Missão ingrata a do Guarani. Ter que reverter os 3 a 0 da primeira partida era pouco animador. Ainda mais depois de ver o Peixe aplicar impiedosos 8 a 0 sobre o Bolívar - com o detalhe que tinha perdido o primeiro jogo por 2 a 1. Se servia de estímulo, essa semana tivemos algumas viradas expressivas. Porém, em nenhum caso um time mais modesto era o protagonista do milagre.
Como derrotar o Santos? Como derrotar esse Santos? Atacar, rezar para não sofrer gol e realmente ter um aproveitamento infinito nas finalizações. Basicamente, era isso que o Bugre precisava. Quebrar o equilíbrio dos times de Muricy ou encontrá-los em um dia ruim é bastante raro. Hoje, não foi diferente.
Simplesmente 1 minutos após a bola rolar, 1º ataque do Santos, 1º gol. Neymar serve Elano na direita que cruza para Alan Kardec entrar de carrinho e complicar só mais um bocado as coisas para o Guarani.
A mil, o Guarani achou o empate 3 minutos mais tarde. Danilo Sacramento invadiu pela esquerda e bateu cruzado. Rafael falhou, soltou nos pés de Fabinho que desviou para as redes. Jogo empatado e ainda tenso para o Bugre.
Apenas quatro minutos após o gol de Fabinho, Paulo César de Oliveira deu sua contribuição desnecessária ao Santos ao ver toque voluntária de mão de Fabio Bahia dentro da área. Pênalti que Neymar, ex-mau cobrador, converteu com categoria. Ao meu ver, por ser curta a distância entre a bola e o braço do jogador, além de não se vislumbrar chance real e concreta de gol, não era caso para reconhecimento da infração. Enfim.
Parênteses: Os últimos pênaltis de Neymar, especialmente os contra São Paulo e Guarani, foram batidos da forma que considero ideal. Sem gracinhas, forte, e no alto. Improvável o goleiro buscar. Enfim, outro fundamento no qual o jovem craque já aprimorou em sua meteórica ascensão.
Só que o primeiro tempo estava longe de acabar. Mostrando hombridade, o Guarani foi em busca do empate aos 16 minutos. Fabinho cruzou, a zaga vacilou e a bola encontrou Bruno Mendes para tirar de Rafael e igualar o marcador. Não fossem os gols sofridos e podia-se dizer que o Bugre estava quase lá.
Ainda na primeira etapa, o Guarani subiu de produção e perdeu, pelo menos, outras duas boas chances. O Santos ficou mais preso e encontrou alguma dificuldade em atacar. No entanto, defendeu-se bem e superou os apagões defensivos.
Veio os 45 minutos finais e em vez de notarmos aquele Bugre insinuante e ousado, vimos o Santos voltar como quem diz: "Bom, agora chegou nossa vez de brincar!". E só deu Peixe!
Aos 26 minutos, o golpe fulminante. Juan faz linda jogada pela esquerda e rola para Neymar, artilheiro do Paulistão, soltar o pé para anotar o 3º do Peixe. Explode o Morumbi! O show continua! Jogadas de efeito, 'olé' vindo das arquibancadas e caneco já assegurado.
No último lance da partida, o tiro de misericórdia. Alan Kardec recebe cara-a-cara com Emerson, pedala bonito e fecha a conta: 4 a 2.
Título justo do melhor time. Melhor time não somente pelo campeonato, mas pela qualidade de cada atleta que entra e não deixa a orquestra destoar. Inclusive, a qualidade do grupo já foi retratada aqui.
Neymar? Repito: O Brasil não é mais páreo para ele. Se quiser evoluir, é preciso encarar as forças europeias. Evoluir, ganhar mais corpo e, mais experiente, quem sabe ser na Seleção o craque que é no Santos.
Por fim, defendo que as comparações com Pelé a respeito de sua permanência no Santos é injusta visto que desproporcionais. Com 20 anos, Pelé já tinha decidido uma Copa para o Brasil. Em seu tempo, o futebol era mais bruto, mais emocional e a qualidade das equipes eram superiores. Mesmo as menores. Então, sendo Neymar um jovem craque, deve ser encarado como tal. Jamais equiparado a Pelé. E, por enquanto, sequer comparável a Messi.
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