domingo, 3 de junho de 2012

Obrigado, Popó!

Sentado no chão da sala tarde da noite de sábado para assistir uma luta de Popó foi como uma viagem no tempo até minha infância. Não me lembro quando foi a última vez que acompanhei o baiano sorridente de cara amarrada destilar seu estilo demolidor nos ringues. (sim, ele consegue botar pinta de malvado e mesmo assim ter um semblante relativamente dócil). Aliás, nunca fui fã de boxe. Mas era Popó. E, sentado no chão da sala, torci como nunca na minha vida.

Em tempos de MMA, ver uma luta de boxe parece algo primitivo, como se faltasse alguma coisa. Uns pontapés, umas cotoveladas. Porém, a beleza do boxe é justamente esta. É você, seu jogo de pernas, a velocidade na esquiva e no encaixe de uma chuvarada de socos e o adversário, usando a mesma técnica que você. 

Dá para perceber que não entendo patavinas de boxe. Nem sei por qual dos trocentos Conselhos de Boxe a luta era válida (era válida?). Só que a oportunidade de ver uma luta de Popó novamente era algo único. Era o ídolo de uma geração que assimilava o boxe à ferocidade de Popó nos ringues. 

Claro que falo por aqueles que conhecem o boxe pelos feitos cantados a verso e prosa de Éder Jofre, Popó e dos duelos de Tyson no "Boxe Internacional" na Globo. Eu só queria que Popó incorporasse aquele cara que acabava suas lutas em 1 ou 2 rounds quando muito. Era simplesmente insano. Ele chegava, colava no adversário e começava a bater, bater, bater até que o cara caísse. 

Nunca tinha ouvido falar no tal Michael Oliveira. Disseram que é campeão latino, tem 20 e poucos anos, invicto, maioria de vitória por nocautes e se auto-denominava o "Rocky Brasileiro". Que marra, hein? Brasileiro? O próprio site oficial do cara declara que ele nasceu aqui e já se mudou para os EUA. Que raio de brasileiro o cara pensa que é? Humft!

No clima de arquibancada de futebol, surge Popó. Saltitando, calção preto e aquela mesma cara de quem vai matar ou morrer no ringue. Infelizmente, a falta de ritmo e o peso da idade o fizeram adotar uma postura mais cautelosa. No entanto, não deixou de tomar a iniciativa e desferir suas marretadas na jovem promessa do boxe.

Passaram-se um, dois, quatro, cinco rounds e a luta truncada. Ao meu ver, Popó ganhou a maioria dos assaltos. Não estava mal. Mas cozinhar a luta até os últimos rounds poderia exigir demais de sua condição, certo? Até parece! Popó batia e se esquivava com uma destreza impressionante para quem não lutava desde sabe-deus-quando (2007, para ser mais exato). O sonho de impor a primeira derrota no Rocky Falastrão era uma realidade. Chegou a girar o braço como uma manivela à lá Sugar Ray! (obrigado, comentarista do Sportv pelo esclarecimento! hehe)

No 8° assalto, Popó cresceu. A alegria e ousadia do boxe aproveitou o bom final de 7º round para castigar o garoto, que não aguentou. Foi para cima e tum-tum-tum-tum levou o camarada à lona e venceu seu 39º combate, por nocaute técnico. Somente 2 derrotas. Isso é Popó. Portais adentro Popó revelou ter se preparado como nunca para este duelo. Disse que seguia treinando embora não mais lutasse. Que importa?

O sábado terminou feliz com mais uma luta vitoriosa de Popó. E fui dormir dando soquinhos gingados no ar como se tivesse minha parcela de contribuição no triunfo do deputado. Obrigado pela lembrança, Popó! Muito obrigado!  




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