Racismo há de ser um eterno tema polêmico. Ele existe e não é exclusividade dos estrangeiros. Aqui se pratica o racismo e demais práticas discriminatórias de todo gênero todos os dias, como se seguíssemos um script. É exagerar na hipocrisia não admitirmos que, ainda que por uma breve fração de segundo, deixamos a voz do preconceito - de qualquer gênero - falar mais alto. Porém, no esporte, o racismo é inadmissível.
Tenho uma opinião pouco ortodoxa sobre o racismo. Sinceramente, acredito que o racismo vai estar presente sempre. Não haverá uma redenção cristã mundial que aceitará o amor e o respeito entre os seres humanos. Daí cabe ao governo e legisladores criarem condições para que o racismo não torne o mundo corporativo e a sociedade em si segregadora como um todo.
E não me falem de cotas. Ninguém vai conseguir me convencer que cotas na universidade para negros de baixa renda vai atenuar o problema. O sistema educacional é que precisa de reforma. A população carente é quem precisa ter condições de prosperar. Posso ser voto vencido, mas entendo que tal medida, no caso as cotas raciais, beiram uma institucionalização do racismo. O que seria evitado se o critério fosse meramente social. Cota para pobres, simples.
À parte as questões profundas de racismo na nossa rotina, no esporte não é possível admitir qualquer conduta discriminatória de qualquer maneira.
O esporte em primeiro lugar tem viés lúdico. Ele aproxima as pessoas, promove a interação, a socialização, a competição, a diversão. Por isso, não tem cabimento odiar o adversário pelo simples fato de ser negro. Odeie-o esportivamente porque ele é melhor, pior, mais rápido, mais lerdo, mais baixo, mais alto, mas não porque tem cor de pele diferente.
Quando adentramos no profissionalismo a coisa fica ainda pior.
É obrigação de toda e qualquer federação desportiva (não falo exclusivamente do futebol) que puna severamente o clube cuja torcida não se comporte dentro do fair play. Se o esporte serve para muitos como plataforma de mudança de vida e enriquecimento, além de mostrar que o que realmente importa é a competição, está faltando uma atitude das autoridades.
O que aconteceu com Tinga ontem, Balotelli e Boateng outro dia, e dentre tantos outros que vão até a Rússia, por exemplo, vai persistir até que a FIFA decida tratar a questão com a devida intolerância que o tema merece.
Multa e perda dos pontos da partida, multa e suspensão na competição por tal tempo, penas mais duras em caso de reincidência, não importa. O dinheiro que o futebol move tem que ficar em último plano diante de uma controvérsia tão latente.
Afinal, já que não é possível buscarmos alternativas imediatas para solução do problema dentro de nossa própria sociedade, o esporte deveria dar o primeiro exemplo.
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