Brasil e Argentina pararam por 90 minutos para ver o primeiro duelo da final da Libertadores. Boca Juniors x Corinthians. Duas torcidas imensas, apaixonadas e que carregam o amor e o ódio de seus países. Enquanto os hermanos ostentam 6 títulos da competição mais importante do continente, o Timão segue na perseguição implacável ao seu primeiro triunfo.
Como todo jogo decisivo, foi um jogo tenso. Ambos times tiveram suas chances de gol aqui e acolá. Importante dizer que o Corinthians, mesmo sob a pressão da mítica La Bombonera, não se comportou como um visitante amedrontado. Fiel ao seu estilo, defendeu-se muito bem e arriscou seus contra-ataques tal como era possível.
O segundo tempo reservou toda dose de emoção que o primeiro insistiu em reprimir. O gol chorado de Roncaglia depois de mãozada de Chicão na bola, que bateu na trave, e sobrou para o beque xeneize foi o início do que poderia ser a derrocada corinthiana no jogo.
No entanto, o Timão foi heroico e não só suportou a pressão do Boca como alcançou o empate em gol do novo talismã da Fiel, Romarinho. O garoto que até anteontem estava no Bragantino, ontem fez os dois gols da vitória alvinegra contra o rival Palmeiras e hoje foi o encarregado de reavivar o sonho do título inédito ao marcar um golaço. Recebeu de Sheik e, de cavadinha, mandou para as redes, sem dó nem piedade: 1 a 1.
A igualdade persistiu até o final da partida. A sorte sorriu para o Corinthians que ainda viu Viatri carimbar o travessão e Cvitanich, sem a sorte de Neymar, vir a bola bater em si e sair pela linha de fundo.
1 a 1. Igual. Sem gol qualificado, sem vantagem de resultados iguais, nada. Tudo rigorosamente igual. A tese do "nada está ganho" ganha força entre os rivais, que direcionam toda sua fé no Boca e em sua tradição na Libertadores. Afinal, não é para menos: os hermanos levantaram 3 Libertadores contra Brasileiros em território tupiniquim (Palmeiras/2000, Santos/2003 e Grêmio/2007).
Porém, do outro lado, há Tite, treinador em estado de graça, há o time de melhor sistema defensivo do Brasil, há jogadores experientes, um elenco interessante e, sobretudo, competente. Tudo isso arrancou um empate precioso sobre a equipe mais perigosa da América.
Óbvio que nada está definido. Contudo, é inegável que o feito do Corinthians o credencia ao título muito mais que o tradicional clube argentino. Se nesses primeiros noventa minutos o placar indicou o empate, ao meu ver, não restam dúvidas de que o Timão saiu vencedor dessa batalha.
Se o sonho já era possível (ler aqui), agora está a apenas 90 minutos de se tornar realidade.