segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Brasileirão-14 - Rodada #17

Mais uma rodada que se vai...



CERVEJA GELADA


CRUZEIRO - Tudo conspira a favor da Raposa. Venceu o Goiás, fora de casa, por 1 a 0. Os mandantes ainda perderam um pênalti no último minuto de partida. De quebra, abriu 7 pontos para o segundo colocado e garantiu o título simbólico do primeiro turno. Se depender das estatísticas, pode entregar a taça! 

FLUMINENSE - Goleou o Sport por 4 a 0 e se aproximou do G4. Partida marcou o reencontro de Fred com uma boa atuação. O centroavante marcou duas vezes!

SÃO PAULO - O Tricolor venceu o clássico San-São por 2 a 1 com boa jornada de Ganso e Pato. Os gols da dupla colocaram o São Paulo na vice-liderança isolada com 32 pontos. 



CERVEJA QUENTE


CRICIÚMA - Recebeu o Flamengo e foi derrotado por 2 a 0. Chegou a 7 jogos sem vencer e, agora, inaugura a zona da degola com 17 pontos.

VITÓRIA - Outro belo anfitrião. Tinha um jogo-chave contra o Figueirense valendo uma vaga fora do Z4. E não é que o Vitória perdeu? 1 a 0 para os comandados desse bruxo chamado Argel Fucks que levou o Figueira a 4 vitórias e 1 empate nos últimos 5 jogos! Os baianos assumem a lanterna nos critérios de desempate embora - ainda - vejam a saída a apenas 3 pontos.

ATLÉTICO PARANAENSE - O Furacão parece gostar da zona intermediária da tabela. Ficou num decepcionante 0 a 0 contra o Bahia em plena Arena da Baixada. Após a partida, optou por demitir o técnico Doriva. 

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Brasileirão-14 - Rodada #16

Falta pouco para alcançarmos o meio do campeonato e as brigas seguem disputadas. Embora o Cruzeiro já esboce nova arrancada, legal perceber que seis pontos dividem o meio da tabela do Z4 e do G4.
Essa rodada teve uma infinidade de destaques positivos que é até injusto apontar os 3-4 protocolares. Dito isso, bora:


CERVEJA GELADA


CRUZEIRO - Já começa a esboçar uma nova arrancada. A vitória arrancada à fórceps sobre o Grêmio por 1 a 0, aos 40 do segundo tempo, gol de Dagoberto, catapultou a Raposa para 36 pontos, 5 a frente dos vice-líderes. Bicampeonato à vista?

FIGUEIRENSE e CHAPECOENSE - A dupla de Santa Catarina não podia passar batido. Triunfos excelentes! O Figueira recebeu o Botafogo, venceu por 1 a 0, foi a 17 pontos e saiu da zona da degola! Incrível para quem (tipo eu) já dava a equipe como virtual rebaixada. A Chapecoense seguiu a mesma cartilha e derrotou o Fluminense, na Arena Condá, pelo mesmo placar.

FLAMENGO - A chegada do pofexô Wanderley Luxemburgo abalou as estruturas! O Mengão bateu o Galo por 2 a 1, de virada, e deixou pra trás Z4 e muito mais! Abriu 4 pontos da temida zona e já começa a sonhar em encostar no G4.


CERVEJA QUENTE 


INTERNACIONAL - Um dos grandes derrotados da rodada. No Beira-Rio, foi derrotado pelo São Paulo por 1 a 0. Com isso, o Tricolor entrou no G4 indo a 29 pontos, 2 atrás do Colorado, ainda vice-líder. Porém, não mais isoladamente. O Timão venceu o Goiás por 5 a 2 e igualou o número de pontos dos gaúchos.

PALMEIRAS - Foi encarar o Sport na Arena Pernambuco, o que seria, em tese, um campo neutro. Animador até a página dois. Saiu na frente com Henrique. Mas permitiu a virada do Leão. Como desgraça pouca é bobagem, agora o Verdão assume a lanterna do Brasileirão estagnado nos 14 pontos. Impressionantes DEZ jogos sem vitória. Surreal...

BAHIA - Mais um tropeço em casa. Dessa vez, 0 a 0 com o Criciúma. Está de mãos dadas com o rival Vitória, ambos com 15 pontos e estacionados na penúltima e antepenúltima posição. 


quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Brasileirão-14 - Rodada #15

Como aperitivo da rodada do meio de semana, vamos aos destaques da rodada passada!


CERVEJA GELADA

CRUZEIRO e INTERNACIONAL - Rodada boa para os líderes do Brasileirão. Sábado, o Inter bateu o Goiás por 1 a 0 e dormiu na liderança. Mas no dia seguinte, o Cruzeiro recuperou-se dos dois jogos sem vitória com uma bela atuação diante do Santos: 3 a 0, retomando a ponta. Beneficiados pelos tropeços de Corinthians e Fluminense, a dupla consolidou-se na ponta.

SÃO PAULO - A sorte sorriu para o Tricolor. Mesmo não fazendo uma grande partida, venceu o Palmeiras por 2 a 1 e encostou no G-4, com os mesmos 26 pontos do Fluminense. 

FLAMENGO e BOTAFOGO - A dupla carioca tem motivos para comemorar. Ambos venceram partidas importantes e dormem fora do Z-4. O Fogão fez bonito e, apesar da crise que assola o clube, levou a melhor no clássico contra o Fluminense, 2 a 0. Já o Mengão derrotou o Coritiba, fora de casa, por 1 a 0. Os dois times contabilizam 16 pontos, 2 acima da zona da degola.


CERVEJA QUENTE

CORINTHIANS - O Corinthians ainda parece estar se adaptando à nova arena pois insiste em tropeçar em seus domínios. Desta vez, empatou 1 a 1 com o Bahia, agora vice-lanterna. O Timão ainda dorme no G-4 mas já dorme com o perigo de sair a qualquer momento.

CORITIBA - Perdeu em casa para o Flamengo. Lanterna com 12 pontos, exatos 3 abaixo do Vitória, 16º, primeiro fora da zona da degola. Precisa dizer mais?

VITÓRIA - Amargou um empate por 0 a 0 em casa contra a Chapecoense e vai ficar coladinho no Z-4, apenas 1 ponto à frente de Palmeiras, Figueirense e o rival Bahia.

PALMEIRAS - Não pela derrota no clássico, mas pela conjuntura. 9 jogos sem vencer. Perdeu o clássico que era mandante no Pacaembu. Teve a bola do jogo nos pés momentos antes do gol tricolor, mas Leandro e Henrique esbanjaram falta de tranquilidade na conclusão. Pra piorar, o gol da vitória foi marcado por Alan Kardec, ex-Verdão e pivô de uma famigerada saída conturbada. Sim, é possível ficar pior. O time cai para a 17ª posição e inaugura o Z-4. Pe-ri-go! 

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Carta ao Dunga nº1

Caro Dunga,

Muita expectativa para esta primeira convocação, né? Sei como der ter sido complicado elaborar essa lista já que boa parte dos jogadores virtualmente melhorzinhos que temos estavam com a Seleção há uns meses, naquele evento surreal que passou por aqui.

Também entendo que inauguramos uma nova caminhada até 2018 e o grupo precisa ser renovado aos poucos. No entanto, não podemos perder de vista que quem hoje tem 29 anos, em quatro anos terá 33, idade um tanto avançada demais para a disputa de uma Copa do Mundo. E não me venha com Kloses e Lahms que ninguém aqui tem a qualidade deles nessa faixa etária.

Ainda que na coletiva você tenha defendido os critérios "qualidade" e "rendimento" para justificar alguns desses jogadores mais velhos, digo, experientes - e concordo - fico com uma pulga atrás da orelha sobre o que foi visto em nomes como Hulk, Elias e Diego Tardelli.

Vá lá que podem ser peças de fácil descarte. Porém, apesar de estarmos iniciando esse período de testes, parece um tanto evidente que esses nomes não possuem tanta qualidade a ponto de serem figurinhas carimbadas em futuras convocações.

Creio que, se for para a realização de testes, sejam chamados jogadores jovens, com idade olímpica, ou não tão próximo dos 30 anos para que sejam potencialmente úteis no médio-longo prazo. Não é preciso lembrar que as Olimpíadas são daqui a dois anos, apenas. Seria bacana dar cancha a alguns caras daquele grupo.

Compreendo que era necessário fazer justiça a Filipe Luis e Miranda, embora esbarrem no que acabei de dizer. Em contrapartida, não houve justiça ao manter a volância, praticamente a mesma da Copa. Seria interessante ter pelo menos mais um nome diferente para iniciar a renovação do setor que praticamente sentenciou nossa sorte na Copa do Mundo. A mesma coisa sobre Hulk, que se mostrou um cara forte, bundudo, rápido, mas péssimo finalizador, dentre outras deficiências técnicas crônicas. 

Bom, gostei do Rafael no gol. Com 24 anos já tem Libertadores nas costas e se mostra bastante seguro. Sabemos que não será unanimidade. Aliás, foi-se o tempo de unanimidades ou titulares indiscutíveis na meta canarinho. Portanto, fique tranquilo. Pode chamar quem quiser para essa posição pois realmente a fonte de excelentes goleiros secou por ora.

Sobre Danilo e Alexsandro, ambos ex-Santos e laterais do Porto, não sei como estão a jogar mas eis bons exemplos de apostas válidas. Assim como Everton Ribeiro, Coutinho e até Ricardo Goulart. Só que sou obrigado a te cornetar. Chamou também o Willian. Assim, temos 87 meias que correm com a bola e, novamente, só o Oscar para cadenciar. Faltou mais um Ganso da vida para, eventualmente, saber como prender a bola, passar, lançar e não só correr, driblar e cavucar um espaço aqui ou acolá, entende?

Mas, fique frio, Dunga. Estamos só começando e muito trataremos sobre isso. Vai dar tudo certo, tenho Neymar, ops, certeza.

Tamo junto.



sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Liberta-me, por favor.

Quarta-feira foi a cerimônia de iniciação de um novo membro ao olimpo do campeões da Libertadores. Foi uma cerimônia tensa e que, por longos 90 e tantos minutos, deixou a dúvida no ar de quem seria o escolhido pelo conclave latino. A América clamava por um novo libertador e estava-se diante de dois times que realmente mereciam um trofeu para cada.

A um minuto de jogo, o Nacional Querido me carimba o poste cuervo. Que disparate! Uma jogada de extrema ousadia para um time que se notabilizou pela timidez ofensiva, deixando-a aflorar somente em situações extremamente pontuais ao longo de uma partida.

O Ciclón, tendo o Papa já estourado o terço após o precoce incidente, tentou colocar a redonda no chão e fazer valer a virtual superioridade técnica - que em termos de Libertadores não significa absolutamente nada - para buscar retomar o controle da situação ou mesmo de suas faculdades mentais.

No entanto, o que se via era um Nacional arisco, cheio de graça. Propuseram o jogo de maneira franca e deram-se o luxo de deferir tiros de fora da área de maneira até teimosa, como se tivessem de fazer a bola entrar na marra, o que é extremamente válido em uma final dessa magnitude. 

Ficou evidente que o fator cancha já tinha ido pras cucuias. O San Lorenzo batia cabeça no ataque e pouco produzia. O Nacional rondava a área adversária e, apesar do volume produzido, era pouco efetivo. Seria necessário um outro fator de desequilíbrio para resolver essa final. 

Em vez das triviais penalidades, optou-se pela imbecilidade. Na única vez no primeiro tempo que o Ciclón chegou com decência no ataque, o escanteio batido da direita encontrou Cateruccio na entrada da área na ponta esquerda. Do bico da grande área, o avante tenta alçar a bola na área. Coronel, na tentativa atabalhoada de interceptar, deixa os braços dançando no ar como um boneco de posto. Pênalti claro.

Ortigoza, que no olhômetro envergava uma bela camada de tecido adiposo pelo corpo, não bateu bem. Mas bem o bastante para deslocar Nacho Don e fazer o gol do título argentino. 

Foram preciso mais 45 minutos de aflição. Porém, em vez dos sustos constantes, a segunda etapa deu lugar a um Ciclón ciente do regulamento e da vantagem de se jogar em casa. A percepção dos meandros da Libertadores por Romagnoli ditou o rumo de um moroso final de partida com total controle pela banda de Boedo.

No duelo das camisetas sem lastro na Libertadores, venceu a que, talvez, merecesse um tanto a mais. É uma pena que os feitos desse Nacional Querido não puderam ser eternizados nessa edição. Quem sabe numa próxima. Agora, apenas se espera que o Papa se recupere bem após ter saído pela Santa Sé nu com fogo ateado ao corpo como uma maneira aceitável de extravasar e comemorar La Copa.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Brasileirão-14 - Rodada #14

A metade do Brasileirão vai chegando e a coisa vai ficando cada vez melhor.
Nessa jornada, o líder Cruzeiro não venceu novamente e já vê a trupe do G-4 encostar. Tivemos clássicos, tumulto na tabela e mudanças no Z-4.

Que o papo furado fique pra depois. Tai os destaques:


CERVEJA GELADA

INTERNACIONAL - Vencer é bom. Vencer o Grêmio é melhor ainda. Na estreia de Felipão, então, nem se fala! Assumir a vice-liderança e ver o líder a apenas 2 pontos é incrível! Foi tudo isso que ocorreu ao Inter nessa rodada. Vitória por 2-0 sobre o inimigo histórico, pulou para segundo lugar, largou o rival lá pro meio da tabela e mostra que o Brasileirão tá aberto sim!

CORINTHIANS - Outro que venceu clássico sob circunstâncias parecidas. O Timão foi à Vila e bateu o Santos por 1 a 0, gol de Gil, na reestreia de Robinho com a camisa do Peixe. O triunfo valeu mais que a 3ª posição com 27 pontos (1 a menos que o Inter, 3 a menos que o Cruzeiro), mostrou também que o time sabe superar a retranquice de Mano Menezes e a presença de Guilherme Andrade na lateral-direita.

FIGUEIRENSE - Dava o Figueirense por morto, condenado à Série B-15. Porém, a estrela que Argel - Aquele - Fucks tem em reorganizar times fadados à desgraça começa a brilhar forte agora na casamata do Figueira. A vitória sobre a Chapecoense em plena Arena Condá por 1 a 0 não afasta o fantasma do rebaixamento, que promete atormentar o clube até as derradeiras rodadas, mas tira a equipe do Z-4 por um momento, embora contabilize os mesmos 13 pontos da maioria dos integrantes da Zona da Degola cujo lanterna, Coritiba, soma 12 pontos. 


CERVEJA QUENTE

FLUMINENSE - Não aproveitou o empate do Cruzeiro para repetir o feito do Internacional. Empatou no Maracanã com o Coritiba, novo lanterna do Brasileirão, por 1 a 1. Se serve de consolo, a equipe ainda figura no G-4, com 26 pontos.

GOIÁS - Segunda derrota consecutiva do Goiás faz o clube despencar para 10º lugar com 20 pontos. Dessa vez, ainda que tenha atuado fora de casa, o adversário era o instável e ameaçadíssimo Bahia. O revés por 1 a 0 deixa o G-4 seis pontos mais longe.

BOTAFOGO - O Botafogo foi derrotado pelo Atlético Paranaense por 2 a 0 na Arena da Baixada. Até aí nada muito grave. Mas o Fogão já computa 3 jogos sem vitória, estacionou na parte inferior da tabela e hoje, pelos critérios de desempate, inaugura o Z-4. Promessa de fortes emoções para o coração botafoguense. 

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Por mais 90 minutos

Tudo que o homem médio quer da vida numa quarta-feira após um dia extenuante de trabalho é sentar em frente a televisão e assistir o futebol tranquilamente como se sua alma precisasse daqueles 90 minutos boleiros de alento para resistir bravamente até o fim de semana. Era tudo que eu queria ontem. Fui tolhido de exercer minha masculinidade por razões de força feminina, que me obrigava a buscá-la no aeroporto.

O maldito vôo chegava 21h. Nacional Querido e San Lorenzo começariam a batalha campal pela glória maior da Libertadores. Graças a um milagre dos céus, da Embraer, sei lá, consegui deixar Guarulhos pouco antes das 21:30. Com sorte, eu chegaria para o segundo tempo.

Adoro rádio. Adoro mesmo. Mas são todos uns desgraçados desinteressados no maior duelo da América. Todas as frequências apontavam para o mesmo modorrento Palmeiras x Avaí e a cada 5 horas lembravam-se de informar, em tom manifestamente inapropriado para a grandiosidade da partida, que o embate no Defensores del Chaco seguia 0-0.

Enquanto minha namorada discorria sobre a viagem, a audiência, o escritório, o céu, a terra, o luar, interrompeu seu monólogo para me fazer uma sugestão indecente: evitar a saída que claramente indicava SÃO PAULO-MARGINAL TIETÊ pois, segundo seu questionável conhecimento da geografia local e duvidoso senso de direção, havia uma outra saída adiante.

Óbvio que ela estava errada. Quando me vi diante de um comunicado formal da rodovia alertando que era o último retorno antes do pedágio percebi o equívoco que me tolhia sagrados minutos de futebol. Enquanto ajustava as coordenadas da nave para o caminho de casa, fiz um pacto com Cronos para que congelasse o tempo ou desse simbólicos 20 minutos de acréscimo para que, com o intervalo, eu pudesse me dar ao luxo de ver 45 minutos dessa final incrível.

Cansado, irritado, faminto, adentro o apartamento e corro para a televisão. 10 minutos do segundo tempo, 0-0. Corro na cozinha, deito uma meia dúzia de costelinhas no prato, espremo o limão de qualquer jeito por cima delas e volto para o quarto. Comida, futebol, puta merda, esqueci algo pra beber.

Jogo rolando e eu lá, confortável, mastiga aqui, vê a pelota correr pra lá e pra cá sem muito perigo para nenhuma das duas equipes. San Lorenzo del Papa melhor. Trabalha melhor a redonda, troca bons passes e circunda o campo de ataque com mais ousadia que os mandantes. O Nacional Querido seguia sua cartilha de defender-se muito e atacar somente quando insistentemente convidado.

Comer costelinha jamais será um ato limpo. A Libertadores também não é um torneio que se vence com um certificado da vigilância sanitária. E durante uma briga que eu travava com um pedaço de carne que insistia em não sair do osso eu olhava para outro ataque despretensioso dos cuervos. Os passes chegam à lateral e tome bola na área. Matos antecipa e de bate-pronto tira de Nacho Don.

Foi possível ouvir um grito ensandecido seguido de uma bateria de fogos na praça São Pedro. Tal fato é verídico porque ganhou eco nos Defensores del Chaco posto que somente se ouviam as gargantas argentinas no Paraguai. Larguei o osso resignado. Embora feliz pelo Papa, praguejei contra ele. Sabia que o San Lorenzo era melhor mas, caramba, era o Nacional Querido! Como não amar?

Terminei de comer e mantive os olhos nas tentativas desorganizadas do Nacional em tentar reverter o quadro de terror que se pintava. Os minutos passavam tão rápido quanto no carro uma hora atrás. Poucas ameaças paraguaias, contra-ataques eternos dos cuervos. Já iniciava colocar essa desgraça toda na conta dessa maldita viagem de trabalho que me fez perder não só 55-60 minutos de jogo, mas toda uma final sui generis.

45 minutos. Levo o prato na cozinha, balanço a cabeça negativamente e volto pro quarto. Entro no banheiro, encosto a porta e passo a divagar. Sou mestre em concentrar meus pensamentos em assuntos absolutamente aleatórios durante incontáveis horas. Começo a escovar os dentes já dando como certo o título cuervo. 

E estou lá pensando em algo tão importante como que gravata eu vou usar amanhã porque preciso acordar cedo para evitar o trânsito e que o San Lorenzo tanto merecia o título a ponto de ter o Papa como hincha e, puts, imagina só Ciclón e Real Madrid no Mundial, tal e coisa e eis que ouço ao fundo uma música. Uns tambores, um som estridente de algum ritual pagão sul-americano de uma tribo ainda a ser descoberta mas já familiar aos meus ouvidos. Corro para a tevê e vejo Júlio Santa Cruz - irmão de Roque - abraçado pelos seus companheiros.

Era um gol! Gol do Nacional Querido! Uma bola desesperada lançada na área acaba por se oferecer para Júlio completar para as redes e empatar o placar aos 48 minutos! O replay mostrava o tento da esperança em vários frames e, comemorei. Ergui a escova como um bastão, punhos cerrados e bradei um audível "IÉÉÉ!" alto o suficiente para que de 80 a 100% da espuma da minha boca fosse despejada entre minha camiseta e o chão do quarto.

O gol dá ao Nacional a esperança de jogar como gosta. Vai se defender ao extremo e atacar pontualmente desde que o San Lorenzo ofereça um latifúndio para tanto. Aos de Papa nem tudo está perdido. Os cuervos jogarão em casa, possuem um time mais técnico, mais equilibrado, com mais predicados e alternativas. São virtuais favoritos. Porém, estamos falando de Libertadores, d'A Libertadores. Previsões são meras especulações de uma gama infinita de possibilidades. Deito satisfeito. Haverá mais 90 minutos.


terça-feira, 5 de agosto de 2014

Empáfia, bipolaridade e outras drogas

Futebol é fascinante. A tensão que permeia o ar durante 90 minutos seja em um embate contra um rival tradicional seja em uma peleja contra algum enviado do inferno na forma de time inexpressivo do interior é indescritível. Ganhar é superlegal. Erguer taças, então, nem se fala. Nos confere o ápice do prazer esportivo como se tivéssemos penhorado nossas almas no campo. Mas a verdade nos é arremessada na cara tão logo os próximos 90 minutos iniciem. Estamos sempre a dançar na linha tênue da glória e do ostracismo toda quarta, todo domingo.

Todo prolegômeno do mundo não seria suficiente para tentar expor o que é torcer para um time bem estruturado, vencedor, tradicional, arrogante e de vanguarda cuja torcida insiste em julgá-lo a cada 90 minutos de jogo. Uma torcida apaixonada, acostumada com os louros da vitória e se vê sente na iminente necessidade de forjar ídolos e condenar jogadores ao exílio eterno duas vezes por semana. 

Essa bomba emocional atende pela torcida do São Paulo. É espantosa a capacidade dos adeptos comparecerem ao estádio previamente munidos de sua corneta e esperarem com mais ansiedade o momento de soá-las do que de comemorar um gol. Contudo, também merece a devida consignação que o próprio São Paulo ultimamente clama pela desaprovação popular.

Respaldada pela soberba de ter ido um tico mais além que uma meia dúzia de rivais, o São Paulo acostumou-se a acreditar que a camisa daria cabo de colocar o time constantemente na rota dos títulos. Tal pensamento gerou uma verdadeira caça às bruxas culminando com uma sequência assombrosa de treinadores degolados.

Por seu turno, muitos jogadores que aterrissavam em solo tricolor caíram na tentação de acomodarem-se diante da boa estrutura oferecida pelo clube. Entretanto, tal comportamento não passa batido por quem se dispõe a atravessar a cidade, comprar ingresso e encarar aquela friaca maldita das arquibancadas. Apesar as constantes renovações do elenco e do comando técnico, o São Paulo chegou em um ponto no qual sua bipolaridade o impede de seguir adiante.

Mesmo tendo conquistado a Sul-Americana em 2012, sobrevivido a uma temporada horrível ano passado e repatriado o comandante Muricy Ramalho, o São Paulo dá sinais que parou no tempo. Ou desaprendeu a ser uma equipe competitiva ou caiu nas mãos de pessoas despreparadas ou demasiado preguiçosas ou ainda teimosas o bastante para não perceber o óbvio ululante.

Poderíamos começar pelo estádio. Cobrir o Morumbi não vai fazer do estádio uma referência em modernidade nem adequar à realidade do futebol em que vivemos. A arquitetura grandiosa do estádio comporta 70-80 mil torcedores e nas raras vezes quando atinge sua plena capacidade (em torno de 60 e tantos mil) não gera a sensação de pressão no adversário e também deixa visíveis alguns buracos em certos setores.

O maldito processo de arenização dos estádios está se mostrando um mal necessário. A readequação do estádio para 40-45 mil torcedores aparenta ser mais que suficiente se a média de público do time bate nos 20 e poucos, 30 mil, ou nem isso. Além disso, se 20 mil torcedores forem ao estádio, conseguirá dar a impressão de estar mais cheio e eventualmente gerar mais pressão no adversário, o que não acontece com as arquibancadas de hoje que estão a poucos quilômetros da lua em relação ao campo.

Porém, o futebol é o que importa. O mau momento do Tricolor encontra culpados em todos os níveis. Vamos começar pela diretoria? Reforçar o ataque é bom. Foi uma estratégia ousada a aposta em Pato, a contratação de Alan Kardec para suprir a constante ausência ou omissão de Luis Fabiano, até aí, tudo certo. Só que o sistema defensivo do São Paulo como um todo é sofrível. Não é culpa exclusiva da zaga. Falta uma amarração melhor do sistema, faltam volantes mais combativos, laterais mais obreiros. Qual foi a atitude que Aidar tomou diante disso? Contratou Kaká. Outro meia avançado. 

É insano, sério. Nem se fosse o Kaká de 2007 essa contratação se mostra pertinente nesse momento. O mais razoável a fazer é buscar algum meio de fazer o time defender-se melhor, e aqui pulamos para outro culpado.

Apontar o dedo e cornetar o trabalho de Muricy no São Paulo virou tabu daqueles passíveis de excomungação tal como criticar uma falha ou apoiar a aposentadoria de Rogério Ceni. Porém, Muricy dá sopa para o azar. O treinador sempre foi conhecido pela regularidade defensiva. Foi assim em sua primeira passagem. 3 zagueiros, uns volantes voluntariosos, disciplina tática. Aí ele me começa a armar o time com surreais 3 atacantes, sendo que invariavelmente Osvaldo e Ademílson acabam por figurar no setor. 

Sério, isso tá virando caso de internação. Pelo menos Muricy se mostra atento e tenta consertar. A solução então foi voltar ao 4-4-2 e deixar o Ganso mais à vonts pra jogar. Tudo bem. Só que a meia-cancha continua mais fácil que baranga às 3 da manhã, caramba! Se ele está esperando o milagre da velotização do Maicon para ajustar a volância, pode esquecer.

Na última partida, Muricy lançou Denílson e, mesmo com Souza e Maicon - 3 volantes, portanto, ainda que com Maicon mais avançado - tropeçou novamente em casa. As constantes mudanças desse pós-Copa preocupam. Preocupam porque o time já perdeu um bom punhado de pontos em casa e sugere que todo o trabalho feito durante o Mundial não serviu de nada. É como se não soubesse o que fazer e está usando os jogos para treinar, fazer testes, quando seria o local adequado para trazer resultados (positivos).

Da mesma fonte de bipolaridade que bebe o São Paulo, bebem os jogadores. São incapazes de manter regularidade satisfatória ou de atuarem em nível aceitável. Alexandre Pato puxa a fila. Nos últimos jogos, não foi mal, verdade seja dita. Mostrou velocidade, criou oportunidades. Entretanto, abusou do direito de desperdiçar chances.

Ganso também evoluiu. Está mais participativo e carimba todas as bolas no meio-campo. Mas insiste em não chutar, não entrar na área, não buscar algo diferente em prol do time. Luis Fabiano está lesionado desde 2011. Osvaldo e Ademílson estão abaixo da crítica. A zaga individualmente não é ruim, porém a falta de colaboração do meio-campo expõe os equívocos de posicionamento de Antônio Carlos e a afobação de Rodrigo Caio em certos momentos.

Os outros, no geral, não fedem, nem cheiram e isso é pior que ter um jogador essencialmente ruim no elenco. É inadmissível que jogador profissional constantemente isolem os chutes de fora da área, errem passes primários ou não ofereçam alternativas de jogo (entenda-se "aparece pra receber, já que tá todo mundo espalhado escondido atrás da marcação").

Em tempo, nem Rogério deixou de ser contaminado. Entre uma intervenção aqui e ali, acabou por participar negativamente no gol sofrido contra o Criciúma.

Todo esse contexto caótico legitima a torcida a pregar o apocalipse jogo após jogo. Porque o São Paulo tem tudo e merece ter dirigentes antenados e competentes, um técnico mais perspicaz e jogadores eficientes. Não quero nem pensar o que vai ser quando a própria torcida perceber que esse comportamento é tão maléfico quanto ter Paulo Miranda como opção para a zaga.


segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Brasileirão-14 - Rodada #13

Outra rodada do Brasileirão-14 que se vai. Como sempre, destaques positivos e negativos na mesa! Se liguem:


CERVEJA GELADA

CHAPECOENSE - A Chapecoense acordou e esboça uma arrancada importante rumo a qualquer lugar que não seja a Série B ano que vem. Em casa, venceu o complicado duelo com o também ameaçado Flamengo. A vitória por 1 a 0 deixa os catarinenses com 14 pontos, 3 a frente do Coritiba, primeiro no Z-4. Além disso, empurrou o Mengão para a lanterna, empatado com Bahia e Figueirense, com 10 pontos.

FLUMINENSE - Aproveitou o empate do Cruzeiro (1-1 com o Botafogo) para encostar no líder. No Maraca, venceu o tinhoso Goiás por 2 a 0 e assumiu a vice-liderança, 25 pontos, 4 a menos que a Raposa. Com a meia-cancha de respeito que tem, vai incomodar bastante até o fim.

INTERNACIONAL - Também se beneficiou da cochilada do Cruzeiro. Recebeu o Santos e bateu o Peixe por 1 a 0, gol de Rafael Moura He-Man. Igualou os 25 pontos dos cariocas e volta à briga por alguma coisa na ponta de cima da tabela.


CERVEJA QUENTE

SÃO PAULO - Novamente decepcionou. 46 mil torcedores viram o Tricolor empatar com o Criciúma por 1 a 1. Embora tenha jogado relativamente bem, o São Paulo abusou dos gols perdidos e, numa falha de Rogério, teve que amargar outro tropeço em casa. Pontos que farão falta e não voltam mais.

PALMEIRAS - 7º jogo sem vitória. Dessa vez, mereceu estar aqui. A partida era no Pacaembu contra o desesperado Bahia. E o Palmeiras empata por 1 a 1, soma seu 14º ponto e já começa a vivenciar a tensão do risco da degola. O perigo voltou e é real.

SPORT - O Sport, assim como o Goiás, está sendo uma grata surpresa nesse Dilmão-14. Porém, foi visitar o Figueirense, que está estacionado no Z-4 desde o big bang desse campeonato, e levou sonoros 3 a 0. A ver se essa derrota vai significar o início de uma indesejada derrocada.