vão me enganar, Dunga. Eu sei que por trás daquela cara de "rá! olha quem voltou?! chupa todo mundo!" tem um sujeito carrancudo e sedento por vingança. E no que precisar, meu chapa, tamo junto!

Sei que sou minoria. Somos poucos mas estaremos contigo. Esquece esse papo de torcida padrão FIFA ou de patriotismo de Copa do Mundo. O que eles querem é comemorar uma estrela no peito ou queimar culpados na fogueira em caso de derrota. Estou falando de torcida mesmo, aquela parada que só sentimos pelo nosso time do coração.

Lembra o caminho até 2010, Dunga? Lembra? Puta merda, meu amigo, você e aquele seu Catado Mecânico me levaram à loucura! Seu estilo me cativou. Resgatou meu amor pela Seleção que estava em coma profundo desde 1994. Juro, Dunga, eu nunca me recuperei bem do fiasco de 96, por isso perdi totalmente o encanto da equipe da CBF/Nike, mesmo com o penta anos depois.

Tua postura de trancar treino, boicotar privilégios, manter jogadores de nível médio e pra lá de duvidoso em prol do grupo e de um sistema de jogo que estava longe de ser futebol-arte, mas era letal, enfim, fazer com que no meio de tanto business a Seleção jogasse com traços de garra e vontade, cara, foi foda.

Aliás, esse papinho saudosista de futebol-arte é uma grande bobagem. No fundo, queremos vencer não importa como, a que custo. Ficar tocando bola pra lá e pra cá é, literalmente, bonito? Nem a pau! Mas gostam de lamber o saco da Espanha porque dominaram seus jogos, envolveram os adversários e convenientemente esquecem que sua campanha foi bem enxuta ofensivamente. 

É bem verdade que essa Alemanha aí é diferente. Além de tocarem bem a bola, sabem como atacar e fazer o tal "futebol-arte" que jornalista adora encher a boca pra falar. Eu mesmo gosto muito dessa geração alemã. Reconheço nela uma versão modernista de futebol-arte não somente pelos acachapantes 7-1 ou pela forma como construiu a campanha do tetra. É resultado de muito comprometimento, estudo, dedicação...trabalho mesmo, sabe?

Só que estou preocupado, Dunga. Temo que não temos jogadores para te ajudarem nesse re-resgate da Seleção. Não há mais Elanos para laborar com afinco na meia-cancha. Nem os Robinhos ou Júlios Baptistas da vida que, sabe-se-lá-como-ou-por-que, insistiam em fazer bons jogos com o manto amarelo de modo a acumularem convocações merecidas pelo que produziam juntos, independente do que faziam ou deixavam de fazer onde jogavam.

Agora você vai ter um indispensável Neymar. Não esquente com quem se preocupa em como jogaremos sem ele. Todo mundo sabe que a Argentina depende de Messi, Portugal de Cristiano Ronaldo, a Colômbia de James Rodríguez, ou seja, é óbvio que é complicado. Evidente que qualquer time perde sem seus grandes astros. Porém, tente treinar aí algum plano B, pra acalmar o povo que clama pela sua cabeça há 4 anos.

Não me importa se você vai ficar de bem com a imprensa, nem se vai continuar convocando o Fred, o Hulk, o Ramires, seja quem for, só me prometa que vai colocar em campo 11 homens. 11 indivíduos capazes de entender que futebol exige respeito com o jogo, com o adversário e com os fãs. 11 atletas que deixem algo além de suor, chuteiras coloridas e penteados excêntricos em campo. Você me deu um voto de confiança para acreditar na Seleção, Dunga. Agora chegou a hora de retribuir esse trato. O hexa começa agora.



segunda-feira, 21 de julho de 2014

Brasileirão-14 - Rodada #11

11 rodadas e 33 pontos em jogo se foram. Essa rodada prestou um pequeno desserviço ao campeonato. O líder já ensaia seu distanciamento natural da ralé, em que pese a briga pelo G-4 esteja fervendo. Lá embaixo, bom, a coisa segue feia e indefinida, ainda bem.


CERVEJA GELADA

CRUZEIRO - Creio que essa será a última vez que coloco o Cruzeiro no "Cerveja Gelada". Afinal, toda rodada eles estão aqui! Como todo mundo sabe que o Cruzeiro deve deitar e rolar nesse Brasileirão, guardemos os louros para a rodada que vier o título. Sim, falta muito ainda, mas parece bem perto da Toca da Raposa novamente. Ah, os três pontos da vez vieram contra o Palmeiras, no Pacaembu, triunfo por 2 a 1.

ATLÉTICO PARANAENSE - O Furacão engatou a terceira vitória consecutiva no Brasileirão e alcançou o bando dos 5 clubes que hoje contabilizam 19 pontos. Os 2 a 0 sobre o Criciúma, bom destacar, colocam o Atlético no G-4.

GRENAL - A dupla gaúcha venceu e ambos integram a patota dos 19 pontos. O Inter aplicou impiedosos 4 a 0 no Flamengo, ainda lanterna. E o Grêmio venceu o Figueirense, fora de casa, por 1 a 0.



CERVEJA QUENTE

SÃO PAULO - Mais de 40 mil torcedores presenciaram o vexame tricolor no Morumbi. A derrota para a Chapecoense por 1 a 0 deixou o São Paulo 6 pontos atrás do líder e fora do G-4. 

ATLÉTICO MINEIRO - Empatou em casa com o Bahia por 1 a 1. Está perto da bagunça mas se tivesse feito a lição de casa poderia tumultuar mais a tábua de classificação.

AGRESSÃO - André Santos, lateral do Flamengo, foi agredido por torcedores do seu time após o atropelamento sofrido contra o Inter. Sempre lamentável. Por mais que o momento do jogador seja ruim, não vai ser meter porrada no camarada que vai fazê-lo jogar bem. A tendência é que seu rendimento caia ainda mais. Aliás, não é improvável que todo o time sinta o baque pelo colega e faça o Flamengo iniciar uma bela arrancada rumo à Série B.


sexta-feira, 18 de julho de 2014

Brasileirão-14 - Rodada #10

A Copa do Mundo é igual aquela ex-namorada-amante-caso-o-que-for que aparece de tempos em tempos, rola uma recaída, a gente jura que não vai mais acontecer mesmo sabendo que vai e esperamos com uma certa expectativa esse dia.

Nosso amor de verão - ou inverno, para os mais meteorologicamente críticos - se foi e voltamos aos braços da nossa amada.

A 10ª rodada do Brasileirão foi boa e já causou certa bagunça na tabela logo de cara.

Eis os destaques:


CERVEJA GELADA

SPORT - Na Ilha do Retiro, o Sport bateu o Botafogo e manteve a equipe carioca flertando perigosamente com o rebaixamento. Mais que isso, os pernambucanos enfileiraram mais destaques! A começar pelo golaço de Neto Baiano. Pouco depois do meio-campo, fez o tal gol que o Pelé não fez. Encobriu o goleiro e fez o senhor gol da partida. E vai além. A vitória colocou o Sport no G-4, exatamente na 4ª posição, com 17 pontos.

CRICIÚMA - Às vésperas da Copa, o Criciúma perdeu 3 pontos no tapetão, sabiam? Pois é. Pela escalação irregular de Cristiano na derrota para o Goiás por 1 a 0 lá na segunda rodada. Mas, tudo bem, quem tem Paulo Baier pode dormir tranquilo. O Tigre recuperou com juros esses 3 pontos em grande atuação do interminável meia, autor de dois gols e uma assistência precisa na vitória por 3 a 2 sobre o Fluminense, em Santa Catarina. Os carvoeiros voltam aos 11 pontos, 4 à frente do Z-4, e vão para a 13ª posição.   

LÍDERES - O Cruzeiro segue nadando de braçada. Manteve sua vantagem de 3 pontos para os vice-líderes ao bater o Vitória por 3 a 1, no Mineirão. Ricardo Goulart guardou um, salvou meu cartola e assumuiu a liderança da artilharia com 6 gols. Fungando no cangote da Raposa chegam Corinthians e São Paulo, empatados com 19 pontos. O Timão finalmente venceu na sua nova Arena! 2 a 1 sobre o Internacional, que despencou para 8º. Já o Tricolor foi encarar o Bahia e trouxe 3 pontos da Nova Fonte (de gols) Nova. 2 a 0, com gols de Rogério Ceni, de pênalti, e outro do estreante Alan Kardec.

SANTOS - Menção honrosa ao Peixe! Venceu o clássico contra o Palmeiras na Vila Belmiro por 2 a 0, gols de Bruno Uvini e Alisson. O Santos encosta no G-4, em 5º, mesma pontuação de Sport. 



CERVEJA QUENTE

CORITIBA - Recebeu o Figueirense e deu uma força para o ex-lanterna do Brasileirão. Perdeu por 2 a 0 e ainda viu o ex-lanterna igualar os 7 pontos, mas ultrapassá-lo na tabela pelos critérios de desempate. Interessante que todos no G-4 possuem 7 pontos com somente 3 times à frente numa distância de menos de 3 pontos. Ou seja, nada está perdido e vem tumulto do bom por aí.

FLAMENGO - Nesse Brasileirão tudo indica que o Mengão será figurinha carimbada aqui no Cerveja Quente. Derrotado em casa para o Atlético Paranaense, 2 a 1. Perdeu Samir, autor do gol, machucado. Para piorar, assumiu a lanterna do campeonato! Nuvens negras na Gávea! O risco de rebaixamento começa a se mostrar razoável.

GRÊMIO - Empatou em casa por 0 a 0 com o Goiás. Nem a estreia de Giuliano ajudou o Tricolor Imortal a acompanhar a evolução na parte de cima da tabela. Essa oscilação já permite dizer que o G-4 será o céu gremista esta temporada.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Todo carnaval tem seu fim

Os dois últimos dias de Copa não poderiam ser menos surreais que tudo aquilo que aconteceu no último mês por aqui. 

O mini-atropelamento promovido pela Holanda na disputa pelo terceiro lugar foi a última pá de cal sobre nossas cabeças. Incontestáveis 3 a 0 numa Seleção que se perdeu em algum lugar entre o segundo tempo da partida contra a Colômbia e o início do jogo com a Alemanha.

Novamente jogamos mal. O abatimento era esperado, óbvio. Contudo, um abatimento tamanho a ponto de permitir uma nova derrota sonora ninguém esperava. Cada um de nós esperava que se fosse para perder, que fosse lutando, jogando dignamente. Pfff...

À medida em que a Holanda abriu fáceis 2 a 0 ficou no ar a iminente goleada que não veio. Mortos e visivelmente perdidos, o Brasil sequer esboçou ameaçar o adversário. Outra partida ridícula para coroar um catado capaz de sofrer 10 gols e 2 jogos.

Enquanto cambaleamos à procura de um rumo e tentamos encontrar um remédio para essa doída ressaca, voltamos nossas atenções para a grande final. 

Para nossa alegria - ou sorte - a Alemanha confirmou o favoritismo virtual que a trouxe até aqui. 

Uma final tensa, bem (ou mal, a depender do ponto de vista) disputada. A Alemanha esteve muito abaixo de seu potencial real e contou com a proteção de todos os orixás baianos. Somente eles podem ter feito Higuaín perder um gol daqueles. Aliás, o que mais poderia explicar a bola de Messi ter triscado a trave e não ter entrado por milímetros? E aquela pane cerebral que Palácio sofreu na prorrogação justo na área, frente-a-frente com Neuer?

Surreal. A Argentina, que se resumia a Messi e mais 10, levava mais perigo efetivo àquela Alemanha moderna e letal. 

Mas história é história. Schürrle, bem limitado ao meu ver, depois de perder boa chance, puxou um ataque pela esquerda e cruzou. A pelota encontrou o gigante Götze, de assustadores 1,70m aproximadamente. Livre no meio da zaga, o garoto matou no peito e, de canhota, livrou nossa cara.

O gol de Götze premia o trabalho bem feito. Comprometimento e seriedade resgataram o futebol alemão. Prova disso foram as constantes presenças nas fases decisivas dos campeonatos que disputou. O investimento na base e consciência de que o resultado não virá a curto prazo. A manutenção da filosofia de jogo, de trabalho, desde a presença de Low como técnico a quase 10 anos até ver que Neuer, Lahm, Schweinsteiger, Özil, Podolski, Khedira, Klose, Kroos estão jogando juntos há um puta tempo. 

Götze botou um sorriso de alívio em nossa cara. A Alemanha nos havia imposto a maior vergonha de nossa história, ora! Esse feito corria o risco de ser potencializado com um eventual título argentino em solo brasileiro. Dá pra ter noção disso? 

O apito final tirou o peso de nossas costas, porém não o desgosto. Esse título alemão nos escancara o que está errado em nosso futebol e, ao mesmo tempo, indica a fórmula de como fazer as coisas de um modo decente, competente. 

Agora deixa eu dormir. Obrigado, Alemanha! Obrigado, Götze! 






quinta-feira, 10 de julho de 2014

Inexplicável

Eu ainda não sei o que aconteceu ou o que pensar. Dentro de uma derrota dessas, 7 a 1, é da nossa natureza buscar justificativas e explicações minimamente plausíveis para nos confortarmos. Na onda justiceira que passamos, a trupe de caça a culpados também está a postos. Até aqui, Felipão vem sendo o grande bode expiatório. Há tantos outros, é verdade. Mas é certo que não há muito o que ser dito, em que pese nossa eterna mania insistente de tentar.

O placar em si abre uma gama infindável de "se". Se o Neymar isso, se o Thiago Silva aquilo, se o Felipão escolhesse Fulano em vez de Beltrano, se o Fred não sei o que. Só que o resultado está aí e temos que trabalhar com o que temos. Isto posto, a primeira grande certeza - que só pode ser empiricamente comprovada com a bola rolando - é que Scolari cagou.

Num primeiro momento me iludi, confesso. Pensei que a entrada de Bernard, por mais improvável que fosse, talvez se configurasse a mais razoável considerando sua velocidade e habilidade serem as mais anos-luz próximas as de Neymar. A aposta de Felipão na manutenção da distribuição ofensiva e no modus operandi da defesa que, mesmo com a constante oscilação da equipe durante os jogos, bem ou mal, funcionava, me fez dar ao treinador 11 minutos de crédito.

O erro ganhou proporções astronômicas diante do óbvio ululante. A Alemanha era mais forte no meio-campo tanto tecnicamente quanto fisicamente. Além disso, isolou Bernard na ponta, largou Oscar sozinho no meio para marcar como não sabe e criar/apoiar como não conseguiu durante toda a Copa. Ou seja, quis manter a tática mudando a tática, o que nada mais é, em português claro, do que uma puta cagada. 

Toda essa conjuntura de más escolhas também passa pela inversão de posição de David Luiz. Isso pode explicar seu erro no primeiro gol alemão. Escanteio batido, a movimentação do cada-um-no-seu falha, Müller recebe sozinho e manda pro gol. Em seguida, uma série de erros em cadeia resultam numa goleada-relâmpago inacreditável.

Fernandinho erra a antecipação na jogada do segundo gol, Marcelo não dá combate, Maicon não acompanha Klose, gol. Cruzamento no setor de Marcelo, a bola atravessa o universo até encontrar Kroos livre. O defensável chute - já que Júlio César chega a tocar na bola - entra. De resto, como explicar os gols surgindo em progressão geométrica com direito a tabelinhas dentro da nossa área? Precisa falar do sexto gol e do chute despretensioso que culminou no sétimo? 

Oscar ainda teve a pachorra de fazer um gol. E o maldito costume nos obriga a chamá-lo de "gol de honra", é mole? 

Lá se vão quase dois dias do ocorrido e ainda não sei como reagir, o que pensar. Tudo parece demasiado simplório. Jogar a culpa toda no Felipão, na má jornada dos jogadores, na lesão do Neymar, no PT, nas estrelas. O Brasil tomou 7 a 1, em casa, a maior derrota da sua história, o meu Maracanazzo e eu realmente não sei por que isso aconteceu, como aconteceu ou mesmo como eu deveria reagir a isso.

Há um turbilhão de emoções que passeia entre a humilhação, a raiva, a incredulidade, a resignação até se perder num enorme vazio. Vai ver todos esses sentimentos se anulam com intuito de servir (ou pelo menos deveria servir) de incentivo para analisarmos definitivamente tudo que acontece no nosso futebol, identificarmos os pontos críticos e promover uma reformulação definitiva.

Quem sabe seja isso. Agora é o momento de buscar resgatar o futebol para que volte a ser mais futebol e menos business. Apontar, por exemplo e a princípio, onde estão os principais equívocos na formação dos jogadores e por que eles são tão mal desenvolvidos taticamente e, sobretudo, tecnicamente. Afinal, o caboclo só pensa em encher o rabo de dinheiro e jogar na Europa ao mesmo tempo que ele mal consegue chutar decentemente com ambas pernas. 

Lá no fundo sabemos que dentro desse jogo brutal de interesses negociais instalado ferozmente nos meandros boleiros tal ideia é mera utopia. No entanto, é preciso tomar alguma providência - aliás, qualquer providência - não somente para que outra humilhação dessas não se repita. Mas para que algo seja feito como prova de que aprendemos com as imbecilidades da vida e estamos realmente interessados em resgatar nossa dignidade futebolística perante o mundo. 

segunda-feira, 7 de julho de 2014

A dois passos do paraíso

Estamos a dois jogos de conhecer o novo campeão mundial. Podemos levantar o hexa em casa e exorcizar o fantasma do Maracanazzo. Ou ver a Argentina conquistar o tri em nossas terras. Quem sabe o tetra alemão ou o título inédito da Holanda.

Pra variar, eis meus pitacos. E seja o que deus quiser.


BRASIL X ALEMANHA - Em meio a tantos palpites furados, minha aposta em ver o Brasil entre os quatro melhores se confirmou. Aos trancos e barrancos, aqui estamos. Perdemos Neymar. E não teremos o ótimo zagueiro Capitão Chorão, suspenso. Teremos (?) Fred, o instável Oscar, o imprevisível Hulk e sabe-se-lá-quem no lugar de Neymar. Talvez Bernard. Possivelmente William. Provavelmente Daniel Alves na lateral e Paulinho mantido no time formando uma trinca de volantes. Independente da escolha de Felipão, novamente o emocional, o psicológico dos jogadores e todas nossas velhas deficiências irritantes serão postas à prova contra os alemães. 

Alemanha. Ah, Alemanha. Regular, cirúrgica e bipolar. Capaz de golear Portugal, passar sufoco contra Gana, sofrer para bater a Argélia e eliminar a França de maneira protocolar. É uma Seleção segura, sólida. Mesmo quando deu asas à bipolaridade foi bem. Sua maior preocupação é se Lahm vai jogar na lateral ou no meio-campo, e onde ele jogar, vai corresponder. Isso lá é problema? Sem grandes astros mas com bons jogadores em cada posição. Vive um bom momento e chega fortalecida nessa semifinal. O triunfo sobre os franceses veio na boa, sem muita emoção. Levou alguma pressão no final, desperdiçou uns contra-ataques mas longe de ser uma partida cardíaca.

Estamos no limite. Fred pode desde desembestar a marcar 3 gols amanhã a repetir as atuações pífias de praxe. Dante é bom zagueiro, porém, nada paga o entrosamento de Thiago Silva e David Luiz. Minto, paga sim, pergunta lá pro PSG. Oscar fez aquele gol perdido contra a Croácia e só. E, sem Neymar, a reação da equipe em campo é inimaginável. A perda de força ofensiva, onde tudo passava pelo garoto, é evidente. Não duvido que o Brasil jogue para não perder. Jogue por uma bola. No contra-ataque, quem sabe. Por outro lado, lembro, mais uma vez, que a Alemanha está batendo na trave desde 2002. Será sua terceira semifinal de Copa do Mundo consecutiva. Perdeu as outras duas. Por essa sina maldita não me faz crer que a Alemanha novamente ficará fadada a disputar o terceiro lugar.

Palpite: Brasil 0-2 Alemanha


HOLANDA X ARGENTINA - Não levava muita fé nessa Holanda aí. E eis que chegam novamente nas semifinais. Esbanjaram força na fase de grupos. No entanto, deram sinais de fraqueza nesse mata-mata. A bela virada contra o México mascara o mau jogo que fizeram. Já nas quartas, o contrário. A Holanda martelou, martelou, carimbou a trave três vezes, Navas fez 786 milagres, só que não teve jeito: precisou dos pênaltis para despachar a Costa Rica. 

A Argentina está diferente. Esperava-se que Messi seria o líder de um ataque avassalador, intimidador e insinuante, capaz de limpar a barra daquela defesa meio medonha que ostentam de uns bons anos pra cá. Mas, curiosamente, em que pese Messi estar sendo decisivo com passes ou gols, seu desempenho vem bem abaixo do que se esperava. Sim, dele esperávamos um pouco mais que gol ou assistência no final do jogo. Queríamos mais gols e jogadas desconcertantes. O ataque não encanta, ao passo que a defesa dá seus sustos mesmo sendo forçoso reconhecer sua eficiência. Os hermanos tiraram Suíça e Bélgica na conta do chá. Dois protocolares 1-0. 

O lance é que eu não acredito nessa defesa argentina. Permaneço com aquela impressão de que cedo ou tarde vão entregar a rapadura como foi exaustivamente levantado por vários profetas do apocalipse. A rigor, será o primeiro grande teste dessa zaga no Mundial contra um ataque veloz e perigoso, à atual maneira holandesa, claro. Messi vem atuando de maneira estranha. Parece recusar o protagonismo que lhe foi conferido por natureza, ao mesmo tempo em que segue genialmente decisivo. Por seu turno, a Holanda vem no velho estilo de quem se faz de morta para enganar o coveiro. Compacta atrás, perigosa na frente. Sei não, vem barulho grande aí. 

Palpite: Argentina 1-2 Holanda

O direito ao fracasso

Última semana de Copa. Passada a euforia dos jogos das quartas e já sentindo na pele a ansiedade pelas semifinais vejo que a aura de dúvidas e questionamentos que perambulou a Seleção durante todo o Mundial acaba por criar o clima perfeito para que o Brasil tenha o direito de perder, fracassar. Tudo isso, claro,  só nos foi possível enxergar graças à joelhada de Zuñiga. 

Todo nervosismo foi deixado de lado dentro do campo. Temporariamente. Paulinho herdou a vaga de Luiz Gustavo, suspenso, e Maicon veio reforçar a lateral no lugar de Daniel Alves. E Thiago Silva parecia predestinado à glória e redenção quando marcou logo aos 6 minutos. À frente do placar, a Seleção conseguiu de certo modo neutralizar bem as investidas cafeteras com sucesso.

David Luiz, de falta, um golaço, ampliou aos 22 do segundo tempo e, finalmente, parecia que o Brasil tinha se encontrado. Era aquela vitória para dar moral e passar aquele recado ao mundo de quem manda nessas bandas. Até mesmo aquele cartão amarelo bobo para o Capitão Chorão minutos antes não seria mais sentido.

Mas, àquela altura, perdido por 2, perdido por 10. A Colômbia se lançou ao ataque e o tal James Rodríguez diminuiu, de pênalti, aos 34. 

Dali em diante o Brasil não foi mais Brasil. Apesar da gana em se defender, os contra-ataques eram incrivelmente descoordenados, burros mesmo. Durante a eterna briga naqueles minutos infinitos de deus-nos-acusa, a bola se ofereceria para Neymar. Zuñiga chegou forte, por trás, para matar o lance potencialmente fatal. 

Enquanto Oscar carregava a bola inutilmente para o ataque até que a defesa colombiana desse cabo da situação, Neymar estava estendido no chão. Dessa vez não era mais uma valorização da falta, que passou impune. Não pela lei da vantagem, correta, mas bem que o juiz poderia ter voltado lá e levantado o amarelo pela truculência exagerada.

A fratura na terceira vértebra lombar tira Neymar da Copa. O jogo acabou, o Brasil classificou e não há mais Neymar. Malhar Zuñiga, além de burrice, é desvio de foco para nossos problemas. Falta feia mas de jogo. Acontece toda hora. Todo marcador brucutu vem e dá o tranco. O joelho levantado ou abaixado não importa. Era um contra-ataque, a bola vinha ali pronta a ser dividida, enfim. 

Não ter mais Neymar, único diferenciado do elenco, alimenta aquele sentimento esquecido 20 dias atrás de que não somos imbatíveis. Sabemos o quanto Fred é um cone inoperante no ataque, nos acostumamos a odiar os apagões de Oscar e a tremer nas bases a cada investida inimiga sobre nossos laterais. Lembramos de como Hulk é terrível nas finalizações e de não termos opções de qualidade para sanar esses problemas.

Assumimos um risco em depositar todas as fichas naquele profeta de bigode e no menino de moicano. Restou agora o papel de torcedores. De torcer para que Dante ou Henrique ou seja lá quem não diminua a qualidade de nossa ótima defesa e que William ou Bernard cumpram seus deverem a contento.

Por isso, a atmosfera de otimismo no hexa começa a preparar o cenário para uma queda. Honrosa, porém, lá no fundo, esperada.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Quartas de meudeusdocéu

Sexta e sábado vão rolar as quartas-de-final da Copa. E aqui vão os meus pitacos sobre os jogos:


BRASIL X COLÔMBIA

O Brasil fez das tripas coração para estar aqui. Aquela ilusória goleada sobre Camarões não foi capaz de fazer a equipe se encontrar e engrenar e passar confiança rumo ao hexa e choro e emoção e aquela coisa toda que tudo mundo tá careca de saber. Passou um aperto danado contra o Chile vindo a classificar-se nos pênaltis. Sem Luiz Gustavo, a preocupação de Felipão é em como ajustar a defesa contra o veloz - e eficiente - ataque colombiano. A tendência é que Paulinho volte ao time e, juntamente com Fernandinho, corram o meio inteiro para acompanhar a correria cafetera e tentar uma transição mais rápida, explorando espaços deixados nas subidas de Cuadrado, Zuñiga, Armero, James Rodríguez e cia. Mas não está descartada a entrada de Dante na zaga para liberar David Luiz para avançar como volante e fechar como zagueiro. Ou colocar Henrique para fazer essa função e manter David onde está. Um Felipão cheio de dúvidas, Oscar, Fred, Hulk e Daniel Alves na mira da torcida, equipe com emocional à flor da pele e jogando muito aquém de seu potencial, completamente refém de Neymar resume a situação atual da equipe.

A Colômbia é a única seleção que sobrou até o momento. Sobrou na primeira fase e despachou o Uruguai por 2 a 0 sem maiores dificuldades. Como dito, é um time veloz de franca vocação ofensiva. Levaram apenas dois gols até aqui, mas isso não sugere que seja uma defesa tão eficiente já que não foi lá muito bem posta à prova. Sofreu um gol de Costa do Marfim e outro do Japão, pra se ter uma ideia. Contudo, joga um futebol regular, com James Rodríguez voando (atual artilheiro isolado com 5 gols), ofensivo até a tampa e atravessa grande fase. Tudo isso contrasta com a falta de tradição e camisa em Copas do Mundo.

Palpite: Tentado a apostar na zebra cafetera, me rendo ao peso da camisa que enverga varal: Brasil 2-1 Colômbia


FRANÇA X ALEMANHA

A França veio desacreditada. Aí mostrou que seu ataque vai muito bem, obrigado, mesmo sem Ribéry e Nasri. O meio-campo muito bem organizado por Deschamps tem Cabaye e Matuidi equilibrando a defesa e auxiliando com competência o ataque. Contra a Nigéria, a vitória por 2 a 0 veio depois de muito martelar o gol africano. Não foi uma partida fácil ou favas contadas como parece. Entendo que vem motivada mas não encarou um grande desafio. Sofrer para derrotar a Nigéria e aquele empate modorrento com o Equador dão sinais de que os bleus não são lá muito confiáveis.

Quem começa a ser vista com desconfiança é a Alemanha. Embora conte com bons nomes em todas as posições e, ao meu ver, seja uma equipe bastante regular, sofreu demais para vencer a aguerrida Argélia. O triunfo por 2 a 1 veio somente na prorrogação. Deu alguma sopa para o azar mas foi melhor e, fosse mais competente, teria matado o jogo no tempo normal. A Alemanha mostrou força ao golear Portugal (mesmo que a qualidade de Portugal seja discutível e que a expulsão tenha contribuído para o resultado final, 4-0 foi um exagero de bola) e soube lidar com a pressão no empate bem jogado contra Gana e em ter nervos no lugar para despachar a Argélia. 

Palpite: Alemanha 1-0 França


HOLANDA X COSTA RICA

Um duelo surreal. A eterna Laranja Mecânica passeou na primeira fase em um grupo muito forte. 3 boas vitórias com direito a goleada sobre a Espanha. Contudo, suou sangue para eliminar o México. Perdia até os 42 do segundo tempo, quando Sneijder lembrou que tava tendo Copa e empatou. Nos 48, Huntelaar converteu pênalti sofrido por Robben, outro que tá arrebentando esse Mundial. Virada e amplo favoritismo contra a Costa Rica.  

Maior surpresa dessa Copa - mais até que a tal Melhor Geração Belga - a Costa Rica foi a foice do grupo da Morte, por mais surreal que isso pareça. Venceu Uruguai, Itália, amarrou um 0-0 com a Inglaterra e deu-se o luxo de testar o coração de seu torcedor. Ganhava da Grécia até os 45 do segundo tempo por 1 a 0, quando levou o empate. Com um a menos durante boa parte do segundo tempo, a Costa Rica segurou-se bem e eliminou os gregos nos pênaltis (5-3). Deu aulas magnas nessa Copa de organização, respeito, oportunismo e até cobrança de pênaltis. 

Palpite: A Melhor Geração Costarriquenha que me perdoe, mas eu não consigo imaginar essa zebra indo mais além. Holanda 3-0 Costa Rica.


ARGENTINA X BÉLGICA

Seguindo a filosofia do sofrer para avançar, a Argentina também empenhou parte da alma para classificar-se sem as penalidades. A vitória por 1 a 0 sobre a Suíça saiu dos pés de Di María aos 12 do segundo tempo da prorrogação. A Argentina ainda viu sua trave balançar no último lance de jogo. Ao longo dessa Copa a Argentina não foi a Argentina que se esperava. Em que pese as 4 vitórias, a dependência de Messi e os constantes sustos defensivos e apagões de Higuaín levantam a sobrancelha de todos para essa equipe.

A famigerada melhor geração belga chegou até onde se esperava. Mesmo com bons talentos individuais, não é um time empolgante, fica a sensação de que muito se falou e pouco se viu essa equipe fazer. Até fez uma boa partida contra os EUA mas também sofreu um tanto para avançar. Howard pegou até pensamento, porém não conseguiu evitar a queda americana por 2 a 1, todos os gols na prorrogação. 

Palpite: Argentina 2-1 Bélgica

segunda-feira, 30 de junho de 2014

À flor da pele

Tendo a FIFA já dado entrada no processo de transformar o duelo entre Brasil e Chile nas oitavas-de-final da Copa em cláusula pétrea no regulamento do Mundial, restou aos brasileiros esfregarem as mãos com a iminente quartas que se seguiriam.

Fui voto vencido. Pensava que seria um jogo tranquilo. Podia não ser aquela farra do boi com direito a goleada, mas uma vitória dentro do protocolo. Simplesmente não conseguia acreditar que a equipe chilena conseguiria abrir uma fenda na história das Copas e eliminar o todo-poderoso-Brasil em seu próprio quintal, diante de sua torcida e tudo o mais.

Eis que queimei a língua. Sampaoli e seu Chile Mecânico estiveram a poucos centímetros das quartas-de-final e de impor ao Brasil um vexame ainda mais imensurável que o famigerado Maracanazzo.

Quando David Luiz - ou o zagueiro chileno, tanto faz - abriu o placar com 18 minutos de jogo eu bem que respirei triunfante, confiante no meu palpite. Mas Hulk fez uma presepada daquelas uns 15 minutos depois. Devolveu errado uma bola no lado esquerdo e praticamente ligou o contra-ataque chileno. Sánchez recebeu livre na área e empatou.

Segundo tempo que deveria ser nosso, não foi. Júlio César começou a pagar as últimas parcelas de sua dívida com a nação ao fazer intervenções importantes. Bravo também mantinha o Chile no jogo com defesas não menos espetaculares. O improvável equilíbrio deu a tônica do jogo e criou um ambiente de tensão para a prorrogação.

Prorrogação atrai pênaltis. A prorrogação é aquela meia hora que antecede o momento mais sublime e cruel do futebol, salvo raras exceções. A epopeia vivida por 200 milhões de brasileiros e sei lá quantos outro milhões de chilenos quase acabou com vitória visitante se o chute de Pinilla fosse 5 ou 10 centímetros mais baixo. O tiro que abalou travessão e o coração da massa foi disparado aos 14 minutos do segundo tempo da tal prorrogação.

120 minutos de um Brasil tenso, encaixotado pela marcação chilena, incapaz de criar boa situações de gol. Oscar omisso, Fred - e depois Jô - mortos no comando de ataque, Hulk brigador mas sem qualidade para dividir as responsabilidades com Neymar. Seguir vivo na Copa seria ter que lidar com todos esses problemas por novos eternos 90 minutos. Mas cair agora seria um fracasso ainda mais retumbante. Que essas deficiências nos vitimem em momento mais apropriado, pode ser?

Teríamos que encarar pênaltis com todo esse pano de fundo. Não concordo com quem diz que pênalti é loteria. Entendo que é competência. É um tiro direto para o gol e só tem o goleiro lá. Chutar para fora, por exemplo, é o cúmulo do inaceitável. Foi o que William fez. O importante é manter os nervos no lugar e o Brasil, nós brasileiros, aliás, somos bastante emocionais.

Contudo, se ser emocional é bom, ser emotivo demais é ruim. E essa Seleção é mais emotiva que emocional. Sentir o nervosismo da situação é natural e o faz ligar o sinal de alerta, o deixa mais atento. Ver o elenco chorando à beira do campo minutos antes das cobranças foi desesperador. A postura de Thiago Silva, afastado da roda dos atletas, desolado, sentado em cima da bola e olhando para o nada foi a prova de que ele não tem a menor condição de ser o capitão desse time. Minto. De qualquer time.

Naqueles minutos em que os deuses do futebol confabulavam e definiam quem seriam os herois e vilões e o choro tupiniquim rolava solto enquanto Felipão elaborava a lista de batedores, tentei prestar atenção nesse cenário tão único.

O nervosismo dando lugar ao pânico. O choro copioso do goleiro Júlio César, do capitão Thiago Silva ter fugido da lista e ter se recusado a ser o eventual e imediato sexto batedor. Tantos líderes em campo mas tão poucos homens lá dentro a incentivar, dar força e transformar aquela tensão e confiança. Se eu fosse parte do time, só de ver o Thiago Silva, meu capitão, ali, naquele estado, eu me borraria.
  
Bom, o resto é história. Vencemos por 3 a 2. Júlio César defendeu duas, outra foi na trave. Ao término, mais choro. Agora, o momento mais adequado para esse tipo de desabafo.





sexta-feira, 27 de junho de 2014

Assim terminou a fase de grupos

A mais surreal das Copas encerra sua fase de grupos e entra no mata-mata. Vou resumir o que rolou nos grupos e, logo mais, sobe post com os pitacos das oitavas.


GRUPO A - Como era esperado, o Brasil fechou a primeira fase em primeiro. O empate contra o México foi um ponto fora da curva, porém, a goleada sobre Camarões com a entrada de Fernandinho no meio nos dá esperança em um futuro melhor. O México surpreendeu. Soube se reinventar e se mostrou um time compacto, inteligente e perigoso. No comando de Giovanni dos Santos e Peralta, com direito a Chicharito no banco, o México também somou 7 pontos. Na última rodada, mandou a Croácia de volta para casa com um imponente 3 a 1.

Balanço dos Palpites - Acertei o Brasil em 1º mas esperava 3 vitórias independente de circunstâncias especiais. Não contava com tamanha organização mexicana a trucidar a Croácia.

GRUPO B - A Holanda não deu chances para o Chile e confirmou a liderança com uma vitória por 2 a 0. La Roja controlou bem o jogo no primeiro tempo e boa parte do segundo, contudo, não conseguia criar boas chances. Já a eterna Laranja Mecânica defendeu-se bem e conectou bons contra-golpes. Encontrou um gol de cabeça e, no apagar das luzes, Robben puxou contra-ataque e serviu o companheiro para o segundo gol. Na outra partida que nada valia, a Espanha fez 3 a 0 na Austrália. Vitória que não apaga seu desempenho tosco, aquém do que se esperava de uma atual campeã.

Balanço dos Palpites: Não esperava uma Holanda tão sólida a ponto de liderar o grupo. Espanha fora foi só o segundo dos meus erros no meu bolão pessoal.

GRUPO C - Skol litrão do início ao fim, o grupo C consagrou a favorita Colômbia. Os cafeteros fizeram uma campanha impecável na primeira fase e apresentaram um futebol bastante interessante. Seus 9 gols em 3 jogos não foram obra do acaso. É um time rápido e bastante insinuante ofensivamente. James Rodríguez vem sendo o diferencial da equipe que perdeu Falcao García lesionado. Bom, na derradeira rodada, enquanto o Japão era goleado pela Colômbia, Costa do Marfim segurava como podia o empate com Grécia que lhe daria a classificação. Porém, aos 47 do segundo tempo, o árbitro viu pênalti em Samaras. Ficou a impressão de que o atacante grego tropeçou na própria falta de habilidade, se chutou e acabou cavando o pênalti. Ele mesmo bateu e colocou a improvável Grécia nas oitavas.

Balanço dos Palpites: Acertei a Colômbia em primeiro. Surpreenderam as 3 vitórias e a média redonda de 3 gols, além da competência ofensiva que já a coloca como adversária perigosa em uma eventual quartas-de-final. A Costa do Marfim estaria classificada não fosse o pênalti pra lá de mandrake convertido nos acréscimos. Bah.

GRUPO D - Aposentem o Grupo D! Depois de tantas surpresas e emoções, sério, tem que ser eternizado. A Costa Rica terminou surpreendentemente em primeiro. Contra tudo e todos, o maior bug dos bolões somou 7 pontos depois de vencer Uruguai, Itália e amarrar um 0-0 com a Inglaterra, esta sim a grande decepção do grupo. O Uruguai ressuscitou após a derrota na estreia e venceu Inglaterra, com show de Suárez, e bateu a Itália em jogo impróprio para cardíacos por 1 a 0. Assim, a Celeste avançou e entrou na rota do hexa.

Balanço dos Palpites: Ó...uma bosta! Acreditei no ataque inglês e caí do cavalo. Apostei que a Azzurra não repetiria uma campanha ruim em Copas e errei. Bem, Uruguai em segundo muitos podem ter acertado, mas Costa Rica em primeiro, ah, eu quero conhecer esse guru hoje milionário que quebrou sites de apostas!

GRUPO E - Enfim, um grupo que saiu relativamente dentro da normalidade. A França não apenas confirmou o favoritismo como mostrou um ataque bastante engraçadinho mesmo sem Ribéry. Benzema já fez 3 gols, vejam só. Em suma, a França bateu Honduras e Suíça com tranquilidade - 3-0 e 5-2, respectivamente - e cozinhou o desesperado Equador em banho-maria num raro bom jogo que acaba sem gols. A Suíça não repetiu a regularidade defensiva (levou 6 gols nesses 3 jogos) mas compensou com um ataque competente. Cumpriu seu papel ao vencer o Equador, de virada, por 2 a 1 e sapecar 3 em Honduras, que veio a passeio, pois também não foi páreo para os sul-americanos e terminou sem pontuar. 

Balanço dos Palpites: Finalmente um acerto em cheio! França jogando bem, ataque eficiente e meio-campo criativo. Suíça superior aos rivais mas não chega a empolgar a ponto de se credenciar como zebra.

GRUPO F - A Argentina pegou uma baba e quase se complicou, apesar das três vitórias. Venceu de modo protocolar a Bósnia por 2 a 1. Depois, abandonou o juízo e abraçou a sorte. O Irã perdeu 2-3 grandes chances de marcar (belas intervenções de Romero) até Messi resolver o caos daquela hora e meia em um chute preciso de fora da área no 91º minuto de jogo. Por fim, mostrou por que seu ataque é bom e sua defesa é preocupante: 3 a 2 sobre a Nigéria, que ficaram com a segunda posição. Os africanos empataram com o Irã e classificaram por terem vencido a Bósnia na 2ª rodada. Aliás, os bósnios decepcionaram. No seu debute em Copas, apenas uma vitória sobre o Irã quando nada mais lhe valia.

Balanço dos Palpites: A patota de Dzeko, minha aposta, não prosperou. A Nigéria, mesmo classificada, abusou da bipolaridade ao não conseguir superar o Irã, vencer a Bósnia e fazer jogo duro contra a Argentina. Hermanos tranquilos e, a julgar o chaveamento, não é demais imaginá-los nas semifinais.     

GRUPO G - Deste bloco triunfou a Alemanha. Como esperado, os alemães lideraram o grupo alternando espetáculo e regularidade com apagões súbitos. Atropelou Portugal, empatou com Gana num eletrizante 2 a 2, empate germânico anotado por Klose, igualando a marca de Ronaldo na artilharia máxima das Copas com 15 gols. E venceu os EUA por 1 a 0. Muller, 4 gols, é o principal destaque. Portugal de Cristiano Ronaldo decepcionou. Não superou a traulitada da primeira rodada e o amargo empate por 2 a 2 com os EUA o obrigava a golear Gana para avançar. Não conseguiu. Gana, minha aposta a zebra caso esta resolvesse dar o ar da graça, também deu sopa para o azar. Foi assim que os EUA conseguiram a vaga. Bateram os africanos na estreia, somaram um ponto com nossos patrícios e a derrota para a Alemanha não lhe custou a merecida vaga.

Balanço dos Palpites: A Alemanha confirmou o favoritismo. Mesmo com alguns apagões em certos momentos da partida contra Gana, o ataque e a consistência de sua equipe garantiu o empate e reforça sua candidatura ao título. EUA surpreenderam novamente. Regulares, aplicados taticamente e oportunistas. 

GRUPO H - A Bélgica sobrou, claro. Contudo, não foi essa maravilha toda que se esperava. O time penou um bocado para bater Argélia, Rússia e Coréia do Sul. A defesa levou apenas um gol, ao passo que o ataque anotou apenas 4 tentos. Na Copa do Surrealismo não podia faltar outra surpresa. A Argélia goleou a Coréia por 4 a 2 e arrancou um empate por 1 a 1 contra a Rússia para avançar às oitavas. Rússia foi muito mal. A próxima sede da Copa mandou um time bem meia boca que conquistou irrisórios 2 pontos. A Coréia superou os russos e mandou ainda pior: apenas um ponto.

Balanço dos Palpites: Alá agiu e classificou o arretado time da Argélia. Não é uma equipe tão songa como parece. Já a Bélgica, bem, numa Copa onde tudo parece fora do lugar, foi um tiro que não saiu pela culatra.