quarta-feira, 30 de maio de 2012

A Seleção Brasileira e eu.

"Eu não gosto da Seleção Brasileira". É essa frase que grita em minha mente quando acompanho algum jogo da Seleção. Eu não consigo ter a mínima empolgação para torcer. Não me animo em ver "a pátria de chuteiras" desfilando seu futebol. Esse arroubo de patriotismo ao ver o escrete canarinho em campo, infelizmente, talvez, não me comove.

Busco na memória quando minha aversão pelo escrete canarinho começou e lembro de quando era ainda bem menino e vi a Seleção Olímpica de 1996 ser eliminada pela Nigéria. Óbvio que não recordo detalhes, mas lembro bem de ver o gol de Kanu e aquele clima de velório tomar conta do país. Pô, eu, no alto dos meus 8 anos sabia bem quem era o Brasil e quem era a Nigéria. Perder para a NIGÉRIA? Sacanagem! 

Engraçado. Em 1994, com 6 anos eu vi o Brasil ser tetracampeão mundial. Algumas imagens dessa Copa me marcaram bastante. Juro que se eu forçar um pouco sou capaz de lembrar, pelo menos, alguma coisinha de cada partida daquela vitoriosa campanha. Comemorei com minha família na casa da minha madrinha o feito inédito. Fogos, gritaria, sensacional!

Eu não tinha a mínima noção de tática. Para mim, importava ganhar. Se o time ganhasse era bom e estava de bom tamanho. Aquela formação de 94 que era limitada, amarrada e tão criticada despertou meu amor pelo futebol de resultado. Arte? Que mané arte! Eu quero ganhar!

E veio 1996. Depois disso, lembro de ter comemorado ironicamente a derrota para a França. É, eu ainda estava de mal do Brasil, time bobão. A partir dos anos 2000 comecei a amadurecer minha observação de futebol, a curtir mesmo a parada e em 2002 eu não tinha mais aquela birra infantil, era desdém. Não me preocupava em torcer contra. Não ia comemorar se ganhasse nem acharia de todo ruim se perdesse.

Hoje, vendo bem, aquele time tinha Felipão, que levou o time na unha construído na base do meu querido 3-5-2 (ou 7-0-3, como queiram) era composto por atletas que realmente jogavam com vontade, com culhões. Scolari peitou o país, levou quem quis e fez com que sua "família" repetisse o feito do desconfiado esquadrão do tetra.

Minha indiferença persistiu nos anos seguintes, mesmo com o penta. Ah, uma observação com cara de exceção. A Seleção somente ganhava meu apoio incondicional nos duelos contra a Argentina. No mais, tanto fazia. Afinal de contas, se o Brasil ganha, quem perde? Vou tirar sarro de quem? E quando ganha, todos ganham, ora. Não tem graça. Não me apetece.

Até que em 2006 veio o papo de Parreira e o quadrado mágico. E aquele time capenga. Muita farra na concentração, muito desinteresse, o início dos problemas físicos de Ronaldo e Adriano. E a porcaria de quadrado mágico. Parreira, técnico que admiro muito, deve ter sido forçado a escalar o time daquela forma, ninguém me tira isso da cabeça. O meio todo aberto, sem pegada, meio desorganizado, displicente. E o desdém voltou. Com aquele time especificamente eu, lá no fundinho, torci contra. Sentia-me ofendido, sem brincadeira.

Foi quando tive um surto de patriotismo. Quando Dunga assumiu o comando da Seleção e começou a colecionar massacres contra a Argentina e outras potências com um time recheado de atletas renegados, contestados, porém, besuntados no óleo da hombridade e esbanjando garra e disposição comecei a ver a Seleção com outros olhos.

O triste fim de Dunga, um vencedor com a Amarelinha seja dentro ou à beira das quatro linhas, fulminado pela ridícula cultura brasileira em se demitir treinador em razão de uma derrota inesperada (Oi? Em mata-mata de Copa a única coisa que se espera é a vitória?!) novamente me deixou órfão. 

Agora, sob a batuta de Mano, vejo o fantástico futebol brasileiro surrar o mediano time dos EUA. Vejo o rebelde Oscar jogar muita bola, Neymar e Marcelo infernizarem a zaga adversária pelo lado esquerdo. Hulk garimpar seu espaço jogando com eficiência. Torço o nariz para Damião e sua falta de tranquilidade nas conclusões ou de habilidade em fazer algo diferente do que ficar plantado no meio da zaga adversária, e com esse lado direito que parece ser o ponto fraco da esmagadora maioria dos clubes brasileiros.

Vem à tona o lance de Copa no Brasil. De construção dos estádios, dos investimentos que serão feitos, da corrupção em torno das verbas destinadas a tais fins. E fico mais puto em pensar em corrupção e toda aquela zona que fazem com o meu dinheiro. Paro e lembro que a Seleção de 70, eternamente cultuada pelo futebol apresentado, foi pano de fundo para a ditadura militar. Começo a enlouquecer ao estabelecer que o próprio futebol em si faz parte do maldito pão-e-circo que subliminarmente nos é distribuído.

Acaba o jogo. O Brasil goleia os EUA por 4 a 1. Um pênalti duvidoso, um gol de cabeça em falha da zaga e do goleiro, outros dois em belas tramas ofensivas. Sofreu um gol evitável. Um jogo agradável de se ver, bem movimentado. O juiz apita. Termino o post, atualizo o blog e vou dormir esperançoso. Agora, só faltam 7 dias para o Brasileirão voltar.






Nenhum comentário:

Postar um comentário