quarta-feira, 30 de abril de 2014

Gripe madrilenha varre a Europa

Uma pandemia originária em Madrid foi a responsável por dizimar alemães, ingleses, italianos e também vitimou conterrâneos. Em Lisboa, local destinado a encerrar tal moléstia, conheceremos a última vítima. Ou, se preferirem, o campeão sobrevivente.

Esse mal avassalador ganhou destaque nesta semana pelos requintes de crueldade com o qual deu cabo de fortes alemães e aplicados ingleses.

O Real Madrid nem precisou considerar o suado empate obtido em casa para despachar a sensação Bayern de Munique. Na Alemanha, os merengues aplicaram sonoros 4 a 0 sobre os bávaros. Guardiola foi vencido pela velocidade e qualidade do contra-ataque madrilenho que precisou de meio tempo para acabar com o sonho alemão.

45 minutos jogados, dois gols de Sergio Ramos, ambos de cabeça, e outro de Cristiano Ronaldo eram mais que suficientes para o Real vingar-se do comandante rival, tantas vezes carrasco nos tempos de Barcelona. Porém, CR7 impiedosamente marcou seu segundo gol no jogo dando ares de humilhação à vitória conquistada no território rival.

Mas a fúria madrilenha não parou por aí. 

Mourinho atingia a semi-final pela 4ª vez consecutiva. Dessa vez, na casamata do Chelsea, levava os blues com estratégia semelhante àquela que consagrou a equipe londrina em 2012. Muita marcação e saída contida para o ataque, refém de contra-ataques.

No entanto, do outro lado havia o Atlético de Madrid, que faz uma temporada impressionante. Simeone não abriu mão da forte marcação. Tampouco de tratar a bola com decência quando tinha posse dela.

Embora fosse um jogo pegado, chances começaram a brotar. Numa delas, o fator casa pareceu sorrir para o Chelsea. Bola cruzada na área encontrou Fernando Torres. El Niño bate, agradece o desvio na zaga e abre a contagem para os ingleses.

Só que a alegria sequer durou até o intervalo. Jogando com inteligência e tranquilidade, o Atlético empatou com Adrián. Na volta do intervalo, o massacre. Eto'o mal entrava em campo e já cometia pênalti em Diego Costa. Ele mesmo bateu e ampliou a vantagem espanhola. 

Precisando da virada, o Chelsea lançou-se ao ataque. David Luiz carimbou a trave. Stamford Bridge à espera de um milagre. Mas não veio. Pouco depois, Arda Turan cabeceou, tabelou com a trave e empurrou livre para as redes. 3 a 1 ficou barato para Mourinho, morto pela 4ª vez na semi da Champions League.

O reencontro entre Real e Mourinho foi adiado. Ficou pra uma próxima oportunidade. A Champions ganha sua primeira final entre clubes da mesma cidade. Uma decisão apimentada pela rivalidade.

A busca do Real Madrid por La Décima nunca esteve tão perto. Carlo Ancelotti equilibrou a equipe. Pepe, Di María, Bale e Cristiano Ronaldo atravessam excelente fase. Ataque e contra-ataque praticamente infalíveis. Ora, como não apostar tudo nos merengues?

Do outro lado, Simeone armou um esquema de jogo no qual a equipe se defende com eficiência sem abdicar de trabalhar a bola com qualidade até o ataque. O grande destaque talvez seja o ótimo goleiro Courtois. E fico apenas nele pois seria impossível apontar apenas 3-4 grandes jogadores desse time que funciona incrivelmente bem como um todo. 

A excelente temporada de Cristiano Ronaldo, Bale e cia frente-a-frente com um velho inimigo detentor de um conjunto capaz de surpreender.

Minha torcida é pelo Atlético. Todavia, acredito que dê Real Madrid.

terça-feira, 29 de abril de 2014

Todos queríamos ser Kardec

A surreal especulação virou interesse e transformou-se em negociação (praticamente) concreta. Alan Kardec deixa o Palmeiras e pula o muro para defender o São Paulo. Do discurso dos presidentes de ambos clubes em suas coletivas nas quais esbanjaram cavalheirismo com troca mútua de gentilezas e congratulações pelo negócio nota-se a inteligência de todos os envolvidos, inclusive e principalmente Kardec.

Comecemos pelo mandatário do Verdão, Paulo Nobre. Ele mais do que ninguém sabe a pindaíba que assola o clube. Ao anunciar que Alan Kardec não mais atuaria pelo Palmeiras - e tendo revelado o acerto do atacante com o São Paulo - Nobre posa de mártir. 

Paulo Nobre vem a público e expõe sua versão: estava otimista com o acerto pois os valores estavam próximos dos pretendidos pelo atacante e pelo fato de ter até o final de maio para resolver a questão. Foi quando teria sido surpreendido pelo pai - e representante - do atacante de que já havia acertado sua transferência para o São Paulo.

O presidente disparou contra o Tricolor, diz que foram sujos, antiéticos, isso e aquilo, mas, veja. Prestemos atenção em um detalhe: Nobre diz que os valores estavam próximos. Ora, se os valores estavam tão próximos assim, por que o pai de Kardec resolveu colocar o atacante no mercado? Que motivação teria para trocar de clube, principalmente um rival da mesma cidade, vizinho de centro de treinamento, se os valores estavam próximos daqueles pretendidos pelo atacante?

Para justificar a saída de seu goleador, Paulo Nobre puxa os holofotes para sua administração. Diz que tem zelo com as finanças do clube e defende com unhas e dentes o contrato de produtividade por uma questão de justiça. Tudo bem que não venham títulos, mas se quer ganhar tanto, dedique-se e esteja em campo. Lindo só na teoria.

Realmente me parece bem claro que os valores não estavam lá tão próximos assim. Tanto que vem o pai de Kardec dizer que só colocou o filho no mercado depois de ver o Palmeiras modificar um ponto já acertado anteriormente. Uma diferença de 5 mil reais. 

Sim, 5 mil reais é, de fato, um valor próximo. Contudo, foi uma diferença de cinco mil após outros tantos mil que Kardec teria aberto mão. E, para que se entre na discussão ética da coisa, tal valor foi reduzido após as partes terem chegado a um denominador comum. Algo como: beleza, fechamos em 10. Daí você vem e me aparece com 5. Não foi o combinado. E isso fez com que Kardec pai negociasse com quem bem entendesse.

A intransigência de Kardec pai passa pelo momento e importância do filho no Palmeiras. Valdívia não tem contrato por produtividade. Joga quando quer, joga bem quando consegue ou tem disposição para (embora esteja fazendo um aceitável 2014) e ganha incrivelmente bem. Alan Kardec entra em campo, come grama, marca gols de tudo quanto é jeito e não merece uma valorização à altura? É revoltante, sim!

Por mais que as finanças não permitissem, Kardec tinha que se impor e exigir uma efetiva valorização. Trocando em miúdos, reconhecimento travestido de dinheiro. Fazer valer sua importância para o clube. E, ao que consta, fez sua parte. Fez concessões, permitiu-se negociar para permanecer onde teve destaque, onde é ídolo (não é?). Mas foi seduzido pelos 350 mil reais mensais (sem contar luvas, não reveladas) oferecidos pelo São Paulo, que desembolsará 4,5 milhões de euros pelo atacante.

Ciente de que deus e o mundo queriam o centroavante, o São Paulo tomou a frente, acertou valores com o jogador, com o Benfica (dono do "passe" do atacante) e ponto. Teve de vir à público somente para passar um recibo que todos já sabiam.

Coube a Carlos Miguel Aidar limitar-e a escancarar a incompetência negocial do Palmeiras em segurar seu principal jogador, explicou que só foi atrás do atacante quando ouviu o brado do pai de Kardec que seu filho tava na pista para negócio e mostrou-se confortável em explicar o ganha-e-perde no mundo dos negócios do futebol. Inclusive, lembrou as saídas de Cafu e Antônio Carlos que pararam no próprio Palmeiras e até Dagoberto. 

Dessa algazarra toda, não dá para entender por que o São Paulo queria tanto Kardec, se o ataque não é sua principal deficiência. Vai se dar ao luxo de não precisar mais de Ademílson, quem sabe. Mais complicado ainda buscar explicações por que gastar tanto com um bom jogador, ponto. Nada além disso. Nada de extraordinário. Por esse valor - ou até menos - talvez fosse possível um atacante tão bom quanto, um volante para acertar a meia-cancha, um zagueiro, ou simplesmente alguém que valha esse furdúncio todo.

Um insano reconhecimento financeiro para um bom funcionário. Quem não queria ser Kardec?



segunda-feira, 28 de abril de 2014

Brasileirão-14 - Rodada #2

Sem delongas, eis os destaques da segunda rodada do Brasileirão-14:


CERVEJA GELADA


FLUMINENSE - De rebaixado a líder, o Fluminense está mudado. Cristóvão Borges mal chegou e seu trabalho na casamata tricolor já rende frutos. Lidera isoladamente o certame já que foi a única equipe a vencer os dois compromissos até o momento. Rafael Sóbis, prestigiado com o novo comandante, fez o gol da vitória por 1 a 0 sobre o Palmeiras, em pleno Pacaembu.

GRÊMIO - No duelo entre dois brasileiros ainda vivos (mas respirando por aparelhos) na Libertadores, melhor para o Grêmio. O Tricolor gaúcho escalou seus reservas no duelo diante do Atlético Mineiro e venceu por 2 a 1, gols de Alan Ruiz e Lucas Coelho. Fernandinho descontou para o Galo, que não poupou ninguém.

CORINTHIANS - Em sua provável despedida do Pacaembu como mandante, o Timão bateu o Flamengo com tranquilidade por 2 a 0. Guilherme e Gil marcaram os gols do triunfo sobre o Mengo, que perdeu o lateral Léo Moura por expulsão ainda na primeira etapa.  


CERVEJA QUENTE


CRUZEIRO - Até os 46 minutos do segundo tempo, tudo ia bem e valia a pena. Também com o pensamento na América, o Cruzeiro ignorou o fato de decidir sua classificação para as quartas-de-final no Paraguai na próxima quarta-feira e colocou time completo em campo para receber o São Paulo. Em cobrança de falta, Júlio Baptista abriu o placar. De se destacar a paralisação súbita que acometeu Rogério no lance. A bola veio sem curva e foi praticamente no meio do gol. Frango. Mas no finalzinho, Osvaldo alçou na área e Antônio Carlos (sempre ele) desviou de cabeça e empatou o jogo.

INTERNACIONAL - Foi até o RJ encarar o Botafogo. Abriu 2 a 0 com dois gols de Rafael Moura, vulgo He-Man. Porém, permitiu o empate carioca com Emerson Sheik, que estreava, e Zeballos. 

FIGUEIRENSE - Em casa, foi derrotado pelo Bahia por 2 a 0. Amarga a lanterna com zero gols marcados e cinco sofridos.  

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Oitavas-de-final da Libertadores-14 parte I

O calendário dividiu as oitavas-de-final em três semanas. Assim, os confrontos de volta serão disputados semana que vem. Dessas pendências, deixo meu pitaco. No entanto, já se conhece um duelo de quartas-de-final.


NACIONAL 1 x 0 VÉLEZ SARSFIELD - A melhor campanha da Libertadores foi castigada aos 41 minutos do segundo tempo quando nada mais se esperava do jogo. O embate entre paraguaios e argentinos parecia fadado ao 0 a 0 graças ao mal súbito que acometeu os avantes de modo a impedir finalizações decentes. Embora o Vélez não tenha se apresentado de todo mal - Pratto principalmente já que carimbava cada movimentação ofensiva - surpreendeu a disposição e a insistência do Nacional, premiado com a vitória. O protocolo indica que é um resultado reversível e que o Vélez acordará para a vida e seguirá na Copa. No entanto, ano passado o mesmo Vélez tinha pela frente uma tal Ponte Preta em casa e uma vitória simples lhe bastava. O resto é história.

Palpite: Vélez Sarsfield.


ARSENAL DE SARANDÍ 0 x 0 UNIÓN ESPAÑOLA - Em casa, o tinhoso Arsenal de Sarandí não conseguiu superar a mais tinhosa ainda Unión Española. O placar persistiu no zero a zero e abre uma cortina cinzenta para a partida de volta no Chile. Sabemos bem do que os comandados de Sierra podem fazer. (certo, Botafogo?). Contudo, luta e entrega não faltarão para quem tem Martín Palermo na casamata.

Palpite: Arsenal.


ATLÉTICO NACIONAL 1 x 0 ATLÉTICO MINEIRO - Foi uma aula de Libertadores por parte dos colombianos. E outra de como não se portar no torneio pelo lado brasileiro. O Galo ficou encurralado por 90 intermináveis minutos recusando-se veementemente a explorar o lado de lá do campo. Autuori conseguiu a proeza de castrar uma equipe cuja principal virtude era a vocação ofensiva. No primeiro tempo, à exceção de um tiro de Tardelli, disparado do bico na pequena área cuja trajetória caprichosamente atravessou a boca do gol e saiu perigosamente, o Galo limitou-se em se defender. A segunda etapa foi totalmente cafetera. Victor terminou a partida com 3 milagres e 187 intervenções importantes. Quando Autuori achou uma boa ideia mudar o time, promoveu as entradas de Guilherme e Marion. Aliás, este no 40º minuto obrigou o goleiro colombiano a também mostrar serviço e salvar o tento injusto que se desenhava. E justamente quando o Galo melhorou um pouco, Cárdenas costurou pela direta, trouxe para a canhota e, de fora da área, soltou o pé para vencer Victor no apagar das luzes.

Esse time do Atlético é bom. É encardido. Chato. Tem força, presença ofensiva, mas pecam demais na hora de finalizar. Evidente que o Atlético Mineiro tem totais condições de reverter. Porém, precisa reagir, lembrar que joga uma Libertadores! A apresentação dessa partida liga o sinal amarelo por lá. Preocupa porque expõe como o trabalho de Cuca parece ter regredido com a filosofia de cadenciar o jogo com Autuori*. O Galo esteve simplesmente catatônico e terá pela frente um time que, bem ou mal, também sabe agredir.

Palpite: Atlético Nacional
*Obs: O Galo agiu rápido. Demitiu Autuori e anunciou Levir Culpi para seu lugar. Ou seja, se não classificar, já estará ameaçado.


THE STRONGEST 2 x 0 DEFENSOR - Essa fase do futebol boliviano surpreende. Estão a explorar como nunca o fator altitude. O lance é que o jogo de volta é no Uruguai. E o Defensor deu algumas demonstrações de que, dentro das CNTP, é um time casca grossa. Os meninos De Arrascaeta e Gedoz são capazes de infernizar até monges tibetanos. A parada é dura, mas estamos na Libertadores, ora!

Palpite: Defensor


SAN LORENZO 1 x 0 GRÊMIO - A banda do Papa está em festa! Pelo visto, a reza forte do Sumo Pontífice rende frutos! Em um jogo bem disputado dentro do padrão Libertadores, o Ciclón larga na frente. Apesar de toda entrega e disciplina, o Grêmio não conseguiu superar a barreira divina que revestia os argentinos. Tanto é verdade que Barcos conseguiu até desperdiçar um tiro livre indireto. Isso. Falta dentro da pequena área, barreira na risca do gol e o Pirata isolou a bola bizarramente. Foi a primeira derrota dos gaúchos na Libertadores e veio no pior momento possível. Após nadar de braçada na primeira fase, o Grêmio se choca feio contra a parede e se vê obrigado a vencer. Sem contar que se sofrer gols terá que ganhar por 2 gols de diferença. Dá pra passar? Dá. Mas não sei não. O Papa não está para brincadeira.

Palpite: San Lorenzo


CRUZEIRO 1 x 1 CERRO PORTEÑO - Um belo time. Um belo esquadrão. Não, não se trata do simpático Juventus. É o estrelado Cruzeiro. Cheio de jogadores, opções, alternativas e bipolaridade quando adentra gramados latinos em busca de sua terceira taça. Depois uma conturbada fase de grupos, a Raposa recebia o velho Cerro Porteño no Mineirão disposta a não mais repetir as oscilações dos últimos jogos. Bem que tentou, mas não resistiu e caiu na velha tentação de brincar de gato e rato. Romero então resolveu apimentar a brincadeira e abriu o placar para os paraguaios. Dali até os 47 do segundo tempo viu-se o Cruzeiro a pressionar e o Cerro a defender-se como podia e não podia. Pois no 3º minuto de acréscimo, quando a única tática existente era a do "chutão para área e seja o que deus quiser" a bola se oferece para Samudio. A redonda caprichosamente passa pelo meio das pernas de um defensor antes de estufar as redes e empatar o jogo.

Sejamos francos: é um gol que não muda absolutamente nada na vida do Cruzeiro. Se perde por 1 a 0, jogaria para vencer, com a obrigação de anotar pelo menos um gol. E tal obrigação ainda persiste já que o empate por 0 a 0 classifica o Cerro. Enfim, esse time paraguaio não é bobo, mas também não me parece lá muito esperto.

Palpite: Cruzeiro.


LANÚS  x SANTOS LAGUNA - Primeiro jogo: Lanús 2-1 Santos Laguna. Segundo jogo: Santos Laguna 0-2 Lanús. Argentinos sobraram nas oitavas e despacharam o último mexicano intruso na América do Sul. O Lanús é uma equipe em franca ascensão. Após um mau início, recuperou-se, terminou em segundo no grupo e eliminou com relativa tranquilidade a terceira melhor campanha geral. Os mexicanos caíram demais nos últimos jogos e pagaram com a classificação. Sob comando de Schelotto, o Lanús papou a Sul-Americana ano passado e sonha forte com La Copa.

LEÓN x BOLÍVAR - Primeiro jogo no México: 2-2. Volta: 1-1. Ou seja, Bolívar nas quartas-de-final. Incrível o desempenho dos bolivianos nesta Libertadores. Sempre fadados a somar uns 4 pontos quando muito e graças à altitude, eles entraram forte nessa edição da Liberta. O Bolívar encaminhou sua classificação ao trazer um empate por 2 a 2 no México. Em casa, mesmo tendo saído atrás no placar, foi buscar a classificação destinada a ser sua. É um time bem engraçadinho no ataque, embora o meio campo deixe alguns latifúndios a serem explorados. 

Duelo das quartas: Lanús x Bolívar.







quarta-feira, 23 de abril de 2014

A 90 minutos de qualquer coisa

Após eletrizantes quartas-de-final, muita expectativa se criou em torno das semi-finais da Champions League. Entretanto, as partidas de ida pouco animaram. Espera-se que seja mero acúmulo de emoções para os últimos 90 minutos de cada confronto.

Atlético de Madrid e Chelsea fizeram um jogo bem modorrento. Truncado, com poucas chances, terrível. Os colchoneros abusaram dos chuveirinhos na área abrindo mão de arriscar arremates de fora da área. Pelo lado inglês, Mourinho posicionou cerca de 87 jogadores atrás da linha da bola e travou as investidas espanholas.

Por mais que o Atlético tenha realmente se esforçado e jogado um tanto melhor, o Chelsea fez um trabalho espetacular defensivamente. Inclusive, foi premiado com a benevolência da arbitragem ao não expulsar o meia Lampard. O juiz entendeu que o meia teria colocado o braço propositalmente na bola e deixou de dar o segundo amarelo. 

O empate sem gols não foi de todo mal para nenhum dos dois. Óbvio que o Chelsea leva alguma vantagem por decidir em sua cancha. Contudo, aos colchoneros basta um empate com gols. E se no zero ficar, prorrogação, pênaltis e por aí vai.

Na Espanha, o Real Madrid recebeu o Bayern de Munique. Como se espera de qualquer amontoado de jogadores treinados por Pep Guardiola, houve controle integral do jogo pelos alemães. Porém, os madrilenhos fizeram um bom papel lá atrás e esbanjaram qualidade no contra-ataque.

Em um deles, Cristiano Ronaldo ligou Coentrão na esquerda, que passeava ali como um ponta, cruzando na medida para Benzema empurrar. Foi o único gol do jogo, mas os merengues perderam, no mínimo, outras duas grandes chances de ampliar o marcador.

Na segunda etapa o Bayern bem que melhorou mas não foi suficiente para superar a boa jornada da zaga espanhola e de Casillas. 

Bom, não é um placar de outro mundo para ser revertido. É praticamente certo que o Bayern fará pelo menos um gol. É quase impossível esse time passar dois jogos consecutivos em branco. Resta saber se o mesmo acontecerá com Cristiano Ronaldo.

A torcida é por uma final espanhola. Mas cravo meu palpite no reencontro entre Mourinho e Real Madrid.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Brasileirão-14 - Rodada #1

Brasileirão iniciou e retomo aqui o velho hábito de destacar o melhor e o pior da rodada. É o retorno da distribuição de cerveja aqui no blog!


CERVEJA GELADA

SÃO PAULO E FLUMINENSE - Os tricolores venceram seus jogos pelo maior placar da rodada: 3 a 0. Enquanto os cariocas bateram o Figueirense com boa atuação de Fred - um gol e uma assistência - os paulistas deram cabo do Botafogo cujo destaque foi o tridente formado por Ganso, Pato e Luis Fabiano. Bom início para a dupla que ano passado flertou forte com a degola. 

PALMEIRAS - No retorno à elite, o Palmeiras estreou fora de casa contra o Criciúma. Os primeiros 45 minutos foram medonhos. Mas reagiu. Contou com a ajuda da arbitragem e da estrela de Kleina para bater os catarinenses por 2 a 1. O treinador lançou Leandro e Wesley no segundo tempo. O atacante fez o tento do empate. Já o volante bateu falta na medida para Kardec cabecear e decretar a virada.

CRUZEIRO - Ainda concentrado na Libertadores, o Cruzeiro levou os reservas a campo contra o Bahia, na Fonte Nova, e fez valer a força do seu elenco. Ignoraram o fator campo e impuseram a força de seu elenco. 2 a 1, gols de Nilton e Marcelo Moreno. 


CERVEJA QUENTE

FLAMENGO - Recebeu o Goiás e não saiu de um sonolento 0 a 0. Mostrou limitações na articulação das tramas ofensivas.

SANTOS - Na ressaca da perda do Paulistão, o Peixe foi surpreendido pelo Sport. Os Meninos da Vila não conseguiram aproveitar a força de seus domínios e ficaram no 1 a 1 com os pernambucanos. É bom que o Oswaldo acerte logo o psicológico da molecada antes que uma série de tropeços indesejados coloque em xeque as pretensões santistas.

0 x 0 - Chapecoense x Coritiba e Atlético Mineiro e Corinthians também terminaram sem gols em partidas um tanto modorrentas.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Brasileirão sempre promete.

Brasileirão. O melhor campeonato nacional do mundo está de volta. Com seus estádios parcialmente cheios, arbitragem que trava o jogo por qualquer contato, jogadores de habilidade controversa, dentre outras polêmicas diversas. Sim, ele está de volta para levar o pandemônio, a esperança de G-4, título, salvação, tudo rodada a rodada.

Há um punhado de fatores para se acreditar no Brasileirão-14. 

A começar pelo fato de que é a menina dos olhos de 17 dos seus 20 participantes. Apenas Cruzeiro, Atlético Mineiro e Grêmio se iludem com a Libertadores. Caso caiam até as quartas, pode dar tempo de incendiar o Brasileirão. Fora os inocentes citados, todo mundo na folia.

É de se lamentar a ausência do Vasco. Brasileirão que se preze precisa ter todos os grandes dos principais Estados no baile. Vá lá que a camisa não joga sozinha, mas é inegável que sempre desperta alguma apreensão ao bater o olho na tabela e, na sequência dos confrontos, se deparar com uma interminável sequência de jogos contra times tradicionais.

Os paulistas entram em 2014 mordidos com a pior campanha que tiveram em décadas e com chances razoáveis de exercer seu direito à forra. Cada qual com seu trunfo e deficiência, os paulistas devem reconquistar parte do prestígio no cenário nacional.

Nota-se uma gama de favoritos por antecipação. Times que contam com um elenco digno de se balançar a cabeça e, nome a nome, constar um protocolar "nada mau". Destaco Atlético Mineiro, Cruzeiro, Grêmio, Corinthians, São Paulo, Inter, Santos e Botafogo como os principais postulantes ao título pelo material humano que declinam no papel.

Convém lembrar o risco de um Atlético Paranaense da vida se intrometer na briga pelo G-4 ou mesmo de um ou dois grandes resolver lutar por uma vaga na Série B. 

Brasileirão é tudo ou nada. Assim, reservo-me palpites:

Não acredito que haverá surpresas no descenso. Também acredito que a disputa será parelha no G-4 seja para o título ou para a Libertadores.

G-4 (não importa a ordem): Internacional, Cruzeiro, São Paulo, Corinthians.
Muricy e Mano devem conseguir dar um aspecto de time de futebol aos seus clubes. Cruzeiro com elenco cheio pode chegar nas cabeças novamente. O Internacional vira-e-mexe aparece por ali.

Z-4 (idem): Chapecoense, Criciúma, Vitória, Goiás.
Intuição.




segunda-feira, 14 de abril de 2014

Milagre do Galo

Conhecem a lenda do Galo de Barcelos, certo? Aquele galo português colorido, símbolo de sorte, felicidade, honestidade, etc e tal. Não? Bom, era uma vez a cidade de Barcelos e um crime misterioso que intrigava a população. Um peregrino foi acusado de ser o criminoso e de pronto foi condenado à forca. Enquanto tentava provar sua inocência, vislumbrou um galo assado sobre a mesa e bradou que era tão inocente a ponto de fazer o galo cantar. Pois quando ia ser enforcado, o galo levantou-se e cantou. Mas e a história do milagre do Galo de Itu, vocês conhecem?

Há uma semana, o Ituano nos pregou uma peça. Fez com que acreditássemos que poderia ser campeão paulista.  Evidente que qualquer homem médio partilhava das ponderações racionais de que o Santos era melhor time, tinha melhores opções, praticava um futebol mais insinuante de talento ofensivo avassalador e que dificilmente faria dois jogos abaixo da crítica.

Disposto a validar o protocolo, o Santos tratou logo de pressionar o Ituano desde os primeiros minutos de jogo. Para conter tanto ímpeto, o Ituano abriu a caixa de ferramentas e canalizou seu nervosismo em truculência. Então o juiz tratou de desequilibrar as forças para o lado santista e distribuiu 3 amarelos aos mais exagerados. Ciente da colaboração do árbitro, o Peixe também passou a distribuir suas cacetadas mas nem todas passaram pelo crivo amarelo do apitador.

O Ituano tentava sair no contra-ataques, porém só assustou em duas faltas alçadas na área as quais exigiu de Aranha intervenções arrepiantes em dois tempos, evitando o rebote dos sedentos avantes do Ituano. Lá pelos 30 da primeira etapa, o Peixe resolveu acelerar o ritmo e aumentar a pressão para cima dos visitantes.

Foi aí que novamente a estrela, digo, competência de Vagner começou a aparecer. Provavelmente abençoado por uma infinidade de galos, abriu seu repertório de milagres ao espalmar falta de Cícero, parar cabeçada de Damião com o peito e travar nova investida de Cícero pelo meio. 

Quando nada parecia dar certo, o juiz resolveu dar uma força. Cícero recebe na área, toma a falta e é assinalado o pênalti. Marcação correta se Cícero não estivesse 35 quilômetros impedido e voltava para receber o passe que culminou na penalidade. O próprio meia bateu e fez.

Na virada para o segundo tempo, o Ituano esboçou algum domínio da partida e deixou o Santos longe de seus domínios por uns 20 minutos. O Santos respondeu à ousadia interiorana com Rildo, que entrou no lugar de Thiago Ribeiro, servindo Geuvânio que desperdiçou dentro da área.

A partida ficou truncada até o final, embora o Ituano lidasse melhor com a pressão de ter que cozinhar o tempo e o placar sem se expor. Apesar de uma escapada ou outra de Rildo, foi novamente o Galo quem quase marcou com Anderson Salles em cobrança de falta. 

Nas últimas investidas das duas equipes, Rildo se atrapalhou ao invadir a área e jogou fora a última chance do Peixe. Aos 46 minutos, quando o Ituano preparava o último avanço, o juiz entendeu ser uma puta ideia não aplicar a lei da vantagem por preferir expulsar Cicinho. O lateral do Santos, provavelmente desinteressado em bater pênalti, deu um carrinho desnecessário no campo de ataque que lhe rendeu a expulsão e, assim, uma chuveirada mais tranquila no vestiário.

Se o Galo de Itu já havia realizado milagres ao evitar a vitória santista no tempo normal e que a atuação irregular o árbitro prejudicasse seus protegidos, faltava a consagração final. 

Nos pênaltis, a primeira série terminou empatada: Jackson, Marcelinho, Esquerdinha e Marcinho Aquele (isso, ex-Corinthians, Palmeiras, etc e tal) converteram. Ironicamente, Anderson Salles parou em Aranha. Pelo Peixe, Cícero, Alan Santos, David Braz e Gabriel guardam, enquanto Rildo carimbou a trave.

Nas cobranças alternadas, Jean Carlos e Arouca fizeram. Dener e Alisson também. Josa convertou para o Ituano. A história encerra que o zagueiro Neto foi para a bola e Vagner, esse Galo travestido de goleiro, defendeu e calou o Pacaembu. 

Ituano. Campeão Paulista de 2014.

 


sexta-feira, 11 de abril de 2014

A Morte despertou. Quem será o Libertador?

Vejo essa Libertadores revestida de uma dose a mais de emoção do que nos últimos anos. A Morte, uma das principais deusas do torneio, permitiu uma imensidão de possibilidades dentro de cada grupo prolongando a vida de muita gente até a derradeira rodada. Retardou sadicamente a definição dos grupos e teve que fazer hora extra para definir quem seria poupado de seu chamado. Com isso, a luta contra a foice divina e pela sobrevivência na Copa reservou grandes duelos, catapultou os índices de infartos esta semana e, finalmente, ungiu os 16 classificados às oitavas-de-final.


GRUPO 1 - O já classificado Vélez recebeu o Universitario e derrotou os peruanos por 1 a 0. Com 15 pontos, os argentinos confirmam o favoritismo e a sina de sempre fazerem uma fase de grupos soberba. Na outra partida, a Morte fez a primeira vítima brasileira. O Atlético Paranaense viu-se obrigado a não perder na altitude boliviana contra o The Strongest, aniversariante do dia. Saiu atrás no placar mesmo após intervenções milagrosas de Weverton e chegou a empatar com gol de Adriano, o Imperador. Sim, você não leu errado. Mas não fez um bom segundo tempo. Levou o segundo gol, pouco criou, sentiu demais a altitude e não conseguiu o gol da classificação. Destaco os bolivianos que esbanjaram copeirismo nessa primeira fase e terminaram com 10 pontos acumulados. Já o Vélez dispensa apresentações.


GRUPO 2 - Depois de ceifar o Furacão da Libertadores, a Morte foi dar cabo do Botafogo. Outrora favorito, o Fogão caiu em desgraça ao não fazer a lição de casa contra a Unión Española. Foi obrigado a decidir a vaga na Argentina contra o San Lorenzo do Papa. Os argentinos entraram em campo com a faca nos dentes sabendo que havia por ali alguma chance, ainda que remota, de avançarem às oitavas. Para isso, precisava vencer, torcer contra o Independiente Del Valle, ou golear o Botafogo para superar o saldo de gols dos equatorianos, caso eles vencessem. Isso sem esquecer da dose extra de preces que o Sr. Bergoglio teria que empenhar em favor do Ciclón. Assim, Papa e Morte entraram num acordo de cavalheiros. A Morte daria cabo do Botafogo e o Papa cuidaria do saldo de gols. Afinal, O San Lorenzo massacrou o Botafogo por inapeláveis 3 a 0, resultado que classificou os argentinos graças ao resultado surpreendentemente surreal de Unión Española e Independiente del Valle, no Chile. 5 a 4 para os equatorianos visitantes indesejáveis. Então, chilenos em primeiro com 9 pontos e argentinos em segundo com 8. Unión avança sob os olhos da descrença e da bipolaridade. San Lorenzo chega respeitado e, sobretudo, respaldado.


GRUPO 3 - No grupo mais imprevisível da Libertadores onde todos poderiam avançar, campo e camisa fizeram a diferença. O Cerro Porteño fez valer o fator casa para bater o Deportivo Cali em um eletrizante 3 a 2. Já o Lanús deve dar todo o bicho do jogo ao goleiro Marchesin. No Chile, o O'Higgins precisava vencer para avançar. Porém, o arqueiro do Lanús pegou pensamento e até um pênalti aos 41 minutos do segundo tempo garantindo o 0 a 0. Assim, o Cerro ficou na ponta com 10 pontos e Lanús em segundo com 8.


GRUPO 4 - O Atlético Mineiro sobrou no grupo mesmo apresentando um futebol bem abaixo daquele que o consagrou ano passado. Com Autuori na casamata, o Galo se transformou em um time mais pragmático e menos instintivo. A transição no comando técnico não atrapalhou a campanha da primeira fase: líder com 12 pontos (3 vitórias e 3 empates). O último triunfo (1 a 0, gol de Jô) custou a cabeça dos venezuelanos do Zamora já que o Nacional do Paraguai bateu o Independiente Santa Fé por 3 a 2. Assim, os queridos paraguaios conquistaram o 8º ponto, a 2ª posição e o direito de seguir sonhando com a Copa.


GRUPO 5 - O grupo 5 ficou marcado pela ressurreição do Cruzeiro na competição. E tal ressurgimento passa pelo fraquejo da Universidad de Chile. La U liderava ao término da 4ª rodada, mas veio o Cruzeiro lhe fazer mal. O Cruzeiro na La U e o Defensor a liderar. Última jornada obrigava os chilenos a buscarem a vitória Andes abaixo, contra os serelepes uruguaios do Defensor lá na região da Plata, que tinham ainda o benefício de empatar a peleja. Era certo que o Cruzeiro iria golear o Real Garcilaso e roubar uma vaga, então, a vitória era obrigatória pelo lado chileno. Contudo, os uruguaios aproveitaram o fator regulamento, amarraram o 1 a 1 que lhes assegurava a liderança com 11 pontos e assim foi. Coube, então, aos brasileiros cobrirem o Garcilaso de gols. 3 a 0 foi mais que o suficiente para deixar a Raposa na confortável segunda posição com 10 pontos. O Cruzeiro ganha novo ânimo, mas demonstrou que não é essa Brastemp toda. E atenção à dupla Arrascaeta e Gedoz do Defensor. A zoeira parece não ter limites para esses dois.


GRUPO 6 - Seguindo seu ritual macabro, a Morte fez uma parada em seu terreno, a famigerada casa 6. Sabia-se que, sabe-se lá por que motivo, poupou o Grêmio de qualquer penitência antecipada. Assim como degolou o Nacional do Uruguai logo no sorteio da chave. Foi esse confronto entre o já classificado e o já morto que fechou a chave. Nova vitória do Grêmio por 1 a 0 que lhe valeu a segunda melhor campanha geral com 14 pontos. Na Argentina, o confronto que valia a vida. O Newell's Old Boys entrou em campo podendo empatar com o Atlético Nacional. Mas a noite era cafetera. Vitória incontestável dos colombianos por 3 a 1 em atuação desgraçada da zaga argentina. O Nacional toma a vaga dos leprosos e mostram força, principalmente fora de casa como pode se ver.


GRUPO 7 - Como dito, a Morte estava com tudo e muita prosa. Para encerrar seus trabalhos nesta fase, optou por dizimar outro brasileiro da Copa. Ao Flamengo bastava encher o Maracanã e bater o León para avançar. Porém, os rubro-negros sabem bem o que significa decidir uma vaga em casa contra um time mexicano. Conta-se que havia um pouco de Cabañas em cada jogador do León no triunfo mexicano por 3 a 2 no mesmo Maraca abarrotado. Na outra partida do bloco, o Bolívar também explorou a altitude para vencer o Emelec por 2 a 1 e surpreendentemente terminar em 1º do grupo com 11 pontos, um a mais que o León.


GRUPO 8 - Por estas bandas, a Morte já havia dado seu recado. Todavia, evitou que o Santos Laguna ostentasse a melhor de todas as campanhas. Os mexicanos foram até a Argentina encarar o Arsenal e os hermanos venceram por 3 a 0. Nada que mudasse suas posições. Santos Laguna em primeiro com 13 pontos e Arsenal em segundo com 12. Um melancólio Peñarol ficou no 1 a 1 com o Deportivo Anzoátegui e nada mais merece ser comentado a respeito disso.




OITAVAS-DE-FINAL

Trabalho feito, a Morte assim dispôs os duelos na seguinte ordem da tábua de mata-mata:


Nacional x Vélez Sarsfield                                      
 x                                                                              
Arsenal de Sarandí x Unión Española                      

 X                                                                            

Atlético Nacional x Atlético Mineiro                
 x                                                                        
The Strongest x Defensor                                  
________________________________

San Lorenzo x Grêmio
 x
Cruzeiro x Cerro Porteño

X

Lanús x Santos Laguna
 x
León x Bolívar






quinta-feira, 10 de abril de 2014

Emoção à européia

As fases finais da Champions League são sensacionais, não importa quem esteja lá. Grandes jogos, grandes equipes. O único ponto chato é que nos últimos anos é sempre a mesma patota a alcançar as semi-finais. Mas nem por isso a emoção fica comprometida. 

Que o diga o Real Madrid. Tranquilo após ter aberto 3 a 0 no jogo de ida, comeu o pão que o diabo amassou na Alemanha contra o Borussia Dortmund. Deu sopa para o azar, é verdade, quando desperdiçaram pênalti aos 15 minutos de jogo com Di María parando em Weidenfeller. Daí em diante, o rolo compressor amarelo foi acionado. Reus marcou duas vezes ainda no primeiro tempo e incendiou o confronto. O gol que levaria o duelo à prorrogação parecia iminente. Porém, toda pressão do mundo não foi suficiente para superar os espanhóis.

Toda pressão do mundo que deu resultado para o Chelsea. O Paris Saint-Germain resguardava-se na boa vitória conquistada na França por 3 a 1 fato que permitia uma derrota por até um gol. Contudo, os franceses não suportaram a tal pressão. Stamford Bridge e Mourinho trataram de classificar os blues com requintes de mágica e crueldade. Schurrle entrou no lugar de Hazard, machucado, e pouco depois abriu o placar, aos 31 do primeiro tempo. Enquanto a torcida fazia sua parte, Mourinho lançava Fernando Torres na vaga de Oscar e trocava Lampard por Demba Ba. E foi justamente o senegalês que anotou o tento da vitória aos 41 da segunda etapa.

Na Alemanha, o Bayern tinha um protocolo a cumprir diante do Manchester United. Chegou a assustar o universo quando levou um gol dos ingleses. Susto que não afetou o controle emocional dos bávaros, únicos a estabelecer um patamar mínimo para as brincadeiras de mal gosto. Prontamente ligou o modo demolição e atropelou os Diabos Vermelhos por 3 a 1. 

Por fim, o duelo mais esperado. Atlético de Madrid e Barcelona voltavam a se enfrentar após o empate por 1 a 1 na semana passada. E foi um massacre. Quem pensa que Messi, Neymar e cia. deitaram para cima dos colchoneros, muito se engana. Os comandados de Simeone mesmo desfalcados de Diego Costa e Arda Turam acadelaram o Barcelona. 5 minutos bastaram para abrirem o placar. Com 15 minutos, a trave catalã havia sido carimbada 3 vezes. Messi, bizarramente discreto, pouco ajudou. Limitou-se a uma cabeçada e só. O Atlético perdeu uma infinidade de gols e só passou apuros no placar apertado porque quis. No entanto, ao final selou-se a eliminação do Barça e o ingresso do estranho Atlético nas semi-finais.

Temos, pois, Real Madrid, Atlético de Madrid, Chelsea e Atlético de Madrid. O sorteio final reserva uma gama de duelos interessantíssimos. Pode rolar Mourinho x Real Madrid; o dérbi madrilenho entre Real e Atlético; o duelo dos milionários entre Bayern e Chelsea; uma revanche entre Real x Bayern que se pegaram nas semi da UCL de 2012, vencida pelo Chelsea. 

Sim, amigos, há emoção no Velho Continente.


segunda-feira, 7 de abril de 2014

Iludir-se é preciso

Futebol é paixão, é talento, é emoção, é todo tipo de sentimento lindo de cantar em verso e prosa entre sorrisos e abraços de amigos ou ilustres desconhecidos numa propaganda qualquer. Esquecem que o futebol também é feito de ilusão. Sem dúvida nenhuma, é esse ingrediente que temperou e trouxe algum sabor às partidas finais de um tal Paulistão.

Quem parou para assistir ao primeiro duelo da final do Paulistão o fez por instinto, pela praxe de se sentar em frente à tevê às 16 horas. Silencioso, murmurou quão legal seria ver o simpático clube de Itu campeão Paulista mas já ciente de que iria ter que se contentar em ver o Santos dominar completamente a partida enquanto o Ituano esboçaria certa solidez defensiva configurando nada além do que uma honrosa resistência ao ataque adversário mas que, cedo ou tarde, sucumbiria diante da artilharia pesada dos Meninos da Vila. Ao final, todos se lembrariam que não se tratava propriamente de uma final. Era tão somente um protocolo.

Só que aos 20 minutos do primeiro tempo, Cristian acendeu o fogo da ilusão na mente de cada um de nós. A jogada fantástica, digna daqueles garotos a trajar branco, resulta na finalização cruzada do meia. Então uma enxurrada de pensamentos vem à tona. Coisas como "é só segurar" seguidas de "tomara que encaixem mais um contra-ataque" contrastaram com a ponderação de que "hmft, é cedo. Logo o Santos empata, vira e goleia". 

Tal consideração tomou força quando foi assinalado pênalti mandrake para o Santos apenas 15 minutos depois do gol. Lembranças de um aguerrido Guarani atropelado em duas partidas em 2012 deram o ar da graça.

Porém, Cícero, certamente em sinal de protesto ou confuso com qual modalidade de futebol exercia seu ofício, anotou um field goal de aproximadamente 59 quilômetros. Uma vez garantia a manutenção do placar, a televisão insistia a nos iludir com aquele resultado surreal.

O Peixe tentou de tudo. Oswaldo apelou para Rildo e Stéfano Yuri mas, inexplicavelmente, não seu certo. Inclusive, até permitiu algumas investidas dos rivais nos contra-ataques. O Ituano provou porque possui a melhor defesa do Paulistão e garantiu o 1 a 0. Ao mudar de canal, o mantra agora ensaiado mentalmente remetia ao Santo André que em 2010 chegou muito perto de realizar o milagre do título.

Domingo que vem o Ituano joga pelo empate. Se o Santos devolver a vitória por um gol de diferença, o jogo irá para os pênaltis. A qualidade e a regularidade do Santos dão a certeza de que a atuação fora do normal não deve se repetir. Que diga o São Caetano em 2007. Abriu 2 a 0 e na semana seguinte caiu pelo mesmo placar. 

A história ratifica que o triunfo dos bravos de Itu é uma ilusão. Mas o que tem? A verdade é que é possível.


sexta-feira, 4 de abril de 2014

Salve-se quem puder.

Encerrada a 5ª rodada Libertadores. Conhecidos os primeiros classificados às oitavas-de-final, ratificou-se algumas decepções anunciadas. Agora, há apenas 3 pontos em jogo para cada equipe. O caos e o deus-nos-acuda ditarão as regras dos últimos 90 minutos de fase de grupos que assim ficaram:


GRUPO 1 - A rodada promoveu uma bela zoeira aqui que nem saberia por onde começar. Só sei que o The Strongest deu uma aula prática de copeirice e como se jogar uma Libertadores. Tudo começou com a vitória do Vélez sobre o Atlético Paranaense que garantiu os argentinos nas oitavas. O Furacão desperdiçou seu último jogo em casa e manteve 9 pontos. Daí os bolivianos foram enfrentar os morimbundos do Universitario. Surrealmente os peruanos abriram 3 a 1. Mas, mais surrealmente ainda, o The Strongest buscou o empate aos 44 do segundo tempo que lhe valeu o 7º ponto. Eis que na última rodada, o Furacão vai subir os milhões de metros de altitude precisando simplesmente não perder para o tinhoso Strongest de Escobar, aquele paraguaio que já perambulou pelo interior de São Paulo.


GRUPO 2 - Não há dúvida. Aqui o critério de desempate será as orações do Papa. A Morte saiu do grupo 6 para entregar seu cartão aos integrantes do bloco 2. Tudo começou pela via crucis do San Lorenzo ao purgatório. A sorte sorria aos argentinos até os acréscimos da partida contra o Independiente del Valle, no Equador. Venciam até o surgimento de um pênalti convertido pelos mandantes que tirou 2 preciosos pontos dos argentinos. O empate deixou ambas equipes com 5 pontos. Ah, o lanterna é justamente o San Lorenzo que, graças ao Botafogo, ainda pode sonhar com a classificação.

Aproximadamente 40 mil pessoas testemunharam a tragédia que se passou com o Botafogo na noite de quarta no Maracanã. Era receber o Unión Española, vencer, carimbar vaga para as oitavas e relaxar na última rodada. Todavia, o Fogão não conseguiu superar a retranca chilena, tampouco a limitação patológica de Henrique no comando de ataque, em que pese ter dominado 100% da partida. Para piorar, em uma das raras aparições no ataque, os visitantes acharam um pênalti que resultou no gol da classificação dos comandados de Sierra (Aquele). 

Na última rodada, os classificados chilenos receberão um esperançoso e também vivo Independiente. Por seu turno, o San Lorenzo receberá o Botafogo com a obrigação de vencer, além de rezar pelo Unión. Os brasileiros jogam pelo empate desde que o Independiente não vença por 3 gols de diferença. 


GRUPO 3 - Uma reviravolta espetacular que mantém os 4 integrantes com chances palpáveis de avançar. O Lanús, então lanterna até os idos da 3ª jornada, renasceu e além de vencer o Cerro Porteño, tomou-lhe a liderança com 7 pontos (saldo de gol +1), embora os paraguaios estejam em segundo com a mesma pontuação e zero gols de saldo. Deportivo Cali e O'Higgins ficaram no 1 a 1. Os cafeteros igualaram os 7 pontos dos líderes, mas tem saldo de 1 gol negativo. E os chilenos contam 6 pontos. Na derradeira rodada, O'Higgins recebe o Lanús, que só precisa empatar para seguir. E o Cerro recebe o Deportivo. Ambos precisam da vitória, óbvio. Mas os paraguaios podem avançar com um empate desde o Lanús faça sua parte.


GRUPO 4 - Esperava-se que o Atlético Mineiro sobrasse no grupo a ponto de ficar com uma das duas melhores campanhas gerais, no mínimo. Nem mesmo os altos e baixos do Galo o impediu de classificar-se antecipadamente. Segurou um suado empate contra o Independiente Santa Fé, na Colômbia, atingiu 9 pontos e novamente participará da roleta russa das oitavas-de-final. O Zamora derrotou o Nacional e ocupa o segundo lugar com 7 pontos. Paraguaios e colombianos ficam com 5 e sonham com a próxima fase.

A derradeira jornada reserva algumas possibilidades interessantes. Atlético x Zamora e Nacional x Independiente. Bem, um empate pode classificar o Zamora, desde que o vencedor do outro jogo seja o Nacional e que este não vença por mais de 3 gols de diferença. Aliás, os venezuelanos podem avançar até se perderem, caso paraguaios e colombianos empatem. No mais, vitória do Galo carimba o passaporte de quem vencer a outra partida.

GRUPO 5 - A Morte também aproveitou a rodada de passeio para fazer uma visitinha ao grupo 5 e resolveu dar sua contribuição maligna para o duelo final entre Defensor e La U, no Uruguai. Uruguaios lideram a patota com 10 pontos após a vitória sobre o Real Garcilaso lá na altitude peruana. A Universidad de Chile ainda sustenta bravamente a segunda colocação (9 pontos), mas entrou para o seleto grupo de risco da Libertadores, ou seja, aqueles times que precisam se coçar na última rodada se quiserem permanecer vivos na Copa.

Isso porque sucumbiu novamente diante do Cruzeiro. A traulitada tomada no Mineirão por 5 a 1 não foi tão traumática quanto os 2 a 0 sofridos no Estádio Nacional. Vendeu caro sua classificação antecipada e trouxe o Cruzeiro de volta à briga. Os mineiros foram a 7 pontos e, na última rodada, terão pela frente o já eliminado Real Garcilaso, no Mineirão. De se esperar a classificação da Raposa em virtude do clima de revanche vingança pelo incidente racista com Tinga e pela derrota logo na estreia do torneio, fatores que, aliados à qualidade cruzeirense e ao clima de decisão criam certa expectativa em torno de uma goleada sobre os peruanos. Porém, de bom tom ressaltar as combinações:

O negócio é o seguinte: Defensor (+6 gols de saldo) joga pelo empate. Caso o Defensor perca por um gol, o Cruzeiro (+3) terá que vencer por pelo menos 2 gols para igualar o saldo e eventualmente tomar-lhe a vaga. Se uruguaios e chilenos empatarem, La U só avança se o Cruzeiro não vencer pois tem 3 gols negativos na conta.


GRUPO 6 - O Grêmio foi encarar o Atlético Nacional sabendo que o Newell's havia dizimado o Nacional por 4 a 2 e alcançado a virtual liderança da chave com seus mesmos 8 pontos. Também sabia que os colombianos precisavam desesperadamente da vitória pois, além de ostentarem 7 pontos, terão o Newell's pela frente lá na Argentina. No entanto, o Tricolor Imortal mostrou que não veio nessa Libertadores a passeio. Mesmo fora de casa, venceu os cafeteros por 2 a 0 e garantiu presença nas oitavas, além de dar uma baita ajuda aos argentinos. Enquanto o Grêmio fará um duelo de compadres contra o finado Nacional, o Newell's joga em casa e com o direito de empatar com o Atlético Nacional. 


GRUPO 7 - Um tumulto muito interessante acá. De cara se percebe o nível de surrealidade do grupo quando nos deparamos com o Bolívar a capitanear o bloco com 8 pontos. Isso depois de, sabe-se-lá-como, vencer o León, lá no México. Os mexicanos caíram para segundo, estagnados nos 7 pontos. Mas eis que surge um companheiro para o León. O Flamengo derrotou o Emelec, no Equador, por 2 a 1. Alecsandro, de pênalti, abriu o placar. No segundo tempo, os mandantes igualaram. Então, Negueba recebe livre na esquerda e descola lançamento primoroso para Paulinho, aos 47 do segundo tempo, deixar o Mengão a uma vitória simples diante do León para seguir adiante na Liberta. Ainda que os brasileiros joguem em casa, são os mexicanos quem trazem a vantagem do empate. Na outra partida, cabe ao Emelec a missão ingrata de ter que derrubar o Bolívar do alto daqueles infinitos pés de altitude. Só a vitória pode classificar os equatorianos. 


GRUPO 8 - Eis o primeiro grupo que sabemos os dois classificados. O Santos Laguna tratou de por termo à primavera que o Peñarol ensaiava e, com um sonoro 4 a 1, assegurou a 1ª posição. Por sua vez, o Arsenal foi à Venezuela garantir sua classificação com um triunfo sobre o Deportivo Anzoátegui por 3 a 1.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Vejamos no jogo de volta

Como se esperava, os duelos válidos pelas quartas-de-final da Champions League geraram certo ouriçamento graças às camisas envolvidas nos embates. Pra variar, algumas surpresas. Umas esperadas, outras nem tanto, mas tudo dentro de um senso comum protocolar que pondera com ar filosofal: "vejamos no jogo de volta...".

Iniciemos com quem fez o favor de estragar parte da graça em seu duelo. Tinha que ser o Real Madrid de novo! Para chegar à semi-final pela 4ª temporada seguida tinha pela frente o Borussia Dortmund, seu algoz ano passado. A vingança tardou mas não falhou. No Santiago Bernabéu, os merengues enfiaram 3 a 0 nos alemães, gols de Bale, Isco e, ele, Cristiano Ronaldo. Classificação encaminhada e justa. O Real está jogando muito bem, CR7 e Bale atravessam grande fase, e o Borussia perdeu algumas peças que o impedem de ser aquele time baderneiro da temporada passada.

Agora os três jogos que ainda tem traços de emoção à mostra.

A França não vê o título desde o controverso triunfo do Olympique de Marseille em 93. Sendo assim, a pressão sob os ombros do Paris Saint-Germain era proporcional à injeção financeira aplicada na equipe nas últimas temporadas. O adversário também era um nobre endinheirado, o Chelsea. Pois os franceses mostraram a que vieram e venceram por 3 a 1. Lavezzi, David Luiz (contra) e Pastore mantém o sonho da Champions vivo pelos lados da Cidade Luz. Hazard descontou para os ingleses. Graças a este tento fora de casa, os blues precisam de uma vitória por 2 gols para avançar. Possível. Pois o PSG perdeu Ibrahimovic por contusão. E principalmente por contar com Mourinho no banco. 

Premiado com o Bayern de Munique, o Manchester United precisava mostrar um futebol que ainda não mostrou nesta temporada. Em Old Trafford, os ingleses foram dominados pela tortura alemã comandada por Pep Guardiola, porém não saíram em completo prejuízo. O empate por 1 a 1 deixa o Bayern confortável para seguir com sua cartilha de como se dominar uma partida e sufocar o adversário a seu bel prazer. Entretanto, há de se considerar que do outro lado temos um Manchester United com orgulho ferido e em busca de alguma redenção neste final de temporada. 

Por fim, o duelo espanhol entre Barcelona e Atlético de Madrid. Quem queria ver Messi e Diego Costa teve que se contentar com Neymar e Diego-que-não-é-o-Costa. Os ex-Meninos da Vila roubaram a cena no clássico ao anotar os gols do confronto. Em que pese a dominância de praxe da parte catalã, foram os colchoneros quem abriram o placar com o meia predestinado. Com a contusão de Diego Costa, Diego saiu do banco para disparar um tirambaço do meio da rua direto na gaveta de Pinto, calando o Camp Nou. Daí o que dominância virou pressão propriamente dita. Messi, discreto, viu Iniesta furar o ferrolho dos visitantes e encontrar Neymar entrando em diagonal pela esquerda para fuzilar Courtois. Após a igualdade, o goleiro belga ainda protagonizou uma série de grandes intervenções. E foi isso. Atlético foi bem, tem sido um adversário duríssimo e joga pelo 0 a 0 em seus domínios mas possivelmente sem Diego Costa. O Barça tem o super-trunfo Messi, Neymar, Iniesta, e tudo aquilo que sabemos de cor e salteado. Na torcida pelos colchoneros, embora a classificação do Barça seja a aposta mais certeira.