sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Botecadas Libertadoras

Ao término da segunda rodada da fase de grupos, analisar a tábua de classificação simplesmente queima a retina ao percebermos algumas coisas:

- É um tanto óbvio que o Atlético Paranaense vai brigar com o The Strongest pelo segundo lugar. Embora o Furacão tenha batido os bolivianos na primeira rodada, a derrota para o Vélez traz um choque de realidade. Encarar o orgulho ferido do Universitario em duas partidas seguidas, ter uma revanche com um Vélez em busca de uma das melhores campanhas gerais e decidir a vaga na apavorante altitude de La Paz. Sem contar administrar o fator Imperador no banco de reservas. Tortura à vista.

- Botafogo parece ter entendido a cartilha da Libertadores. Brigar, lutar, entregar-se e ganhar em casa e tentar um empate fora. 

- O Lanús, campeão da surreal Sul-Americana de 2013 tem apenas um ponto. O matreiro O'Higgins lidera com 4 pontos, Cerro Porteño e Deportivo Cali na cola com 3. Vislumbro candidatos a engraçadinhos.

- Persiste a sina do Atlético Mineiro em protagonizar gols salvadores após o 85º minuto de jogo. Os triunfos das duas primeiras rodadas vieram a menos de 5 minutos para o final. A sorte parece ter crédito ilimitado no Galo. Cuidado com isso, rivais! 

- O grupo mais legal e imprevisível é o do Cruzeiro. Todos com 3 pontos. A tendência é o avanço celeste e de mais um. Pode sobrar para a Universidad de Chile, ex-Barcelona da América do Sul. Olho no Defensor, está em segundo e, no momento, livrando a cara do futebol do Uruguai.

- O Grêmio dita as ordens no grupo da morte e logo deve assegurar vaga nas oitavas. Nacional simplesmente decepcionante, duas derrotas. Vai ser lindo ver os jogos restantes de Newell's e Atlético Nacional, ambos com 3 pontos. Após a goleada sobre o Nacional, os argentinos assumiram o 2º lugar. O Newell's demonstra possuir um time um tanto superior, mas tudo é possível na Libertadores.

- Flamengo teve 5 minutos de consciência e venceu o Emelec. Respirou fundo, acordou para a vida e somou seus primeiros 3 pontos. Entraram de vez no torneio.

- O futebol uruguaio também chora (todos nos solidarizamos, melhor dizendo) pelo Peñarol. Lamentável. Um ponto, apenas, tal como o Deportivo Anzoátegui. Arsenal de Sarandí tem 3 e o Santos Laguna lidera com 6.  

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Seleção sem sal

Nunca fui um fervoroso torcedor da Seleção. Foi-se o tempo em que torcer para o Brasil dava graça. Quer dizer, é fácil falar da Seleção de 82 e 86, achar muito bonito, muito bacana e que naquele tempo era espetacular ver o escrete canarinho em ação. Eu não vi, apenas suponho. Mas vivo a ressaca das campanhas do tetra e do penta sem qualquer empatia pela Seleção. Esse sentimento contido dá uma colorida no mês da Copa, mas, essa Seleção aí simplesmente não cativa.

Descartemos as polêmicas, os desvios de verba, os conchavos políticos, os black blocs. Felipão entrou, deu corpo à Seleção e nos colocou como favoritos. Sim, favoritos. Temos um time forte e, sobretudo, equilibrado. No entanto, no meio a tanto equilíbrio vejo um time insosso. Sem polêmicas, sem maiores brigas por posição, sem alternativas que faça o torcedor ficar apreensivo ou esperançoso.

Isso é o que mais chama atenção. Não tem ninguém que seja ungido pelo clamor popular. Hernane afiou sua broca um tanto tarde. Walter tem carisma, bola e um porte físico que o afasta do catado nacional. Quem mais? Podem procurar, não tem. Esse ano não teremos um Romário ou um Adriano a criar expectativa até o último nome.

As discussões resumem-se a "não temos um reserva para o Oscar, o mais perto disso é o Hernanes que pode até quebrar um galho de segundo volante". "Qual dos três (Dedé, Réver ou Marquinhos) deveria figurar na 4ª vaga da zaga". E só. Lamentam que o Rafinha está bem no Bayern mas já estamos bem resolvidos na direita. 

Polemize, Felipão! Leve o Rafinha no lugar do Maxwell e improvise o Daniel Alves do lado esquerdo. Improvise outro se for mais do teu agrado, mas me faça sentir alguma coisa pelo teu time! 

Júlio César. Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo. Luiz Gustavo, Paulinho e Oscar. Hulk, Fred e Neymar. Esse é o time. E se não for, vai de Maicon na direita. Quem sabe Fernandinho na cabeça-de-área. E Dante na zaga só se alguém machucar. Ponto. É isso. É realmente tudo isso?

Apesar da campanha vitoriosa na Copa das Confederações ano passado, com direito a baile na Espanha por 3 a 0, a impressão que fica é de uma falsa superioridade. Bernard e Willian são ótimos jogadores, mas alguém acredita piamente que vão entrar e resolver a parada, mudar a cara do jogo? São jovens, a experiência pode pesar, quem sabe na próxima Copa ou se esta fosse ano que vem...

E no gol? O Júlio César vai chegar questionado pela real condição técnica. Escolheu pegar ritmo de jogo na ascendente Major League Soccer. Tudo bem, é experiente, pode não ser um bicho-de-sete-cabeças, afinal, qualquer coisa temos Jefferson e Cavalieri (ou Victor). Ó, céus, já tivemos goleiros melhores. Foi-se o tempo das boas trincas: Marcos, Dida e Rogério; Taffarel, Zetti e Gilmar Rinaldi (sim, ele mesmo).  

Jô é o reserva imediato de Fred, que corre razoável risco de jogar a Copa baleado. O Fred já não é essas coisas, caramba! Cadê aquela safra monstra de atacantes realmente bons? Romário, Ronaldo, Bebeto, Túlio Maravilha, Edmundo, Evair, Muller, Careca? Hein? Puta brincadeira de mau gosto. Vamos depender de Fred meia bomba e Jô? Vamos acreditar que vamos ganhar com isso?

Vamos.

Vamos nos iludir. Torcer conscientes de que Felipão faz um trabalho ótimo, sempre optando pela justiça e coerência em suas convocações. Teremos fé supersticiosa em seu estilo carrancudo e teimoso colhedor de frutos. Uma pena que, diante de tudo isso, a emoção da Copa só vá começar mesmo em junho.





domingo, 23 de fevereiro de 2014

Algo no ar

São Paulo e Santos empataram por 0 a 0. Um resultado justo posto que os times exageraram na incompetência ofensiva. Porém, deixa uma pontinha de esperança a um esfacelado São Paulo que ainda necessita de ajustes.

Sem vencer um clássico desde o final de 2012 (aquele 3 a 1 contra o Corinthians, com dois de Maicon e boa atuação de Ganso), o São Paulo entrou em campo de olho bem aberto para não tomar aquela surra que o Santos aplicou no mesmo Corinthians umas semanas atrás. Ganso no banco, Douglas e Paulo Miranda na titularidade, Pabón, Osvaldo e Luis Fabiano para se virarem.

E o Peixe, arrumadinho, veio tinindo para impor mais um revés ao rival. Cícero, Thiago Ribeiro, Geuvânio e Damião apenas na espreita por uma oportunidade de festejar no Morumbi mais uma vez.

Parecia que o Santos seria o dono do jogo. A pressão foi feroz. Aos 8 minutos, Ceni sai jogando errado e salva o tiro de Cícero. No rebote, Rodrigo Caio trava Damião. Haja coração. O Santos tinha volume, sufocava o Tricolor e o desespero já tomava conta das arquibancadas.

No entanto, nos minutos que se seguiram, o São Paulo inexplicavelmente cresceu. Mudou de postura e teve atitude de quem é o mandante da partida. Por seu turno, o Santos passou a ver o São Paulo jogar e esboçar escapadelas eventuais.

Após equilibrar o meio-campo, veio o lance capital do jogo. Aos 17, Luis Fabiano é acionado, invade a área, é derrubado, pênalti, mas pera. Assinalado impedimento. O inferno chega ao Morumbi pelo apito da arbitragem. A condição de Luis Fabiano era legal. Pouco depois, Osvaldo é acionado, evita a saída da bola mas o auxiliar dá o lateral para o Santos. Realmente a arbitragem pecou demais no primeiro tempo.

A partida pegou fogo. Antonio Carlos e Paulo Miranda levaram perigo em arremates de fazer inveja a todos os atacantes do Tricolor juntos. Damião poderia dar o troco com juros, mas foi travado quando certamente colocaria a bola na casinha.

Quem contava com a superação dos Meninos da Vila, enganou-se. O São Paulo voltou mordendo tal como no primeiro tempo. Aranha mostrou elasticidade em arremates perigosos de Maicon e Pabón. Claro que quem não faz, corre o risco de tomar. Damião cabeceou envenenadamente e Rogério fez grande intervenção. 

O jogo terminou a mil. Em cobrança de falta, Rogério isolou. Gabriel levou perigo em chute que bateu na rede pelo lado de fora. E, finalmente, a redenção da arbitragem. Rildo recebeu, invadiu a área e foi derrubado. Pênalti claro. Entretanto, o atacante estava impedido e o juiz corretamente anulou a jogada. No mais, os últimos minutos foram reservados para inúmeros erros de passe em cada trama ofensiva.

À parte as reclamações de ambos os lados, teve-se a impressão de que o São Paulo foi ligeiramente superior. E também mostrou que o Santos sabe se defender e ser perigoso nos contra-ataques. Não foi um puta resultado para nenhum deles, principalmente para o Tricolor, que ainda espera por Pato para melhorar o ataque e pela ressurreição de Ganso, em coma futebolístico desde 2012. Ou 2011, que seja.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Botecadas

JADSON 2 x 0 PATO - Jadson abriu o placar na disputa com Pato sobre quem se deu melhor na troca de clube. Mal chegou, o meia fez uma boa partida no empate com o Palmeiras último domingo e foi determinante na virada do Corinthians sobre o Oeste. Depois de rasgar elogios ao apoio diferenciado da torcida, deu lindo passe para a conclusão de Romarinho e fez um belo gol em petardo de fora da área. Enquanto isso, Pato fez um discurso protocolar em sua apresentação e só entra em campo mês que vem. A ver...


ILUMINADO E INVICTO - Vitória, vitória, vitória, empate, empate, vitória. O Palmeiras ainda não sabe o que é perder em 2014. Ontem, coube ao espirituoso Alan Kardec marcar outro tento para garantir o triunfo verde contra o Ituano no Pacaembu. No mais, Felipão tinha o dever cívico de chamá-lo para um teste. Assim como Hernane Brocador e Walter Gordinho. Atacante vive de gol e não existe gol feio. Feio é não fazer gol. 


BARÇA SEMPRE BARÇA - O badalado Manchester City recebeu o Barcelona no primeiro confronto válido pelas oitavas-de-final da Champions League. E, novamente, o Barça foi Barça. Ainda que se discuta o pênalti em - e convertido por -  Messi (milimetricamente fora da área, ao meu ver), os 2 a 0 fora de casa praticamente carimba a classificação catalã. Vale lembrar: Neymar entrou no segundo tempo e deu passe para Daniel Alves anotar o segundo já no apagar das luzes. Não será dessa vez que os citizens alcançarão a glória máxima, que ainda vivem seus dias de Chelsea. 


BI À VISTA - O futebol alemão até o ano passado vivia uma era pipoqueira ao extremo.Desgraça iniciada em 2002, na final que todos os brasileiros lembram saudosamente. Tanto a seleção como os clubes simplesmente desaprenderam a erguer troféus. Depois de tanta pancada, a escrita parece ter sido quebrada com o Bayern de Munique. Atual campeão da Champions, o clube alemão luta para chegar a sua terceira final consecutiva. Importante destacar que, caso avance até a final, seria a quarta decisão em cinco edições. E é possível! O Bayern foi até Londres despachar o Arsenal por 2 a 0 e, tal como o Barcelona, também deixou a classificação bem encaminhada. 


COLCHONEROS MANDAM RECADO - No duelo entre um Milan em busca de identidade contra um empolgado Atlético de Madrid, eu acreditava que o peso da camisa e o histórico italiano na competição fariam a diferença, ainda que o virtual favoritismo pendesse para o lado espanhol. Ledo engano. Diego Costa calou o San Siro e deixou os colchoneros próximos das quartas. O confronto segue aberto, mas a tendência é a presença do aguerrido Atlético.



domingo, 16 de fevereiro de 2014

Quites

O Palmeiras tinha uma chance de ouro. Era só vencer o rival e deixar o clima lá ainda um pouco mais insuportável. Mas, do outro lado, o Timão contava com o retorno de jogadores importantes e poderia bater o Verdão para ganhar uma semana de sossego e uma pitada de paz para colocar as coisas nos eixos devidos. Só que no duelo do que queria ganhar contra o que não podia perder, não deu outra: empate.

Bem que o Corinthians tentou. Tentou mesmo. Foi até ligeiramente superior que o Palmeiras. Ou a pontaria falhou (né, Guerrero?) ou esbarrou em Prass diversas vezes. Jadson fez o que se esperava dele. Deu uns passes, tentou se movimentar e manteve a mesma discrição dos tempos de São Paulo. Bruno Henrique foi mais competente na marcação e distribuição da redonda. Até Cássio fez intervenções pontuais sem sustos. 

Enquanto o Timão ia na inércia da torcida, o Palmeiras respondia como dava, ainda que isso custasse alguns hectares de campo livre para o contra-ataque alvinegro. 

Foi no segundo tempo que o jogo realmente começou. O Timão organizou uma blitz baseada naquela boa e velha estratégia do "cada um pega o seu e seja o que deus quiser" com tanta competência que foi premiado com o gol de Romarinho (quem mais seria?) aos 15 minutos. Era para ser o terceiro já que o autor do gol e seu amigo peruano desperdiçaram duas chances clamorosas (CARSUGHI, Claudio).

Na jogada, Fagner tabelou com Guilherme e a zaga do Palmeiras para cruzar certeiro para Romarinho, que aproveitou a sesta da defesa palestrina para invadir a pequena área e desviar para as redes de Prass. 

Isso bastou para que incentivar Kleina a tentar reorganizar o Palestra e tentar responder na base do "perdido por um, perdido por 2 ou 3, não mais que isso". O talismã Marquinhos Gabriel, Mendieta e o insosso Diogo foram os sorteados para mudar o destino do jogo. 

Vendo o panorama favorável e também um tanto traiçoeiro, Mano Menezes não resistiu àquela vontade louca que lhe dá em trancar o time para assegurar aquele resultado benéfico por algumas horas mais. Porém, quando se pretende reforçar o sistema defensivo com Cachito Ramirez e Jocinei, desculpa, cara, mas você tá fazendo isso errado.

Então a bola cai com Diogo. O atacante caminha, olha, aperta os olhos como se não acreditasse em tanto espaço e tantas possibilidades de arriscar uma jogada que opta pela mais ousada: alça a bola na área. O esperto Alan Kardec percebe que o cruzamento veio na medida, deixou Felipe brincando sozinho na marca do pênalti e cabeceou sem chances para Cássio.

Um empate justo. O Corinthians mereceria a vitória se não pagasse com dois pontos o receio em excesso de seu comandante. E, como eu gosto de dizer, merecimento é bola na rede. Assim, méritos a Kleina, a Kardec, a Diogo e a Prass, claro, pelo resultado providencial.

 

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Tensa tradição

Há quase cem anos é assim. A cidade para, o Estado todo volta sua atenção para o campo onde Corinthians e Palmeiras uma vez mais medirão forças e até o Brasil observa de soslaio o que vai sair daquele furdunço todo. É o que move o mundo. O futebol é feito desses grandes duelos entre rivais históricos. Amanhã não será diferente.

Parte da pimenta do primeiro dérbi de 2014, ano do centenário da ala verde do clássico, reside justamente na ascensão meteórica palestrina que escalou a Série B de bondinho e abre a temporada com 6 vitórias e 1 empate no Paulistão.

Verdade seja dita, o Palmeiras até agora só empurrou o bebum da ladeira. Até o Choque-Rei foi vencido com segurança digna de jogo treino. Mas é um time que prova a cada jogo que veio perturbar a paz dos rivais espalhados pelo território nacional.

Ainda sem contar com Bruno César, o Palmeiras vem com aqueles 11 rapazes que estão dando ao torcedor algum motivo para sorrir e sonhar. A fase é boa, a confiança está lá em cima e isso é completamente irrelevante quando a bola começar a rolar.

Principalmente porque do outro lado está o maior rival e, para piorar, em fase assumidamente desgraçada.

O Corinthians é a grande decepção do Paulistão até agora. Conseguiu a proeza de ostentar a última posição no seu grupo.O poderoso Botafogo de Ribeirão Preto perdeu dois jogos e lidera com honrosos 16 pontos. O Ituano chega em segundo com 12, enquanto XV de Piracicaba e o ousado Audax somam 10 pontos. Aí vem o Timão com SETE.

Não bastasse o terror no futebol, a torcida resolveu se organizar e ir ao CT fazer uma roda de oração e ministrar uma palestra de auto-ajuda. O resultado veio logo em seguida. Paulo André foi para a China e Pato trocado por Jadson. Sem contar Ibson que foi para a Itália e o Vasco que acolheu Douglas. Mas o bom futebol ainda não deu as caras.

São 5 jogos sem vitória. Sou daqueles que acreditam em ação dos astros às avessas. Creio naquelas máximas do tipo: "quanto mais se perde, mais próximo da vitória se está". É por isso que há uma razoável possibilidade de vitória alvinegra no dérbi.

É! Veja, Romarinho é carrasco do Palmeiras, Bruno Henrique e Jadson devem jogar. Guilherme vive bom momento, Ralf é um monstro na marcação. Até o Renato Augusto vai deixar o departamento médico por meia hora pra ajudar em campo! Si se puede! 

Bom, é amanhã. Possíveis consequências: 

- Um empate não vai manchar o bom retrospecto do Palmeiras, que será observado - e cobrado - bem de perto pelo universo inteiro esse ano. No mais, não deixará o Corinthians em estado pior ao que já se encontra.

- Vitória do Palmeiras: Palestrinos em êxtase embora cautelosos pois é só a primeira fase de um Paulistão momentaneamente modorrento, bando de loucos em desgraça.

- Vitória do Corinthians: Início da superação do Timão, bota a quinta marcha até o mata-mata e seja o que deus quiser. Palmeiras em retiro espiritual para contestar o que estava dando certo até 90 minutos antes.

Deve ser isso. Há uma grande expectativa de que tudo aconteça. Inclusive nada. 





quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Coisa errada no lugar errado

Racismo há de ser um eterno tema polêmico. Ele existe e não é exclusividade dos estrangeiros. Aqui se pratica o racismo e demais práticas discriminatórias de todo gênero todos os dias, como se seguíssemos um script. É exagerar na hipocrisia não admitirmos que, ainda que por uma breve fração de segundo, deixamos a voz do preconceito - de qualquer gênero - falar mais alto. Porém, no esporte, o racismo é inadmissível.

Tenho uma opinião pouco ortodoxa sobre o racismo. Sinceramente, acredito que o racismo vai estar presente sempre. Não haverá uma redenção cristã mundial que aceitará o amor e o respeito entre os seres humanos. Daí cabe ao governo e legisladores criarem condições para que o racismo não torne o mundo corporativo e a sociedade em si segregadora como um todo. 

E não me falem de cotas. Ninguém vai conseguir me convencer que cotas na universidade para negros de baixa renda vai atenuar o problema. O sistema educacional é que precisa de reforma. A população carente é quem precisa ter condições de prosperar. Posso ser voto vencido, mas entendo que tal medida, no caso as cotas raciais, beiram uma institucionalização do racismo. O que seria evitado se o critério fosse meramente social. Cota para pobres, simples.

À parte as questões profundas de racismo na nossa rotina, no esporte não é possível admitir qualquer conduta discriminatória de qualquer maneira.

O esporte em primeiro lugar tem viés lúdico. Ele aproxima as pessoas, promove a interação, a socialização, a competição, a diversão. Por isso, não tem cabimento odiar o adversário pelo simples fato de ser negro. Odeie-o esportivamente porque ele é melhor, pior, mais rápido, mais lerdo, mais baixo, mais alto, mas não porque tem cor de pele diferente.

Quando adentramos no profissionalismo a coisa fica ainda pior.

É obrigação de toda e qualquer federação desportiva (não falo exclusivamente do futebol) que puna severamente o clube cuja torcida não se comporte dentro do fair play. Se o esporte serve para muitos como plataforma de mudança de vida e enriquecimento, além de mostrar que o que realmente importa é a competição, está faltando uma atitude das autoridades.

O que aconteceu com Tinga ontem, Balotelli e Boateng outro dia, e dentre tantos outros que vão até a Rússia, por exemplo, vai persistir até que a FIFA decida tratar a questão com a devida intolerância que o tema merece.

Multa e perda dos pontos da partida, multa e suspensão na competição por tal tempo, penas mais duras em caso de reincidência, não importa. O dinheiro que o futebol move tem que ficar em último plano diante de uma controvérsia tão latente.

Afinal, já que não é possível buscarmos alternativas imediatas para solução do problema dentro de nossa própria sociedade, o esporte deveria dar o primeiro exemplo.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Botecadas

DIEGO COSTA - O atacante naturalizado espanhol só foi lembrado por Felipão quando a Espanha lhe ofereceu uma vaga no ataque da Fúria. É um ótimo jogador. É melhor que Fred e infinitamente superior à Jô e Damião e qualquer outro centroavante brasileiro em atividade. Mas sua convocação lá tem a concorrência de Fernando Torres (fase ridícula), Negredo (fase excelente), Pedro (queridinho da geral), Llorente e o experiente Villa. Deu azar de ter se machucado quando de sua primeira convocação oficial no final de 2013. Agora, vejo sua convocação em risco pois não foi testado na Seleção. Aliás, Marcos Senna foi campeão da Euro em 2008 na própria seleção espanhola e ficou fora do Mundial dois anos depois. Como toda escolha há um risco, Diego Costa pode ter jogado fora a presença na Copa deste ano. Se tivesse continuado "brasileiro" certamente estaria nos 23 escolhidos.

SAMPA SEM LIBERTADORES - Uma pena a Globo não brindar o Estado de São Paulo com a Libertadores, em que pese a ausência de paulistas no certame continental. Quem quiser acompanhar a saga de Flamengo, Botafogo, Atlético Paranaense, Atlético Mineiro, Cruzeiro e Grêmio (grupo mais legal dessa edição cujos jogos começam amanhã, quinta) terá de recorrer à tv por assinatura. 

OS 23 - Concordo com o Gian Oddi, da ESPN, quando ele diz que já é possível definir quem não vai à Copa e esboça uma lista. Minhas apostas e divergências dos nomes propostos pelo blogueiro: 
3º goleiro - Victor.
4º zagueiro - Réver
Centroavantes - Fred e Jô
Meia/Atacante - Vejo Hernanes dentro. Willian está com um pé na Copa mas tem duas sombras: Kaká e Robinho. Se Felipão quiser um meia ou um atacante mais experimentado e rodagem europeia, Willian pode dançar nessa.

BOTAFOGO LIBERTADOR - O Fogão recebeu o San Lorenzo na sua estreia na fase de grupos. Mas nem mesmo o apoio papal ajudou os argentinos na empreitada ingrata de encarar o Botafogo no Maraca. Ferreyra e Wallyson (óbvio, sempre ele, bug da Liberta) fizeram os gols da vitória por 2 a 0. Assim, a Estrela Solitária começa a desafiar o além. Se for para acontecer algo, que seja finalmente a glória máxima! (Oremos). O Fogão está se mostrando um time muito guerreiro, organizado e letal. Tudo indica que deve ir longe, quartas-de-final no mínimo.


domingo, 9 de fevereiro de 2014

Troca de risco

Tudo na vida envolve um certo tipo de risco. Mudar de emprego, comprar um carro usado, ter uma amante, investir na bolsa. Tudo. No futebol não é diferente. A contratação de atletas desconhecidos ou velhos figurões trazem os riscos naturais de qualquer negociação e até a influência da profissão em si, afinal, futebol se resolve no campo. Com a devida ciência dos riscos, Corinthians e São Paulo estão prestes a selar a troca mais polêmica dos últimos anos: Jadson (meia tricolor) por Alexandre Pato (dispensa comentários).

Antes de dar a minha opinião sobre o negócio em si é necessário pontuar algumas coisas que antecederam a troca: 

- Jadson tinha apenas mais um ano de contrato e já sinalizava que não iria renovar com o São Paulo. O Tricolor precisa de opções de qualidade para o ataque já que Ademílson e Osvaldo não suficientemente capazes de jogar bem regularmente

- Luís Fabiano precisa de uma sombra posto que passará dias lesionado, suspenso, poupado, dentre outros impedimentos quaisquer.

- O Corinthians investiu mais de 40 milhões de reais em Pato, sem contar os salários de um ano de contrato, e acumulou decepções com o jogador. (lembram-se da cavadinha contra o Grêmio? Precisa mais?)

- Sem Douglas (foi para o Vasco), o time está refém de Danilo na armação já que Renato Augusto virou pensionista do departamento médico. No mais, Romarinho, Rodriguinho e -inhos diversos são velocistas e não tem característica própria de municiar o ataque com a devida competência.

Isto posto, o Timão foi atrás de Jadson para solucionar o problema de seu meio-campo. Daí surgiu a possibilidade de incluir Pato na negociação e o resto todo mundo sabe. 

O UOL fez uma matéria interessante com pormenores contratuais que vale a pena uma passada de olhos (ver aqui). Embora eu tenha cá minhas dúvidas se não há mais detalhes contratuais que passaram batido ou não tenham sido divulgados, fato é que a troca é interessante para ambos.

Com Pato, o São Paulo ganha um atacante experiente, rápido, técnico e capaz. Sim, está em má fase, não é um guerreiro dentro de campo, mas é inegável que é diferenciado. Pode agregar e pode estourar, desde que queira, óbvio. Caso vá bem, tem totais condições de ser negociado novamente com o exterior e deixar definitivamente o Brasil e fugir de toda pressão que aqui tem passado.

Já o Timão ganha um meia inteligente, experiente, de bom passe e boa qualidade na bola parada e que pode reorganizar a meia-cancha alvinegra de acordo com as instruções de Mano Menezes, técnico que convocou Jadson para a Seleção.

Porém, na prática, a teoria é outra. Ambos jogadores estão em uma fase desgraçada profissionalmente. Jadson nunca foi o meia que o São Paulo quis. Teve seus bons momentos, principalmente em 2012 quando o Tricolor levou a Sul-Americana. Mas sempre alternou demais, nunca foi constante. Com a chegada de Ganso, amargou o banco e não se empenhou tanto em sair dele.

E Pato, mesmo tendo sido vice-artilheiro do Timão ano passado, não justificou o investimento insano. Simplesmente não houve retorno. O atacante não adequou seu estilo à filosofia do bando de loucos e pouco a pouco sabotou seu futebol. Limitou-se a peregrinar pelo campo à espera da bola ou do passe perfeito e, com isso, finalizações e gols rarearam. Não por isso foi presença constante no banco e, quando chamado, foi pouco eficaz.

Para recuperar o bom futebol tem-se, então, que a troca, futebolisticamente falando, é boa para todo mundo, clubes e jogadores. Todavia, o negócio, ao meu ver, favorece o Timão.

Isso porque o Corinthians receberá o meia em definitivo. Vai emprestar Pato até o final de 2015 e seu contrato somente vence no final de 2016. Ou seja, terá mais um ano para resolver o que fazer com ele. É verdade que terá que arcar com 50% de seus vencimentos. E pagar Jadson integralmente. Mas está recebendo um jogador e repassando outro por empréstimo! Em princípio, é lógica.

Não é só. Vamos supor que Pato vá ao Morumbi e volte a ser aquele ótimo atacante e receba uma proposta irrecusável. O Timão vai poder vender! E o São Paulo só vai receber uma porcentagem do lucro que eventualmente o Corinthians tenha. Isso se receber, pois caso essa proposta do além venha até julho, o atacante sai na hora. Ora, Pato vai ter que comer grama e fazer o milagre da multiplicação dos gols no São Paulo para, quem sabe, trazer algum lucro ao Tricolor.

O São Paulo aposta alto na recuperação de Pato e na possibilidade de formar um ataque avassalador com Luís Fabiano e Pabón para retomar o caminho dos títulos. E o Timão recebe um meia rodado, disposto a ganhar uma nova sequência como titular sob comando de um treinador que confia em seu potencial. Tudo pode dar muito certo ou muito errado, ora.

Todos cantam em verso e prosa o prejuízo que o Corinthians teve - e ainda terá pois arcará com parte do empréstimo de Pato - mas o negócio é potencialmente ótimo para o Timão que tem condições reais de, no mínimo, reduzir seu déficit. Se o investimento não está trazendo o retorno necessário, deve-se criar alternativas para salvar o negócio, é business. 

A melhor das hipóteses indica que Pato vai jogar muito bem no São Paulo, receber uma boa proposta, ser vendido e adeus. Ele sai, o São Paulo fica desfalcado, o Corinthians enche o bolso e ainda fica com um meia. Isso se os times não fazerem um novo negócio da China que resulte na compra do atacante pelo Tricolor, a depender de seu desempenho. Vai saber.

Há, entretanto, um fator determinante para que isso aconteça: Pato.

Se Pato estiver disposto a recuperar seu espaço no futebol, na Seleção ou simplesmente querer se vingar de todas as críticas que vem recebendo, ele vai jogar bem no São Paulo a ponto de reconquistar a confiança dos europeus, dos russos, dos chineses, dos árabes e fugir dessa panela de pressão de cobranças justas.

É um risco, não dá pra saber o que vai ser. 

É o mesmo risco que o Corinthians corre com Jadson, mas em menor escala. Pode ser que o meia, tão low profile quanto Pato, continue a oscilar demais. Entretanto, é bem mais provável que Jadson tenha mais confiança e tranquilidade para voltar a jogar bem do que Pato, já criticado pela torcida do São Paulo sem nem ao menos ter sido apresentado oficialmente.

Qualquer tipo de manifestação contrária à troca e ofensiva a qualquer dos jogadores é bobagem. É indispensável esperar alguns jogos para dar início às críticas. São bons jogadores em péssima fase e merecem acolhida das torcidas pois, para reconstruírem suas carreiras, dependem de ajudar seus respectivos times. Por seu turno, a torcida deveria, no mínimo, apoiar primeiro e cobrar depois.

Por mais que seja uma questão de risco negocial, entendo que os times e jogadores podem se dar muito bem nos novos lares. Ainda que Pato tenha que superar uma desconfiança maior dos novos adeptos e Jadson possa receber uma dose a mais de tolerância. Só que eu não consigo não vislumbrar certa vantagem do Timão nesse negócio todo.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Pela quina

Apesar de acreditar que alguma força cósmica há de evitar que o Brasil faça a quina na loteria continental, as classificações de Botafogo e Atlético Paranaense potencializam consideravelmente as chances de termos novamente um libertador brasileiro.

A começar pela ressurreição do Furacão que foi dado como morto por duas vezes e foi salvo pela maldita marca da cal em ambas vezes. O Sporting Cristal apegava-se ao 1 a 1 que lhe dava a vaga à fase grupos. Porém, um pênalti convertido por Éderson 50º minuto de jogo levou a decisão para as cobranças de pênaltis. 

Nos pênaltis, o Furacão precisava fazer seu gol e contar com a incompetência peruana em outras duas batidas. Isso para levar aos tiros alternados. E os deuses do futebol quiseram que assim fosse e muito mais. Era para o Atlético classificar e se unir a The Strongest, Universitario e Vélez no grupo 1 da Libertadores.

Enquanto o festival de surrealidades rolava solta na Vila Capanema, o Botafogo foi escoltado por 50 mil torcedores cientes do risco em ver algo que somente poderia acontecer com eles. Não há surpresa geral da nação ao dizer que os cariocas foram capazes de eliminar o modesto Deportivo Quito e ganhar o direito de disputar mais seis jogos internacionais.

Contudo, os ouvidos ficam ouriçados ao saber que o Botafogo simplesmente destruiu os equatorianos com imponentes 4 a 0. E uma coincidência uniu os artilheiros da noite. 3 gols de Wallyson, atacante que nasceu para a competição (foi o artilheiro em 2011 quando caiu com o Cruzeiro de Cuca para o Once Caldas nas oitavas, com 7 gols), e outro de Henrique, ex-São Paulo, destaque no mundial sub-20 no mesmo ano.

Com isso, os seis brasileiros estarão lá. Ainda que o futebol só se resolva no campo, é óbvio que uns transparecem maior favoritismo que os demais, casos evidentes de Cruzeiro e Atlético Mineiro. Uma simulação feita no olhômetro indica que há real possibilidade de termos, no mínimo, duas equipes na semi-final (ou um finalista, como preferirem).

Para apimentar a teoria da conspiração: Após quatro títulos enfileirados do Independiente entre 72-75 a Argentina quase faturou a 5ª Copa consecutiva. Coube ao Cruzeiro bater o River Plate e quebrar a hegemonia hermana. Opa, um argentino na final.

Seja como for, é hora de colocar a estatística à prova.




quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

A Resistência

Não há clube paulista mais querido e charmoso que o Juventus. Não adianta querer ser clubista, nenhum time pode superar a atmosfera familiar que paira na Rua Javari. Em um tempo no qual o futebol é invadido por grandes investimentos, parcerias, empresários e tantas outras coisas tão somente relacionadas a dinheiro, o Juventus ainda resiste à sua maneira. 

O Moleque Travesso não dá o ar da graça na elite do futebol paulista desde 2008. Passou a perambular a A-3 do Paulistão desde 2010. Esboçou uma reação ao subir à A-2 ano passado mas logo foi devolvido à Terceirona. Talvez o calvário grená encontre resposta no fato das diretorias seguintes terem achado uma boa estratégia trocar os esquadrões campeões da A-2 em 2005 e da Copa Federação Paulista em 2007 por elencos recheados de jovens e demais atletas de talento controverso ou sui generis. Só pode ser isso.

Nesta tarde o Juventus recebeu o Votuporanguense pela 2ª rodada do Paulistão A-3. Pega-se a escalação e não se conhece ninguém. Uma baciada de jovens e nenhum "Aquele" para servir de chamariz. Do outro lado, idem. Embora o time do interior tenha apostado em atletas com rodagem. Uma equipe com média etária de 26 anos e jogadores que vieram dos quatro cantos do Brasil.

Primeiro tempo correu sem maiores pretensões. Em São Paulo faz um calor desgraçado e a qualidade da pelada batida pelos jogadores - que já não era minimamente promissora - tornou-se praticamente insustentável até o intervalo. 

Só que o segundo tempo foi ótimo! O canoli surtiu efeito e o Juventus voltou em cima, pressionando o Votuporanguense, que até ali fechava bem a casinha mas passou a vacilar perigosamente lá atrás. Foi assim que o Moleque Travesso bateu uns dois-três escanteios praticamente seguidos.

Subitamente a arquibancada passou a sentir o cheiro do gol. O Moleque Travesso dominava, era pouco ameaçado e passou a criar chances clamorosas de gol. Em uma delas, Dudu Mineiro invadiu a área sozinho e ao tirar do goleiro, tirou do gol também. Fernandinho foi acionado duas vezes na esquerda e mandou as duas para fora.

Só que o árbitro achou uma boa ideia fazer uma pausa para a água. Pobre, Juve, mal sabia o que viria.

No retorno, o Votuporanguense acertou a festa do caqui que sua defesa havia se transformado e passou a orquestrar contra-ataques assanhados para cima dos, literalmente, moleques. 

Enquanto o jogo tomava contornos de deus-nos-acuda, Derli, melhor jogador de fato e de direito da meia-cancha grená - e tenho cá comigo que não faria feio em qualquer time da primeira divisão de qualquer campeonato - foi substituído. Não sei se foi cansaço, se foi uma lesão ou se foi apenas um estiramento cerebral do treinador Serginho.

Aos 37 minutos, falta perigosa para o Votuporanguense. Ir à Javari permite que o torcedor tente filmar com alguma qualidade os lances de bola parada na ilusão de que vai ter um gol eternizado em vídeo. Pois bem, pego o celular e estou lá falando com um coroa qualquer sobre a falta. Ele me alerta sobre algum defeito na barreira. Eu acrescento com um comentário meteorológico cretino "o sol tá na cara dele!". E ambos acertamos. A bola passa da barreira, o goleiro vai mal no lance e é gol.




Mais uma vez a torcida deixa a Javari cabisbaixa. O Juventus jogando como nunca e perdendo como sempre. Essa tem sido a impressão cravada na retina da Mooca. O time vai, joga, tenta, mesmo sendo ridículos tecnicamente e ainda que tenha dominado a partida por uma fração de segundo ou tenha desperdiçado um gol, o deus cristão boleiro só castiga o nosso gol.

Agora já não importa. Perdemos. Mas haverá outros jogos. E neles haverá moleques dispostos a fazerem a famigerada travessura. Claro que podemos ser as vítimas, nos acostumamos a ver o feitiço virar contra o feiticeiro. A amargar castigos depois de cada arte feita. Mas eu disse que não importa. Enquanto a Javari estiver em pé, teremos torcida. Os que gritam, os que apoiam, os que xingam, os que se calam e rezam mantras ao roer as unhas. Mas lá estarão e é assim que o Juventus resiste. 


segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Super Bowl XLVIII - Denver Broncos 8-43 Seattle Seahawks

Foi um massacre, um atropelo. O Super Bowl 48 ficou na expectativa de um grande duelo e o que se viu foi um passeio dos Seahawks sobre os Broncos. Foi cruel e não há nada muito a se dizer a respeito. Irônico notar que a melhor defesa teve uma noite de melhor ataque, melhor tudo, portanto.

O placar foi inaugurado da maneira mais surreal possível. Logo na primeira jogada, os Broncos erram o snap e sofrem um safety. Curioso lembrar que a última pontuação do Super Bowl 47 foi justamente um safety. Bizarro.

Russell Wilson lançou, conectou ótimos passes, fugiu do pocket para buscar alternativas, deu suas corridas, foi uma atuação soberba do quarterback que está somente em seu 2º ano na NFL. Mas não era somente o ataque de Seattle que estava inspirado. A defesa também cumpriu seu papel com louvor.

Vale dizer que a noite desastrosa de Peyton Manning e dos Broncos estava só começando quando o QB foi interceptado e viu o ataque dos Seahawks invadir a ending zone com Marshawn Lynch e abrir 15-0. Logo em seguida, nova interceptação de Manning e Smith, futuro MVP do Super Bowl, foi lá ampliar para 22 a zero.

Final do primeiro tempo. Show de Bruno Mars e Red Hot Chili Peppers bem mais ou menos, diga-se. 

Na volta do intervalo, os Broncos tinham que se superar e provar porque são o melhor ataque da história. Porém, no retorno do kickoff, novo touchdown dos Seahawks. 

A expressão de Peyton era de dar dó. Olhava o livro de jogadas como quem buscava encontrar um milagre para reverter aquele vareio.

Logo depois, a melhor defesa da NFL recupera um fumble. Noite desgraçada para Denver. Russell Wilson comanda mais um ataque impiedoso e Kearse, depois de fugir de dois tackles, praticamente define o jogo. Até então estava "só" 36 a ZERO.

O melhor ataque mal conseguia first down, quiçá pontuar! Era insano, havia uma ponta de sadismo continuar assistindo a humilhação dos Broncos.

No último lance do 3º quarto, os Broncos anotam um TD e a conversão de dois pontos. Mal sabiam o que estava por vir...

Wilson, esbanjando versatilidade, liderou os Seahawks para o derradeiro touchdown após passe para Baldwin: 43 a 8.

Não dá para saber ao certo se os Broncos eram tão inferiores assim. Claro que não. Não se menospreza o melhor ataque da história, repita-se. Só que o ataque era Manning e seus alvos. Não havia um bom plano B, ao contrário do que havia do outro lado. A solidez defensiva de Seattle aliada a um ataque versátil foi a chave para o título.

Novamente irá recair sobre Manning uma enxurrada de críticas e questionamentos sobre seu desempenho em playoffs. Vão falar que é o maior pipoca da história, como os números infelizmente apontam. Não vão lembrar das falhas grotescas do snap ou da falta de competência defensiva. Peyton vai sofrer sozinho de novo.

E vou além. Arrisco dizer que seu estilo morre aí. Acredito que começa uma nova era de campeões do Super Bowl. Com quarterbacks improvisadores, defesas bem postadas e um ataque melhor equilibrado que seja capaz de alternar passes e corridas surpreendendo o adversário.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

100%

A manutenção dos 100% de aproveitamento do Palmeiras veio de forma incontestável. O triunfo por 2 a 0 sobre o São Paulo foi construído com frieza sádica e atuação competente de Valdívia e Lúcio. Como suspeitávamos, o Verdão não veio a passeio nesta temporada.

Após protocolares 15 minutos de estudo e respeito, o Palmeiras viu que poderia dominar o jogo e assim o fez. Ao perceber que Ganso estava muito concentrado buscando compreender a hipótese do Gato de Schrödinger, Ademilson e Osvaldo eram apenas velocistas desprovidos de inteligência e que a única válvula de escape era Álvaro Pereira, comandante Kleina soube explorar os flancos e deixar que o Mago cuidasse do resto.

Foi assim que saiu o primeiro gol. Falta em Valdívia. Bola alçada na área, a zaga tricolor acertou o deixa-que-eu-deixo e viu o Mago cabecear sozinho para as redes. Daí em diante foi só administrar. Leandro e Wesley causando calafrios em cada arranque e o São Paulo carente de algum lampejo milagroso para ao menos chutar a gol. Sem sucesso.

A segunda etapa foi cruel. Kleina fechou a casinha e seus constantes contra-ataques davam a impressão que a equipe não só controlava o jogo mas pressionava o já nervoso São Paulo. Ainda que a partida tenha ficado demasiado amarrada e sem chances grandes chances de gol, o Palmeiras logo tratou de resolver logo a parada e evitar emoções maiores.

O lado direito da defesa do São Paulo é o roteiro mais atraente para qualquer adversário que quer sair vencedor do duelo. Foi por ali que Kardec invadiu a área e enquanto desviava de alguns transeuntes sofreu um belo pênalti de letra assinado por Rodrigo Caio. Pênalti marcado e o árbitro poupou o beque são-paulino do merecido cartão vermelho e o time de uma possível goleada. O atacante dispensou a ajuda do além e converteu a cobrança. 2 a 0 e olé no Pacaembu.

Não foi uma partida brilhante mas era a vitória que o Palmeiras precisava. Jogando de maneira séria, segura que dá ao torcedor alguma esperança na temporada. O time respondeu em campo que é capaz! E, além de atrair holofotes da euforia, coloca o spot da desconfiança no Morumbi que segue com graves problemas defensivos tanto no miolo de zaga quanto na volância.






#vemproct

Ontem, sábado, o CT do Corinthians foi invadido por pouco mais 100 torcedores que foram lá cobrar o desempenho insatisfatório da equipe neste começo de ano. Na ressaca da goleada para o Santos, a fúria da torcida não ficou restrita a Pato e Sheik. Depredação, roubo de celulares e agressão a uma funcionária e a Guerrero. Para mim, só há um culpado nessa história: o próprio Corinthians.

Longe de defender a ação de marginais criminosos, mas a culpa é do Corinthians que jamais se preocupou em cortar o vínculo com suas principais organizadas. Pior, sempre adotou uma postura conivente com os "rolezinhos" promovidos pela torcida em seu CT para passar seu recado a técnico e jogadores.

É o cúmulo ter seu local de trabalho invadido por pessoas que se julgam no direito de te dar uma prensa como se fosse seu chefe imediato. Embora cobrar seja uma função legítima da torcida, este ato deve ficar restrito às arquibancadas. Quando muito, ir à porta do CT, gritar, espernear, colocar faixa, chamar carro de som, trio elétrico e o escambau de Madureira. Mas praticar atos de vandalismo e violência deságuam no crime. 

Não serão boletins de ocorrência que vão trazer paz a jogadores e comissão técnica. Cobra-se uma mudança de postura da diretoria do Timão em tomar medidas drásticas contra esse tipo de atitude. Que a segurança seja reforçada, que os benefícios sejam cortados, que haja empenho em enquadrar os bandidos tal como se apresentam. Algo deve ser feito e tal recado não é exclusivo para o Corinthians.

Cara, foram enquadrar o Guerrero! Até ontem era ídolo, artilheiro, autor do gol do bicampeonato mundial e hoje vai ser tratado como um qualquer? Aliás, nesse elenco aí o peruano ainda se mostra diferenciado e cumpre seu papel com louvor. É titular absoluto, anota seus gols e serviu de bode expiatório injustamente. 

Hoje a equipe vai entrar em campo contra a Ponte Preta, em Campinas. Com que psicológico? Com a obrigação de acertar cada passe, chute, desarme e, sobretudo, sair de campo com os 3 pontos. É mole?

Agora, o Corinthians que se vire para manter o elenco focado, motivado e, se possível, blindado. Porque ficou claro na "manifestação" que não é só por 40 milhões. Parece óbvio que só um título vai fazer o "gigante" dormir. Fácil, né?


(ATUALIZAÇÃO: Fim de jogo em Campinas. Ponte Preta 2 x 1 Corinthians. O Timão conseguiu empatar mas se perdeu completamente após sofrer o segundo gol. Guerrero deu lugar a Pato que sequer tocou na bola. Sem criação no meio e perdido no desespero, viu Paulo André e Gil tomarem cartão vermelho. Essa derrota vai na conta da torcida...)