sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Liberta-me, por favor.

Quarta-feira foi a cerimônia de iniciação de um novo membro ao olimpo do campeões da Libertadores. Foi uma cerimônia tensa e que, por longos 90 e tantos minutos, deixou a dúvida no ar de quem seria o escolhido pelo conclave latino. A América clamava por um novo libertador e estava-se diante de dois times que realmente mereciam um trofeu para cada.

A um minuto de jogo, o Nacional Querido me carimba o poste cuervo. Que disparate! Uma jogada de extrema ousadia para um time que se notabilizou pela timidez ofensiva, deixando-a aflorar somente em situações extremamente pontuais ao longo de uma partida.

O Ciclón, tendo o Papa já estourado o terço após o precoce incidente, tentou colocar a redonda no chão e fazer valer a virtual superioridade técnica - que em termos de Libertadores não significa absolutamente nada - para buscar retomar o controle da situação ou mesmo de suas faculdades mentais.

No entanto, o que se via era um Nacional arisco, cheio de graça. Propuseram o jogo de maneira franca e deram-se o luxo de deferir tiros de fora da área de maneira até teimosa, como se tivessem de fazer a bola entrar na marra, o que é extremamente válido em uma final dessa magnitude. 

Ficou evidente que o fator cancha já tinha ido pras cucuias. O San Lorenzo batia cabeça no ataque e pouco produzia. O Nacional rondava a área adversária e, apesar do volume produzido, era pouco efetivo. Seria necessário um outro fator de desequilíbrio para resolver essa final. 

Em vez das triviais penalidades, optou-se pela imbecilidade. Na única vez no primeiro tempo que o Ciclón chegou com decência no ataque, o escanteio batido da direita encontrou Cateruccio na entrada da área na ponta esquerda. Do bico da grande área, o avante tenta alçar a bola na área. Coronel, na tentativa atabalhoada de interceptar, deixa os braços dançando no ar como um boneco de posto. Pênalti claro.

Ortigoza, que no olhômetro envergava uma bela camada de tecido adiposo pelo corpo, não bateu bem. Mas bem o bastante para deslocar Nacho Don e fazer o gol do título argentino. 

Foram preciso mais 45 minutos de aflição. Porém, em vez dos sustos constantes, a segunda etapa deu lugar a um Ciclón ciente do regulamento e da vantagem de se jogar em casa. A percepção dos meandros da Libertadores por Romagnoli ditou o rumo de um moroso final de partida com total controle pela banda de Boedo.

No duelo das camisetas sem lastro na Libertadores, venceu a que, talvez, merecesse um tanto a mais. É uma pena que os feitos desse Nacional Querido não puderam ser eternizados nessa edição. Quem sabe numa próxima. Agora, apenas se espera que o Papa se recupere bem após ter saído pela Santa Sé nu com fogo ateado ao corpo como uma maneira aceitável de extravasar e comemorar La Copa.

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