domingo, 30 de março de 2014

Não haverá final

O Paulistão por uma vez mais não terá final. Haverá, conforme o protocolo, duas partidas a serem disputadas com algum nível subjetivo de equilíbrio mas o campeão está decidido. A união entre os Meninos da Vila e o bruxo Oswaldo de Oliveira levou o Santos à 6ª final de Paulistão consecutiva e ao 4º título. Sim, será isso. Ou fiquem com a ilusão de que teremos uma última e definitiva zebra nesse insano Campeonato Paulista.

A taça descerá a serra porque o Santos tem o melhor time, vive a melhor fase e tem no banco alguém que não só enxerga bem o jogo como está esbanjando sorte. É, sorte. Quando perguntado sobre o sucesso que teve na partida com suas alterações, limitou-se a dizer "sorte!" e sorrir como se piscasse para tela sugerindo ter certeza do que aconteceria após cada substituição.

Cícero chuta de fora da área, a bola desvia na defesa, trai o goleiro e abre o placar. O Penapolense ousa tentar modificar o destino ao empatar cobrando um pênalti bem estranho e virar o marcador após uma trapalhada de Aranha e David Braz. Então, Oswaldo, o bruxo, troca Gabriel por Rildo. Na primeira jogada dele, escapa pela esquerda e levanta na medida para Damião cumprimentar de cabeça e igualar o marcador.

Daí o camisa 9 desperdiçou alguns milhões de chances. Quantidade suficiente para Oswaldo promover a entrada de Stéfano Yuri no lugar do badalado centroavante. Certamente como oferenda a algum demônio ou entidade pagã a habitar os arcabouços de Urbano Caldeira, pois logo o primeiro contato da bola no garoto de nome controverso resulta no gol da virada e, por conseguinte, da classificação do título.

Em seguida, as atenções foram direcionadas ao Pacaembu, palco de Palmeiras x Ituano onde se esperava a classificação verde e sua confirmação como virtual campeão. Entretanto, os reflexos da bruxaria santista foram vistos serra acima quando, logo antes do apito inicial, notou-se que Valdívia emprestava sua habilidade ao banco de suplentes.

O Palmeiras martelou boa parte do primeiro tempo parando no arqueiro Wagner, provavelmente um vodoo nas mãos de Oswaldo de Oliveira. Lá pelas tantas da primeira etapa as coisas começaram a desandar. Uma pancada tirou Alan Kardec da partida. Kleina optou por Vinícius, claro.

Na virada para a segunda etapa, outra baixa. Fernando Prass teve que dar lugar a Bruno. Ainda que o Ituano ostentasse a periculosidade de um hamster, ter Bruno sob as traves é sempre razão para não ficar tranquilo.

Sem o Mago, Bruno César era o cérebro e, por incrível que pareça, o coração da equipe. Correu, chutou, tentou de tudo e mais um pouco para ajudar o time. Mas precisava de Valdívia, que entrou aos 25 minutos no lugar de um tal de Mendieta. Todavia, o chileno precisou de 6 minutos para ser amarelado e mostrar toda sua falta de interesse em mudar o panorama do jogo, já extremamente favorável aos visitantes.

À medida que o cronômetro avançava, assim o Palmeiras se postava em campo e mais espaços aos contra-ataques eram cedidos. Depois de um punhado de investidas sem cálculo prévio, um rapaz de vermelho rasga pela direita e toca no meio. O tiro bate na zaga e se oferece para Marcelinho. O atacante atravessou uns 4 países no cooper até chegar livre e solitário na bola para bater colocado tirando de Bruno, o amaldiçoado, enquanto todos os palestrinos em campo tentavam bloquear o chute na base do olhar.

Eis a pequena diferença entre o vexame e a decepção. O Palmeiras decepcionou. Havia muita expectativa mas foi traído pela noite ruim em uma decisão em partida única, pela ausência física ou espiritual de alguns atletas, enfim.

Resta agora o protocolo. Dois jogos-treino separam o Santos do 21º título paulista. Após a impecável campanha da primeira fase e da demonstração de força no mata-mata, é certo que, de uma vez por todas, o Santos não permitirá que a zebra roube seu triunfo.








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