quinta-feira, 28 de junho de 2012

90 minutos

Brasil e Argentina pararam por 90 minutos para ver o primeiro duelo da final da Libertadores. Boca Juniors x Corinthians. Duas torcidas imensas, apaixonadas e que carregam o amor e o ódio de seus países. Enquanto os hermanos ostentam 6 títulos da competição mais importante do continente, o Timão segue na perseguição implacável ao seu primeiro triunfo.

Como todo jogo decisivo, foi um jogo tenso. Ambos times tiveram suas chances de gol aqui e acolá. Importante dizer que o Corinthians, mesmo sob a pressão da mítica La Bombonera, não se comportou como um visitante amedrontado. Fiel ao seu estilo, defendeu-se muito bem e arriscou seus contra-ataques tal como era possível.

O segundo tempo reservou toda dose de emoção que o primeiro insistiu em reprimir. O gol chorado de Roncaglia depois de mãozada de Chicão na bola, que bateu na trave, e sobrou para o beque xeneize foi o início do que poderia ser a derrocada corinthiana no jogo.

No entanto, o Timão foi heroico e não só suportou a pressão do Boca como alcançou o empate em gol do novo talismã da Fiel, Romarinho. O garoto que até anteontem estava no Bragantino, ontem fez os dois gols da vitória alvinegra contra o rival Palmeiras e hoje foi o encarregado de reavivar o sonho do título inédito ao marcar um golaço. Recebeu de Sheik e, de cavadinha, mandou para as redes, sem dó nem piedade: 1 a 1.

A igualdade persistiu até o final da partida. A sorte sorriu para o Corinthians que ainda viu Viatri carimbar o travessão e Cvitanich, sem a sorte de Neymar, vir a bola bater em si e sair pela linha de fundo.

1 a 1. Igual. Sem gol qualificado, sem vantagem de resultados iguais, nada. Tudo rigorosamente igual. A tese do "nada está ganho" ganha força entre os rivais, que direcionam toda sua fé no Boca e em sua tradição na Libertadores. Afinal, não é para menos: os hermanos levantaram 3 Libertadores contra Brasileiros em território tupiniquim (Palmeiras/2000, Santos/2003 e Grêmio/2007). 

Porém, do outro lado, há Tite, treinador em estado de graça, há o time de melhor sistema defensivo do Brasil, há jogadores experientes, um elenco interessante e, sobretudo, competente. Tudo isso arrancou um empate precioso sobre a equipe mais perigosa da América. 

Óbvio que nada está definido. Contudo, é inegável que o feito do Corinthians o credencia ao título muito mais que o tradicional clube argentino. Se nesses primeiros noventa minutos o placar indicou o empate, ao meu ver, não restam dúvidas de que o Timão saiu vencedor dessa batalha. 

Se o sonho já era possível (ler aqui), agora está a apenas 90 minutos de se tornar realidade.
  

segunda-feira, 25 de junho de 2012

O canto do porco

Vibrante e eficiente. Esse é o Palmeiras da Copa do Brasil. Desorganizado e displicente. O mesmo Palmeiras, mas do Campeonato Brasileiro. Enquanto curte a expectativa de erguer uma taça após 4 anos de jejum, amarga a lanterna da principal competição nacional. No meio do tiroteio, Felipão já anunciou que sai no final do ano. Ou seja, neste cruel 2012, o Palmeiras dá seu canto de cisne com Scolari.

Há quem diga que o mal do Palmeiras seja o Felipão. Outros defendem que a diretoria é a maior culpada pelo momento do time. Os problemas financeiros construídos pelas gestões anteriores também encontram quem levante sua bandeira. Fato é que: ruim com Scolari, pior sem ele.

Seu estilo turrão e explosivo casou direitinho com os ânimos exaltados da colônia palestrina. O casamento perfeito teve direito a muitos títulos, inclusive a Copa Libertadores de 1999. Na ressaca dos esquadrões montados pela Parmalat, Felipão montou um Palmeiras aguerrido e de muita qualidade no trato da redonda.

Agora, sem Junior na esquerda ou Alex no meio, o treinador retorna às origens para formar um time copeiro na essência. Técnica? Não, obrigado. Daqui para frente, o que conta é coração e competência.

A Copa do Brasil reflete o tipo de torneio que Felipão adora. Qualquer time minimamente organizado e com vibração pode levar a melhor. Pseudo-retranqueiro, Scolari posta bem seu time atrás e aposta na bola parada de Assunção e na velocidade de Luan e Maikon Leite para a bola chegar até Barcos e dele para o gol. Fórmula simples. Mata-mata é assim, fazer o que?

Curioso é que os titulares que fazem do simples uma grande magia na Copa do Brasil sofrem no Brasileirão. As formações tiveram somente alterações pontuais - quando tiveram - e o mesmo time capaz de bater o Grêmio em pleno Olímpico conquistou somente DOIS pontos em DEZOITO disputados. Surreal, até mesmo para o Palmeiras.

Tapando o sol com a peneira, o porco volta seus olhos para o que realmente interessa. 4 anos sem título, sendo que o último troféu foi o Estadual sem graça é animador. No banco, um Felipão à espera de um triunfo recente para repaginar seu vitorioso currículo. Um treinador que não precisa provar mais nada pra ninguém, muito embora seus últimos trabalhos não tenham sido empolgantes.

Só que todo carnaval tem seu fim. Para não morrerem abraçados, Palmeiras e Felipão são cúmplices na tentativa de modificar presente e futuro às vésperas da dolorosa despedida. A tensão em ver aquele time limitado sem a energia de Felipão deixa uma interrogação no ar para os próximos anos. 

O título pode recolocar Palmeiras no eixo. O vice pode afundar o clube na agonia em que vive há algumas temporadas. Mesmo assim, está longe de ser candidato forte a rebaixamento. Não é medíocre como pintam e nem aquela maravilha toda do início do ano. Mas é o Palmeiras com Felipão e na Copa do Brasil. Juntos, podem encerrar dignamente uma história que já teve seus dias melhores. 




domingo, 24 de junho de 2012

Brasileirão 12 - Rodada #6

Não é só de Copa do Brasil e Copa Libertadores que vive nosso futebol. O Brasileirão já começou sim, senhor! Nesta rodada, muitas cervejas geladas a distribuir! Portanto, abrirei uma exceção e premiarei um bom punhado de clubes. Azar de quem se esforçou para terminar o domingo amargando uma quente.


CERVEJA GELADA

MINAS GERAIS - Os clubes de Minas lideram o Brasileirão! Sábado, o Cruzeiro foi até São Januário encarar o Vasco e roubou a liderança dos cariocas. Montillo, Wellington Paulista e Anselmo Ramon fizeram os gols da vitória celeste por 3 a 1 que valeu o 14º ponto, além da liderança isolada do torneio. Rodolfo descontou para o irreconhecível Vasco. Pouco depois o Atlético Mineiro não apenas venceu, como goleou o Náutico por 5 a 1, com direito a gol de Ronaldinho Gaúcho! Bernard, Escudero e Danilinho (duas vezes) completaram o marcador e puseram o Galo na vice-liderança com 13 pontos. Araújo, artilheiro do Brasileirão com 4 gols ao lado de Alecsandro, descontou para o Timbu.

RIO GRANDE DO SUL - Os gaúchos também não perderam nesta rodada. O lado azul viu o Grêmio bater o Flamengo por 2 a 0, no Olímpico, com gols de Marcelo Moreno e Werley. Já o lado colorado conquistou 3 pontos fora de casa. No caldeirão da Ilha do Retiro, o Inter venceu o Sport pelos mesmos 2 a 0, gols de Bruno Aguiar (contra) e Leandro Damião, e seguem um ponto atrás do rival (Grêmio - 12, Internacional - 11). 

ROMARINHO - Recém-contratado pelo Timão, Romarinho liderou os reservas do Corinthians em mais uma virada sobre o Palmeiras. Com dois belos gols, o atacante foi o grande nome do triunfo sobre o Verdão por 2 a 1. Mazinho havia aberto o placar. 

MENÇÕES HONROSAS - Esta rodada teve alguns resultados interessantes que merecem ser devidamente reconhecidos: PORTUGUESA - Em casa e na estreia do veterano goleiro Dida, bateu um inofensivo São Paulo por 1 a 0, gol de Ivan. PONTE PRETA - No Engenhão, derrotou o Botafogo por 2 a 1. FLUMINENSE - Goleou o lanterna Atlético Goianiense por sonoros 4 a 1, em nova atuação irretocável de Deco.



CERVEJA QUENTE

FIGUEIRENSE - Empatou em casa com o Bahia por 1 a 1. A rigor, para quem pretende repetir ou superar a campanha do ano passado, um empate contra um adversário que não é de ponta, definitivamente, não merece ser comemorado.

BOTAFOGO - Time dos extremos. Hoje, foi derrotado em casa para a modesta e aguerrida Ponte Preta por 2 a 1.

LANTERNAS - Palmeiras e Atlético Goianiense dividem a lanterna com 2 pontos conquistados. Enquanto o Verdão escalou os titulares e sofreu nova virada para o Timão, o Dragão foi goleado em casa e começa a caminhar firmemente rumo à Série B. 


quinta-feira, 21 de junho de 2012

Como devia ser

Um dia após mais uma quarta-feira decisiva no futebol brasileiro a sensação era de alívio pois tudo saiu como deveria ter saído. Os deuses do futebol agiram e fizeram justiça com as próprias mãos. Se Muricy consagrou a máxima "a bola pune", ontem não foi bem assim.

No Pacaembu, o jogo que interessava. O Corinthians recebeu o Santos para o segundo duelo pelas semi-finais da Libertadores. A vantagem conquistada na Vila Belmiro era ótima, porém relativamente frágil. Tite, coerente, postou o Timão da velha forma. Atrás, fechadinho e saindo perigosamente no contra-ataque. Avançando só na maciota. Ao Peixe só restava o ataque, claro. Tanto que Muricy tratou de barrar Elano e colocar Borges. 

Como toda partida decisiva, a tensão dirimiu o ritmo do jogo. Ao meu ver, impossível dizer que houve pleno domínio de uma das equipes. Houve bons momentos de ambos lados. O Santos proporcionalmente tomou mais sustos, aliás. Mesmo assim, abriu o placar num gol chorado de Neymar aos 35 minutos do primeiro tempo.

O sonho do tetra ficou mais longe logo aos 2 minutos da segunda etapa. Alex cobrou falta venenosa, a bola encontrou Danilo, o predestinado, que não perdoou. O Mr. Libertadores mais uma vez foi decisivo e calou de uma vez por todas seus ferrenhos críticos. 

Foi um empate assustadoramente justo. O Santos não justificou em nenhum momento por que merecia o segundo gol. O Timão, por seu turno, repetiu a fórmula sólida e precisamente cirúrgica para avançar na Libertadores. Tite, Corinthians e torcida esfregam as mãos. A final vem aí e o título é plenamente tangível. 

Em Curitiba, o jogo de fundo. O São Paulo foi até o Paraná encarar o Curitiba sonhando com a vaga na final e o título inédito da Copa do Brasil. A vitória magra por 1 a 0 conquistada no Morumbi dava ao Tricolor a vantagem do empate.

Só que o Coxa, mais uma vez, mostrou o mesmo futebol envolvente do ano passado quando chegou à final da mesma Copa do Brasil contra o Vasco. Mantida a base, o trabalho de Marcelo Oliveira continua rendendo seus frutos. Quem mostrou toda sua força também foi o Couto Pereira e a torcida, simplesmente fantásticos.

Vale lembrar que o Coritiba terminou a partida no Morumbi com um atleta a menos e jogando melhor que o São Paulo. Perdeu depois de um golaço de Lucas em jogada individual, mas dominou grande parte do jogo.  O inconveniente foi resolvido para a partida de volta. Os deuses não deixaram a injustiça prevalecer novamente e trataram de dar ao Coritiba uma pitada a mais de sorte à sua competência.

Aos 28 minutos do primeiro tempo, Emerson, bom zagueiro, abriu o placar. E aos 16 da etapa complementar explorou a péssima noite do Tricolor para garantir sua vaga sem sustos com um gol de cabaça do "gigante" Everton Ribeiro. Do alto dos seus 1,65 sai a classificação para mais uma final de Copa do Brasil. 

Apático e perdido, o São Paulo foi mais do mesmo. A culpa é plenamente distribuível em partes iguais. Da diretoria ao último reserva o fracasso acumulado ao longo desses últimos 3-4 anos escancara uma crise então tratada veladamente. Reforços, sucessivas trocas de técnico, reformulações e nada fez o Tricolor resgatar um mínimo de raça.

No entanto, o mérito é todo do Coritiba já que não tem nada a ver com isso. Provou por A + B que futebol se ganha no campo e pode conquistar o título que escapou por pouco ano passado. 



segunda-feira, 18 de junho de 2012

Ídolos

A invasão do futebol pela trupe de empresários e grupos de investimentos trucidaram os últimos resquícios de amor à camisa colocando valores exorbitantes de transferências e salários acima de qualquer sentimento que o atleta possa cogitar sentir. Diante de um cenário que molda o pensamento do jogador a buscar o quanto antes uma transferência ao exterior e obsta o surgimento de ídolos, os termos "ídolo" e "craque" foram perigosamente banalizados.

Levando-se em conta que é mais razoável compreender quando uma jovem promessa realmente desponta e eleva-se ao status de craque, prefiro focar na questão da relação ídolo x torcida. Aliás, esta sabe bem como e quem ungir como ídolo. Contudo, em um universo dinâmico como o futebol, prefiro classificar os ídolos em duas categorias: os ídolos históricos e os ídolos passageiros.

No primeiro grupo encontram-se os principais jogadores responsáveis por marcos e glórias do clube. Para figurar neste seleto rol a primeira condição indispensável é ter conquistado títulos. Óbvio que me refiro a títuloS, no plural, e faço um adendo: títulos de expressão.

Superada a primeira condicionante pode-se aplicar alguns fatores relativizantes, por exemplo, número de jogos com a camisa do time, número de gols marcados. Enfim, fatores secundários que justifiquem direta e claramente por que aquele sujeito foi tão importante para aquela agremiação. O vínculo de identificação também é imprescindível.

Por outro lado, e já entrando na realidade do futebol brasileiro, há os ídolos passageiros. Aqueles jogadores que ficam lá suas 3-4 temporadas no time, mal conquistam títulos (por vezes nenhum, ou um ou dois em caráter regional e olhe lá - logo, praticamente sem expressão), não alcançam marcas expressivas, mas cativou a torcida seja por sua habilidade, seus gols, sua irreverência, seu gênio, enfim. Um belo dia são negociados, dali uns anos bate a saudade, voltam e a lua-de-mel entre jogador e torcida novamente é restabelecida.

O que deve ficar claro até aqui, e talvez muitos já tenham compreendido, é que o ídolo passageiro, a rigor, não é um ídolo propriamente dito. Usa-se o termo, muito embora não o seja. Ele é o ícone de um tempo, mas não um ídolo consagrado. A polêmica surge quando se colocam todos - históricos e passageiros - no mesmo cesto.

Talvez os melhores exemplos para ilustrar a questão sejam Kaká e Valdívia, eternamente vinculados a São Paulo e Palmeiras, respectivamente. É possível enquadrar o meia merengue como um ídolo efetivo da história tricolor? Na minha opinião, hoje, não. Aparição meteórica, título Rio-São Paulo, aquele Super Paulistão estranho de 2002, um punhado de grandes atuações, uma porção de eliminações e foi-se para o Milan. Que legado deixou em seu favor senão as lembranças de um tempo em que o São Paulo era conhecido como "time de pipoqueiro"?

E Valdívia? Chegou, arrebentou, ganhou o Paulistão de 2008, saiu para as Arábias e voltou sem apresentar o mesmo futebol. Seus chutes no ar, polêmicas e uma boa atuação aqui outra ali conferem um green card para figurar junto a Marcos, Evair, Edmundo etc? Repito: não. Com a grandeza que o Palmeiras ostenta, não é crível que um jogador tão instável e de currículo tão pobre possa ser endeusado como é. O palestrino precisa de títulos grandiosos, e da conquista destes seus ídolos naturalmente brotem.

Quem vive uma situação delicada é Luis Fabiano. Com 141 gols, é o oitavo maior artilheiro da história do São Paulo. Sonha superar a marca de Serginho Chulapa que lidera com 242 tentos. Porém, mais do que a artilharia, tenta ingressar no palco de ídolos pelos títulos. De que adianta ser o maior artilheiro se tudo que se tem são duas conquistas regionais mequetrefes?

Títulos ficam tatuados na memória do torcedor. No fundo, pouco importa quem fez mais jogos, mais gols, ficou mais tempo no comando da equipe. No frigir dos ovos, contam-se as conquistas, os triunfos, os troféus. O reconhecimento de quem é lembrado como um vencedor dura para sempre não sendo preciso a ajuda de um almanaque.








domingo, 17 de junho de 2012

Brasileirão 12 - Rodada #5

Lá se vai a 5ª rodada do Brasileirão para aquecer as eletrizantes semi-finais que teremos neste meio de semana. Enquanto aguardamos qual será a final da Libertadores e da Copa do Brasil, vejamos quem fez bonito e quem deixou a desejar neste fim de semana:



CERVEJA GELADA

CRUZEIRO - Terceira vitória consecutiva da Raposa, que esboça reação após a campanha mediana no Campeonato Estadual e ter caído precocemente na Copa do Brasil. Com Celso Roth o Cruzeiro ainda não sabe o que é perder no Brasileirão e sofreu apenas 2 gols, melhor defesa do torneio ao lado do rival Atlético. A vítima da rodada foi o Figueirense: 1 a 0, gol de Wellington Paulista.

PONTE PRETA - A Macaca confirmou a sina de carrasca do Corinthians e bateu novamente o Timão pelo segundo duelo seguido. Desta vez o triunfo foi conquistado no Moisés Lucarelli por 1 a 0, gol de André Luis. A Ponte salta para a 13ª colocação com 6 pontos e mantém o Timão na lanterna do campeonato com somente 1 ponto.

FLUMINENSE e CORITIBA - Merecem uma gelada pelas goleadas aplicadas nesta rodada. O Fluminense contou com grande atuação de Deco e o retorno do artilheiro Fred para atropelar a aguerrida Portuguesa por 4 a 1, no Engenhão. Já o Coxa, focado na partida de volta contra o São Paulo pela Copa do Brasil, bateu o Atlético Goianiense por 3 a 0 e crê na força do Couto Pereira, palco da vitória de hoje, para reverter o quadro desfavorável na próxima quarta-feira.



CERVEJA QUENTE - 

INTERNACIONAL - Em casa, vencia o Botafogo por 1 a 0, gol de Dagoberto. Jogava completo, com Oscar, D'alessandro e Damião mas foi surpreendido pelo Fogão, grande protagonista de viradas até o momento (contra e a favor). Como os colorados que amargam a 'quentura' da cerveja, já se nota quem levou a melhor. Os cariocas venceram graças a Andrezinho, que além de ter feito um belo gol, cobrou escanteio açucarado na cabeça de Fellype Gabriel. 

PALMEIRAS - Empatou na Arena Barueri com o líder Vasco por 1 a 1. Mazinho abriu para o Verdão e Juninho Pernambucano igualou para os visitantes. O placar em si não é de todo vexatório. Porém, lá se foram 15 pontos disputados e somente 2 conquistados. Ao contrário do rival Corinthians, que escala somente reservas, o Palmeiras atua com sua equipe principal e não consegue obter bons resultados. Ainda que priorize a Copa do Brasil, melhor abrir o olho quanto antes.

LUÍS FABIANO - Hoje, se superou. Fez o gol da vitória do São Paulo, no Morumbi, sobre o Atlético Mineiro de Ronaldinho Gaúcho! Contudo, não aguentou. Não foi o bastante levar seu 4º cartão amarelo em 4 jogos (já acumula uma suspensão por 3 cartões). Apenas três minutos depois da advertência, por reclamação, conquistou sua primeira expulsão no campeonato. Põe a cabeça no lugar, Fabuloso!

sexta-feira, 15 de junho de 2012

São Paulo com um pé na final. Palmeiras virtualmente classificado.

A grande fase do futebol paulista não se reflete somente na Libertadores com Corinthians x Santos disputando uma vaga na final. A Copa do Brasil também pode ter um clássico paulistano em sua final. Palmeiras e São Paulo venceram as partidas de ida e jogam por empates para avançarem à decisão.

Na quarta, o Verdão fez bonito. Foi até o Sul encarar o Grêmio de Luxemburgo e Kleber. Quando a partida encaminhava para um truncado empate sem gols, a estrela palestrina brilhou. Mazinho aos 41 e Barcos aos 45 minutos do segundo tempo decretaram o triunfo por 2 a 0 e praticamente garantiram sua vaga na finalíssima.

Nesta noite, o São Paulo recebeu o perigoso Coritiba e passou apuros. Mais ainda quando Paulo Miranda novamente comprometeu o rendimento da equipe ao ser expulso por uma voadora estúpida aos 13 da segunda etapa. O Coxa era mais organizado e chegava com perigo. Conseguiu até carimbar o travessão de Denis. Mas, Lucas, em linda jogada individual, marcou um golaço aos 44 minutos do segundo tempo e salvou o Tricolor de um tropeço em casa.

Sejamos francos e deixemos um pouco de lado a nem tão batida assim tese de que o "futebol é uma caixinha de surpresas": O Palmeiras praticamente garantiu sua vaga. O São Paulo vai sofrer mais 90 minutos e tende a avançar, dada a vantagem conquistada.

Já vivemos demais sobre o muro em muitos aspectos. Minha proposta aqui é cutucar, arriscar, manifestar minha opinião, meu pensamentos, meus achismos sem ter tanto compromisso com o discurso polido e politicamente correto de quem ama colocar um "e se" em qualquer hipótese.

Óbvio que há situações em que a cautela merece ser levada em conta, como é o caso do Tricolor, que venceu por somente 1 a 0. Leva a vantagem do empate e de não ter sofrido gol em casa. Tratando-se de um clube com a grandeza e qualidade do São Paulo, sem dúvida é uma missão ingrata. Mas o Coritiba, ao meu ver, mesmo mais fraco em relação à campanha que culminou no vice da própria Copa do Brasil em 2011, pelo que apresentou esta noite pode surpreender.

Tivesse um pouco mais de qualidade no ataque, mais capricho na organização ou nas conclusões e o Coxa poderia ter feito, pelo menos, dois gols. Incontáveis vezes finalizou em posição frontal ao gol e falhou. No Couto Pereira, se repetir a atuação de hoje e acertar pequenos detalhes ofensivos, pode vencer, levar o jogo aos penais, ficar com vaga, até.

Bem diferente é a situação do Palmeiras. Derrotou o copeiro Grêmio em pleno Olímpico por uma significativa diferença de 2 gols. E sem levar nenhum. Ou seja, os gaúchos terão que vir arrancar a vaga do colo do Verdão. Pior ainda é ver que no banco está Felipão, que sabe como poucos fazer seu time jogar bem trancadinho e dificultando cada movimento do adversário.

Pela consistência com a qual o Palmeiras atua na Copa do Brasil, ainda que sua defesa não seja aquele paredão intransponível, a vaga está assegurada. No entanto, já não se pode dizer o mesmo do instável São Paulo, que insiste em dar sopa para o azar e brincar com a própria sorte. O magro placar feito em casa reserva emoção aos tricolores.

Por fim, só para não dizer que fiquei no muro quanto a um palpite para a final, cravo o clássico Choque-Rei na decisão!

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Afinal, Timão.

SantoseCorinthiansSantoseCorinthiansSantoseCorinthiansSantoseCorinthiansSantoseCorinthians. Por vinte tortuosos dias só se falava nisso. Finalmente, o dia do duelo chegou. Escalei meu querido Doritos, umas Buds...só faltou "aqueeeeele" futebol.

Fato é que quem esperava um jogo equilibrado, movimentado, Neymar pra lá e pra cá. Paulinho, Alex e Sheik e Jorge Henrique defendendo e atacando como um time de basquete ficou na curtição dos Doritos e das Buds.

Mal a partida começou e o Corinthians tratou de deixá-la com sua cara. Especialmente quanto ao controle da redonda. Muitas trocas de passes, calma, inversões e logo perceberam que o miolo da cabeça-de-área do Santos era um convite para um samba que poderia render frutos. Já o Peixe saía afobado em velocidade. Ao chegar ao ataque, a bola queimava nos pés e a troca de passes era horrenda. 

Mesmo assim, aos dez minutos, uma falta perigosa em favor dos mandantes só assustou pela posição. Elano bateu e Cássio defendeu sem dificuldades. Depois disso, o Corinthians rodava a bola, rondava a área e o Santos afastava, tentava contra-atacar mas sem sucesso.

O Santos não era nem sombra daquele time encantador. E o Corinthians era bem o Corinthians que todos estão cansados de ver. 

Então, no 27º minuto de partida, aquele probleminha na cabeça-de-área custou caro ao Peixe. Por ali o Corinthians chegou e a trama ofensiva encontrou Emerson na entrada da área do lado esquerdo. Sheik teve uma tranquilidade espantosa para o momento. Parou a bola e mandou no ângulo esquerdo sem chances para Rafael. 

A superioridade no placar se mostrava justa pela postura do Corinthians em campo. Porém, tão logo o Timão abriu o placar já tratou de ficar fechadinho atrás para explorar os contra-ataques. Sem escolha, o Santos foi para cima. O domínio virtual mudou de lado e, aos 42 quase o Peixe iguala. Juan cruza da esquerda e, no bate-rebate, quase Elano iguala.

Na segunda etapa, o domínio mudou de lado. A proposta do Timão, já bem conhecida por toda a galáxia, era a mesma. Fechadinho atrás e contra-ataques quando desse. Ciente disso, Muricy sacou Elano, colocou Borges e acendia uma vela para Neymar aparecer no jogo. Sim, o craque estava estranhamente desaparecido.

O Santos cresceu e criou algumas boas chances. No início do segundo tempo, alguns cruzamentos causaram arrepios nos visitantes. Cássio começou a fazer intervenções pontuais quando exigido. 

Aos 12 minutos, o Timão teve uma chance de ouro e desperdiçou. O tão sonhado contra-ataque chega nos pés de Emerson. Era ele e Durval, mano a mano. Botou na frente, invadiu a área e se jogou. Não foi pênalti, nem nada e só o início de minutos intermináveis de sofrimento.

Para piorar, o mesmo Emerson fez o favor de mudar seus status de heroi para vilão. Entrada forte e desnecessária em Neymar lhe custou o 2º amarelo e o consequente cartão vermelho. No lance seguinte, o Santos quase empatou com Juan. Após cobrança de escanteio, o lateral pegou firme e Cássio fez ótima defesa.

A pressão do Santos ficou comprometida com a interrupção da partida em razão da falta de iluminação em parte do estádio. Nem mesmo a volta da luz trouxe de volta o bom futebol. O Peixe foi presa fácil da ótima e eficiente defesa do Timão e saiu derrotado em seu campo neste primeiro jogo. 

Não gosto de discutir justiça de placar. Justiça é bola na rede, é competência em fazer mais gols que o adversário e defender-se melhor. No entanto, para satisfazer quem prefere analisar o jogo sob o prisma justiceiro, em tese, o Santos merecia melhor sorte e ser premiado com o empate. Pronto. Prêmio de consolação dado. 

Espantou a postura de Neymar em campo. Mal conseguiu ser um bom coadjuvante. Embora o conjunto santista tenha subido de produção no segundo tempo, não foi aquele time envolvente que estamos habituados a ver. Isso se deve, em parte, ao Corinthians. A proposta defensiva do Timão, ou melhor, a forma como a equipe se compacta em campo é surpreendente. 

E foi o pragmatismo de Tite que fez o Corinthians arrancar a vitória na Vila na marra. Fez seu feijão-com-arroz e deixa a pulga atrás da orelha de quem agora reflete se a Vila Belmiro foi mesmo a melhor escolha, se Ganso deveria ir para o jogo, se isso, se aquilo. 

Vencer fora de casa e sem sofrer gols é um passo importantíssimo mas, sobretudo, firme rumo à classificação. Em que pese o Santos ter totais condições de reverter o quadro ora desfavorável, as circunstâncias provam justamente o contrário. 

terça-feira, 12 de junho de 2012

Mano na forca

Dias após a sova que o Brasil levou da Argentina por 4 a 3 com direito a show de Messi, autor de 3 belos gols, li por aí que Mano Menezes teria ganho uma sobrevida pelas condições nas quais a derrota foi construída. Tradução subliminar: após desperdiçar uma Copa América, vai ter crédito para gastar em um eventual fracasso nas Olimpíadas e, ainda assim, chegar "inteiro" no tão esperado Mundial em nosso solo tão amado. Só podem estar curtindo com a minha cara!

Hoje não pretendo cornetar ausências, escalação, variações táticas. Darei uma colher de chá para esse assunto por enquanto.

Contudo, não adianta. Antes de começar a dizer qualquer coisa sobre a Seleção vejo-me obrigado a abrir parêntesis e, in memoriam, rezar meu mantra ranzinza e saudosista em homenagem aos tempos do professor Dunga e repetir pela enésima vez o quanto aquele senhor, vítima do maldito folclore demissionista do nosso futebol, foi importante para o resgate do brio e do respeito pela camisa amarela. Fecha parênteses.

Desabafo feito, lá vai o Brasil defender a pátria contra nossos indesejáveis vizinhos. Sob o pretexto de entrosar a equipe que vai aos Jogos Olímpicos vimos uma zaga jovem e pouco confiável, continuamos sofrendo com a lateral-direita, e permanecemos à espera da dupla de volantes perfeita para sustentar nosso incrível arsenal ofensivo.

Faz um, toma dois, vai lá e faz mais dois e toma mais dois. Que jogo, hein? Reações espetaculares de ambos os lados, uma partida emocionante de dar orgulho até no lado derrotado. Porém, eu não me incluo nesse ponto.

Ficar orgulhoso com derrota virou dogma exclusivo para os escretes de 82 e 86. No mais, sempre que perdeu  um Judas foi malhado. Verdade seja dita, não houve outro elenco que comoveu tanto quanto aqueles. Mas enfim, se a queda nas quartas-de-final na Copa América para o Paraguai e as derrotas para a seleção principal da Argentina (duas vezes), França e Alemanha não são suficientes para credenciar alguém a Judas, a Olimpíada tem a obrigação de cumprir tal papel.

Em respeito à nossa cultura em imputar a desgraça alcançada dando-se nome aos bois, a cabeça de Mano Menezes já deve ser devidamente posicionada na guilhotina para ser devidamente arrancada sob qualquer hipótese, salvo - e somente neste caso - se conquistar o tão sonhado ouro olímpico. 




domingo, 10 de junho de 2012

Brasileirão 12 - Rodada #4

Na ressaca do duelo sensacional entre Brasil e Argentina vencido pelos hermanos por 4 a 3, com direito a viradas de ambos os lados, tivemos a 4ª rodada do Brasileirão não tão emocionante assim.

Destaques? As defesas trabalharam melhor que os ataques e a tabela já começa a impor uma diferença de pontos interessante entre determinadas equipes. Por exemplo, 11 pontos separam o líder Vasco do lanterna Corinthians. 

Óbvio que é só o começo do certame mais emocionante do Mundo, então, vamos ao que interessa: as geladas e as quentes vão para...:



CERVEJA GELADA

VASCO - Vai continuar degustando uma bela gelada enquanto seguir vencendo. Ou melhor, enquanto durar seus 100%! Permanece na ponta com 4 vitórias em 4 jogos. A vítima dessa rodada foi o Bahia, em Salvador. Juninho, de falta, e um golaço de Diego Souza garantiram mais um triunfo cruz-maltino. Junior descontou para o Tricolor.

ATLÉTICO MINEIRO - Curiosamente, também venceu fora de casa. Aliás, somente o Galo e o Vasco venceram longe de seus domínios. Fato é que o Atlético veio até São Paulo e bateu o Palmeiras por 1 a 0 na estreia de Ronaldinho Gaúcho. Mostrou disposição, mas quem brilhou foi Jô, autor do único tento da partida.

NÁUTICO - O Timbu conquistou sua primeira vitória sobre o Botafogo em um grande jogo. Abriu 2 a 0 com Araújo e Lúcio. Viu o Fogão empatar com Marcio Azevedo e Cesinha (contra). Só que Derley, aos 37 do segundo tempo, fez o gol da vitória do Náutico. Merece uma gelada pela boa partida e pelos pontos preciosos que conquistou.


CERVEJA QUENTE

PALMEIRAS - Ainda não venceu. 3 derrotas e 1 empate, apenas. Segunda derrota consecutiva. Sustenta seu pífio início em razão da Copa do Brasil. Só que, ao contrário do rival Corinthians, o Palmeiras não tem escalado mistões ou reservas para justificar seu desempenho. Por jogar completo e tropeçar em casa, vai amargar uma cerveja quente enquanto aguarda pelo Grêmio nas semi-finais da Copa do Brasil.

FIGUEIRENSE - Está invicto. Mas empatar sem gols em casa com a Ponte Preta, uma das equipes mais modestas da competição, não é motivo para celebrar. Em vez de ganhar um ponto, perdeu dois.  

FLUMINENSE 0 x 0 INTERNACIONAL - Depois dos belos embates nas oitavas-de-final da Libertadores, Fluminense e Inter fizeram um jogo morno sem gols. Seguindo a tradição de termos 3 representantes de cada prêmio, esse joguinho sem graça leva uma cervejinha quente.


quinta-feira, 7 de junho de 2012

Brasileirão 12 - Rodada #3

Feriado friorento mas com partidas eletrizantes pela 3ª rodada do Brasileirão. Vamos aos destaques dessa jornada que está longe de definir quem briga pelo que este ano:


CERVEJA GELADA

VASCO - Único time 100% no certame. Não tomou conhecimento do Náutico e passeou: Goleada por 4 a 2, com 2 gols de Alecsandro, 1 de Juninho Pernambucano e outro golaço de Felipe. Líder isolado, o Vasco aparenta maturidade e ter superado a eliminação na Libertadores. Se seguir nesta toada, será um dos francos postulantes ao título.

CRUZEIRO - Perdia para o Botafogo, no Engenhão, por 2 a 0 até os 28 minutos do segundo tempo. De repente, em apenas 6 minutos, não só se livrou da derrota como foi buscar o triunfo fora de casa. Virada espetacular! Amaral, contra, e Herrera abriram para a Estrela Solitária. Anselmo Ramon e Everton, que entraram no decorrer da partida, igualaram o placar. Wellington Paulista, de pênalti, selou a sorte botafoguense e garantiu 3 pontos para a Raposa.

SPORT - O Leão recebeu o Palmeiras e conquistou sua primeira vitória. Após dois empates, o Sport mostrou a força da Ilha do Retiro e derrotou o Verdão por 2 a 1, gols de Marquinhos Paraná e Felipe Azevedo. Barcos diminuiu para os paulistas.



CERVEJA QUENTE

LUIS FABIANO - Não foi o vilão do São Paulo na derrota para o Internacional, no Beira-Rio. Mas tomou seu 3º cartão amarelo, no 3º jogo consecutivo. Curiosamente, todos por reclamação. Para piorar, deixou o Tricolor na mão na próxima rodada, no clássico contra o Santos, tal como ocorreu nas semi-finais do Paulistão.

PONTE PRETA - No Moisés Lucarelli, vencia o Flamengo por 2 a 1 até os 48 do segundo tempo, quando sofreu o empate. Novamente a Macaca perde pontos em casa. 

BOTAFOGO e CORINTHIANS - A dupla alvinegra vai dormir de cabeça quente esta noite. Os cariocas, como já dito, sofreram uma virada espetacular para o Cruzeiro, em pleno Engenhão. A derrota custou a oportunidade em igualar o feito do rival Vasco. Enquanto isso, o Timão vencia tranquilamente o Figueirense no Pacaembu por 1 a 0. Os visitantes ficaram com um jogador a menos aos 17 minutos do segundo tempo e mesmo assim buscaram o empate. Caio igualou aos 33 minutos e ficou nisso. O Timão segue sem vencer no Brasileirão e deixa claro que seu foco é a Libertadores.





segunda-feira, 4 de junho de 2012

Quarenta milhões de euros

Semanas atrás saiu uma notícia que passou meio despercebida e só agora parei para refletir um bocado nela. "Juvenal Juvêncio recusa proposta de 40 milhões de euros do Chelsea por Lucas". Pô, hoje, quem se dá o luxo de recusar QUARENTA MILHÕES DE EUROS? Vou apimentar: 40 milhões de EUROS, HOJE, pelo Lucas? O São Paulo já deveria ter vendido e contratado uns dois ou três reforços de ponta para zaga, meio-campo e ataque!

Em tempo: Vários portais circularam mas vou relacionar somente o link da ESPN porque a maioria das informações esportivas que tomo conhecimento invariavelmente chegam por seus colaboradores (ler aqui). 

Quarenta milhões de euros é tanto dinheiro que é impossível não ficar repetindo esse valor feito um mantra até que ele invada nossa própria conta bancária. Pode não parecer tanto assim para um clube, só que para um jogador é. E muito. Considero nociva essa irrealidade em convencionar valores estratosféricos para atletas, principalmente em tempos de crise. 

O próprio Chelsea vai investir 38 milhões de Libras, o equivalente a 118,5 milhões de reais, em Hulk, atualmente no Porto e figura frequente nas convocações de Mano Menezes. É um bom jogador, mas, caramba, ele vale tudo isso? (ver aqui) É preciso ter em mente, inclusive, que transações envolvendo valores desse nível para jogadores em atividade no Brasil são casos esparsos. Denílson, Robinho e Pato são os principais exemplos de transferências milionárias.

À parte meu inconformismo quanto a números, no caso específico de Lucas vou além. Fossem 40 milhões de euros no Neymar, ainda que a quantia seja surreal, seria compreensível. A título de constatação, o craque santista tem multa estipulada em 65 milhões de euros. Neymar, 20 anos, é tricampeão paulista, campeão da Libertadores, campeão da Copa do Brasil, maior artilheiro do Santos pós-Pelé, além de principal jogador brasileiro em território nacional e titular da Seleção. 

Objeto de desejo de grandes potências do universo, o jovem craque quer ficar no Brasil até a Copa porque tira seus 3 milhõezinhos mensais, bate sua bola com alegria e ousadia, faz chover, é aclamado e paparicado por onde passa e seu futebol fala por si só. Está amadurecendo sua presença na Seleção e tem reais condições de se tornar um ícone histórico do futebol mundial.

Agora, 40 milhões de euros em um meia promissor, rápido, habilidoso, com cacoetes individualistas, preterido na Seleção para Hulk, Oscar ou Ganso, e sem títulos de expressão cuja multa rescisória é exatamente o DOBRO da proposta recebida que, curiosamente, é ainda maior que a de Neymar? São Paulo Futebol Clube, isso se chama bênção!

Ao meu ver, das duas, uma: ou o São Paulo acredita piamente que vai baixar o santo no Lucas e ele vai engatar uma sequência arrasadora de títulos como protagonista da equipe e consolidar-se como jogador indispensável na meia-cancha da Seleção ou Juvenal blefou. Diante da ascensão meteórica de Neymar, o mandatário tricolor não quis que seu patrimônio desvalorizasse tanto ou ficasse tão atrás do principal talento brasileiro.

Astuto, Juvenal pode ter ido além e quis que sua declaração soasse como um pedido: "peloamordedeus, apareçam com essa grana AGORA que vocês até levam o Paulo Miranda de brinde!" Tudo bem, que não fosse tão desesperado, mas que tivesse cara de recado direto a interessados: "só vendo por um bom dinheiro, não me venham com ninharias". 

Enfim, resguardo-me o direito de achar insano a aplicação de tanto dinheiro sobre um atleta. Mais insano ainda quem se dispõe a recusar tal oferta. E o cúmulo do surreal é mobilizar tamanho investimento em quem não provou absolutamente NADA no futebol. Se a proposta foi real, eu no lugar do Abramovich demitia o gerente de futebol na hora! E por justa causa!

Evidente que Lucas merece entrar na mira dos olheiros europeus pela qualidade que tem com a redonda nos pés. Entretanto, o investimento deveria ser compatível com sua atual condição. Quem acena com a possibilidade de pagar 40 milhões de euros nele pode até manjar de futebol. Quem recusa, perde boa oportunidade de equilibrar a saúde financeira do clube. Mas, nesse caso, ambos não entendem nada de economia. 

domingo, 3 de junho de 2012

Obrigado, Popó!

Sentado no chão da sala tarde da noite de sábado para assistir uma luta de Popó foi como uma viagem no tempo até minha infância. Não me lembro quando foi a última vez que acompanhei o baiano sorridente de cara amarrada destilar seu estilo demolidor nos ringues. (sim, ele consegue botar pinta de malvado e mesmo assim ter um semblante relativamente dócil). Aliás, nunca fui fã de boxe. Mas era Popó. E, sentado no chão da sala, torci como nunca na minha vida.

Em tempos de MMA, ver uma luta de boxe parece algo primitivo, como se faltasse alguma coisa. Uns pontapés, umas cotoveladas. Porém, a beleza do boxe é justamente esta. É você, seu jogo de pernas, a velocidade na esquiva e no encaixe de uma chuvarada de socos e o adversário, usando a mesma técnica que você. 

Dá para perceber que não entendo patavinas de boxe. Nem sei por qual dos trocentos Conselhos de Boxe a luta era válida (era válida?). Só que a oportunidade de ver uma luta de Popó novamente era algo único. Era o ídolo de uma geração que assimilava o boxe à ferocidade de Popó nos ringues. 

Claro que falo por aqueles que conhecem o boxe pelos feitos cantados a verso e prosa de Éder Jofre, Popó e dos duelos de Tyson no "Boxe Internacional" na Globo. Eu só queria que Popó incorporasse aquele cara que acabava suas lutas em 1 ou 2 rounds quando muito. Era simplesmente insano. Ele chegava, colava no adversário e começava a bater, bater, bater até que o cara caísse. 

Nunca tinha ouvido falar no tal Michael Oliveira. Disseram que é campeão latino, tem 20 e poucos anos, invicto, maioria de vitória por nocautes e se auto-denominava o "Rocky Brasileiro". Que marra, hein? Brasileiro? O próprio site oficial do cara declara que ele nasceu aqui e já se mudou para os EUA. Que raio de brasileiro o cara pensa que é? Humft!

No clima de arquibancada de futebol, surge Popó. Saltitando, calção preto e aquela mesma cara de quem vai matar ou morrer no ringue. Infelizmente, a falta de ritmo e o peso da idade o fizeram adotar uma postura mais cautelosa. No entanto, não deixou de tomar a iniciativa e desferir suas marretadas na jovem promessa do boxe.

Passaram-se um, dois, quatro, cinco rounds e a luta truncada. Ao meu ver, Popó ganhou a maioria dos assaltos. Não estava mal. Mas cozinhar a luta até os últimos rounds poderia exigir demais de sua condição, certo? Até parece! Popó batia e se esquivava com uma destreza impressionante para quem não lutava desde sabe-deus-quando (2007, para ser mais exato). O sonho de impor a primeira derrota no Rocky Falastrão era uma realidade. Chegou a girar o braço como uma manivela à lá Sugar Ray! (obrigado, comentarista do Sportv pelo esclarecimento! hehe)

No 8° assalto, Popó cresceu. A alegria e ousadia do boxe aproveitou o bom final de 7º round para castigar o garoto, que não aguentou. Foi para cima e tum-tum-tum-tum levou o camarada à lona e venceu seu 39º combate, por nocaute técnico. Somente 2 derrotas. Isso é Popó. Portais adentro Popó revelou ter se preparado como nunca para este duelo. Disse que seguia treinando embora não mais lutasse. Que importa?

O sábado terminou feliz com mais uma luta vitoriosa de Popó. E fui dormir dando soquinhos gingados no ar como se tivesse minha parcela de contribuição no triunfo do deputado. Obrigado pela lembrança, Popó! Muito obrigado!  




sábado, 2 de junho de 2012

Uma chance para Ronaldinho Gaúcho

Duas vezes melhor do mundo. Show man. Participação ativa na campanha do pentacampeonato da Seleção. E baladeiro. Esse é Ronaldinho Gaúcho. Um moleque habilidoso, espetacular, que ganhou o mundo com a bola nos pés. Além de muita grana. Daí, subitamente, a vida ficou sem graça. Hoje, no auge do seu declínio, o Brasil atira suas pedras ao menino sorridente dos dribles incríveis. Merece as críticas e outra chance. Mas não as pedras. 

Ao longo da história de amor entre Flamengo e Ronaldinho Gaúcho jamais houve santo. Basta lembrar que a contratação do craque veio após longo leilão promovido por Assis, irmão do jogador. As altas cifras envolvidas deixaram a expectativa de que R10 justificaria cada centavo com gols, assistências, dribles.

Não foi o que ocorreu e, pior, ambos começaram uma batalha de quem descumpre mais suas obrigações. Enquanto o Flamengo ou a empresa responsável por parte de seus vencimentos não arcavam com a integralidade dos salários, Ronaldinho se esbaldava nas farras, nas ausências do treino e nas atuações medianas.

Evidente que "parcela de direitos de imagem" não exatamente são equivalentes a salários. Entretanto, na maioria das vezes, tais valores se confundem. Uma vez estabelecida tal relação é possível requerer a rescisão indireta do contrato de trabalho e seguir sua vida. Direito de qualquer trabalhador, basta olhar a CLT.

O apelo de mídia que essa batalha gerou deixou a imagem de Ronaldinho mais um pouco abalada. Displicente, relaxado, ex-jogador em atividade. O Brasil o obriga a seguir sua vida na China, na Arábia, longe. Torcedores fecham as portas de seus clubes como se R10 fosse a reencarnação do demônio.

E aí, pecam.

Colocar Ronaldinho Gaúcho no mesmo saco de Adriano e Jobson é cruelmente injusto. Por mais que os três estejam pouco se lixando para as próprias vidas e carreiras, Ronaldinho chega ao "fundo do poço" pela primeira vez. 

Não ficou exatamente claro para mim se Ronaldinho simplesmente largou mão do futebol e quer apenas enganar mais alguns anos até definitivamente se aposentar ou se sua queda de rendimento tem relação com a crise rubro-negra. Crise financeira, diretiva, total. Até paz pode virar crise no Flamengo pela falta de tumulto.

Ao meu ver, ir 'maomeno' no Milan é uma coisa. Voltar para o Brasil e ir mal também é outra. O cerne da crise reside quando um ex-craque tem dificuldades em jogar bem mesmo em palcos de níveis mais modestos. 

Dos exemplos que mencionei, vejamos: Adriano teve uma passagem aceitável por São Paulo e Flamengo. No retorno à Roma, caiu para valer. Descansou no Corinthians e conquistou a desconfiança de todos. Jobson teve todas as chances do universo no Botafogo (principalmente) e, hoje, sabe-se lá quanto vai durar no Barueri. 

Ronaldinho realmente merece ser crucificado por ter sido somente "regular" em sua passagem pelo Flamengo? Sinceramente? Na minha opinião, não. Gaúcho merece, pelo menos, mais uma chance de mostrar se está disposto a jogar bem, dentro de suas condições físicas, e de ser minimamente profissional. 

Evidente que nenhum clube brasileiro teria interesse em investir tanto em um atleta de 32 anos e "problemático" como ele. Só que e se aparecesse um grupo de investimentos? Circula que o Palmeiras foi sondado para tal operação. Eu toparia fácil. Gastar relativamente pouco para correr o risco de fazer vingar um dos melhores jogadores dos últimos anos? Mas com certeza! 

Melhor do Mundo em 2004 e 2005, 32 anos, experiente, visão de jogo incrível, pés calibrados para passes, chutes e bolas paradas. Alto salário e baladeiro. Muitos prós, poucos contras. Eu arriscaria.