quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Aprendamos com Deivid. Certos gols não merecem ser marcados

Bombou na rede o gol perdido por Deivid, atacante do Flamengo. Livre na pequena área, goleiro batido no lance, cara-a-cara com a meta, condição legal, jogo empatado, enfim, todos os ingredientes presentes para consagrar um atacante. E Deivid caprichosamente mandou na trave. 

A simples surreal discussão sobre como ele conseguiu fazer tal proeza me parece tola demais. Arrisco ir além: Certas jogadas nasceram para não serem concretizadas em tento, gol, explosão e alegria. Em outras palavras, tem gol que não pode sair.

Busco um exemplo supremo para ilustrar. O que seria daquele fantástico drible de corpo que Pelé aplicou no goleiro uruguaio na Copa de 70  culminasse no gol canarinho? E o popular "gol que nem Pelé conseguiu fazer"? O que dizer caso o chute do Rei fosse um pouco mais para a esquerda e encontrasse as redes adversárias? Gol que até Pelé fez?!

Exemplos de profissionais perdendo gols absurdos de fazer vergonha na várzea são bem fáceis e divertidos de assistir, basta gastar uns minutinhos no youtube. A audiência que uma bizarrice dessa gera só é preocupante à equipe prejudicada no lance e ao jogador, caso este tenha um mínimo de crítica pessoal. No mais, é prato cheio para a esculhambação imprensa adentro. Cria-se um ótimo álibi para qualquer revés, punição, afastamento, certo diretorias?

Contudo, entendo que o futebol não respira somente dos acertos e erros ordinários. É preciso olhar com mais carinho o papel da grosseria do finalizador. O que seriam das peladas com os amigos sem aquela furada insana? Aquele tropeço desengonçado? E o morrinho traiçoeiro que fulmina o domínio? Nada. Não haveria riso na cerveja depois do jogo tampouco piadinhas eternas sobre o lance.

Quanto aos erros, aliás, enquadro também as falhas e frangos engolidos pelos goleiros, claro. Contribuem para os "gols de devem sair", mas integram o folclore do futebol com a mesma força dos gols desperdiçados.

Os vacilos que levam torcidas ao delírio e ao desespero são o que movem a essência da paixão nacional. O gol faz toda a diferença. Logo, não fazer gol também tem a mesma sorte. Acirra disputa pela posição, deixa o olhar na tábua de classificação tranquilo ou apreensivo, dá ou tira um título, uma classificação...ou seja, tatua na memória do torcedor o extraordinário lance.

Por isso, Deivid, durma em paz. Às vezes, a bola simplesmente não pode entrar.




5 comentários:

  1. Excelente crônica. Parabéns !!!
    Iraja D.C.

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  2. Gabriel,
    belo texto cara...
    E você tem razão, certas coisas não são para acontecer, mas que é impressionante o lance, isso é, rsrsrs...

    BLOG DO CLEBER SOARES
    www.clebersoares.blogspot.com

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  3. Felipe Dutra F. Barbosa24 de fevereiro de 2012 às 11:11

    Fala Casaqui, ta de casa nova!?
    parabéns pelo texto. ganhou mais um leitor.
    abraços alvinegros da Vila!

    Felipe Dutra F Barbosa

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  4. Excelente... muito bom mesmo, tomara que o Deivid tenha lido isso daí...rs

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  5. Justifica o injustivicável.

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