Duas vezes melhor do mundo. Show man. Participação ativa na campanha do pentacampeonato da Seleção. E baladeiro. Esse é Ronaldinho Gaúcho. Um moleque habilidoso, espetacular, que ganhou o mundo com a bola nos pés. Além de muita grana. Daí, subitamente, a vida ficou sem graça. Hoje, no auge do seu declínio, o Brasil atira suas pedras ao menino sorridente dos dribles incríveis. Merece as críticas e outra chance. Mas não as pedras.
Ao longo da história de amor entre Flamengo e Ronaldinho Gaúcho jamais houve santo. Basta lembrar que a contratação do craque veio após longo leilão promovido por Assis, irmão do jogador. As altas cifras envolvidas deixaram a expectativa de que R10 justificaria cada centavo com gols, assistências, dribles.
Não foi o que ocorreu e, pior, ambos começaram uma batalha de quem descumpre mais suas obrigações. Enquanto o Flamengo ou a empresa responsável por parte de seus vencimentos não arcavam com a integralidade dos salários, Ronaldinho se esbaldava nas farras, nas ausências do treino e nas atuações medianas.
Evidente que "parcela de direitos de imagem" não exatamente são equivalentes a salários. Entretanto, na maioria das vezes, tais valores se confundem. Uma vez estabelecida tal relação é possível requerer a rescisão indireta do contrato de trabalho e seguir sua vida. Direito de qualquer trabalhador, basta olhar a CLT.
O apelo de mídia que essa batalha gerou deixou a imagem de Ronaldinho mais um pouco abalada. Displicente, relaxado, ex-jogador em atividade. O Brasil o obriga a seguir sua vida na China, na Arábia, longe. Torcedores fecham as portas de seus clubes como se R10 fosse a reencarnação do demônio.
E aí, pecam.
Colocar Ronaldinho Gaúcho no mesmo saco de Adriano e Jobson é cruelmente injusto. Por mais que os três estejam pouco se lixando para as próprias vidas e carreiras, Ronaldinho chega ao "fundo do poço" pela primeira vez.
Não ficou exatamente claro para mim se Ronaldinho simplesmente largou mão do futebol e quer apenas enganar mais alguns anos até definitivamente se aposentar ou se sua queda de rendimento tem relação com a crise rubro-negra. Crise financeira, diretiva, total. Até paz pode virar crise no Flamengo pela falta de tumulto.
Ao meu ver, ir 'maomeno' no Milan é uma coisa. Voltar para o Brasil e ir mal também é outra. O cerne da crise reside quando um ex-craque tem dificuldades em jogar bem mesmo em palcos de níveis mais modestos.
Dos exemplos que mencionei, vejamos: Adriano teve uma passagem aceitável por São Paulo e Flamengo. No retorno à Roma, caiu para valer. Descansou no Corinthians e conquistou a desconfiança de todos. Jobson teve todas as chances do universo no Botafogo (principalmente) e, hoje, sabe-se lá quanto vai durar no Barueri.
Ronaldinho realmente merece ser crucificado por ter sido somente "regular" em sua passagem pelo Flamengo? Sinceramente? Na minha opinião, não. Gaúcho merece, pelo menos, mais uma chance de mostrar se está disposto a jogar bem, dentro de suas condições físicas, e de ser minimamente profissional.
Evidente que nenhum clube brasileiro teria interesse em investir tanto em um atleta de 32 anos e "problemático" como ele. Só que e se aparecesse um grupo de investimentos? Circula que o Palmeiras foi sondado para tal operação. Eu toparia fácil. Gastar relativamente pouco para correr o risco de fazer vingar um dos melhores jogadores dos últimos anos? Mas com certeza!
Melhor do Mundo em 2004 e 2005, 32 anos, experiente, visão de jogo incrível, pés calibrados para passes, chutes e bolas paradas. Alto salário e baladeiro. Muitos prós, poucos contras. Eu arriscaria.
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