segunda-feira, 31 de março de 2014

Campeão moral

Todo campeonato tem um campeão. É condição sine qua non de todo torneio que se preze. Sem esse papo derrotista de que o importante é competir. Importante mesmo é ser campeão. Seja pontos corridos, seja mata-mata, o melhor sempre ganha, certo? Errado. Ganha o mais competente, não necessariamente o melhor. Como se fosse possível justificar tal paradoxo surge a figura do campeão moral. Nem sempre ele aparece, mas quando aparece... Gera aquela polêmica, aquele choque, aquele sentimento de amor platônico fadado a evaporar e ser eternamente esquecido com o início da nova temporada.  Aquele que deveria ter sido mas não foi. Merecia muito mais o caneco que aquela equipe competente campeã de fato e direito que agora goza os louros, capas, pôsteres e especiais na tevê. A 6 rodadas do término da Premier League já se sabe quem é o campeão moral da vez.

Sem um título nacional desde a temporada 89-90, o Liverpool finalmente tem em suas mãos uma oportunidade tão única de ser campeão inglês que o título em si já não importa. Um clube gigante apequenado ante o insano poderio financeiro dos rivais. Quer dizer, dentro de casa. Não se esqueça que papou a Champions League em 2005 e foi finalista em 2007.

Pela primeira vez em muitas temporadas o Liverpool tem um ótimo time mesmo. Um ataque simplesmente avassalador no tridente formado por Suárez, Sterling e Sturridge. Até aqui foram 88 gols marcados em 32 duelos. O uruguaio Suárez é o artilheiro absoluto do certame com 29 gols seguido de longe por Sturridge, com 20.

Menção honrosa a Glen Johnson muito bem na direita, Coutinho simplesmente impecável na distribuição do jogo, Gerrard capitaneando como um garoto e os improváveis Allen e Henderson dando estabilidade a uma equipe de talento e competência ofensiva ímpar.

Lembremos que na terra da Rainha havia somente 3 grandes. Liverpool, Arsenal e Manchester United. Bom que se diga que até 2011 os Reds eram o maior campeão da Inglaterra. Foi igualado e posteriormente superado pelo Manchester United de Alex Ferguson. Mesmo assim detém 18 troféus, 5 a mais que o Arsenal.

Foi quando alguns sujeitos bem afortunados resolveram apadrinhar umas sub-equipes e iniciar um processo de copeirização delas, casos específicos de Chelsea e Manchester City. Desde a chegada de Abramovich nos blues, o Chelsea levou uma Champions League e três Inglesões. Porém, em sua história tem irrisórios 4 títulos nacionais. Temporada retrasada os citizens levantaram a Premier League, seu terceiro título.

São esses novos ricos que ameaçam evitar que o Liverpool encerre seu brutal jejum de títulos do Inglesão. Com dois jogos ainda por fazer, o Manchester City receberá Sunderland e Aston Villa. Caso vença seus compromissos, assumirá a ponta com 73 pontos, um a mais que os Reds. O Chelsea fica na espreita com 69 pontos.

Entretanto, o Liverpool depende só de suas forças para sagra-se campeão. E se não for agora, sabe-se-lá-quando vai surgir outro esquadrão como este e outra chance de ouro como esta. Isso porque dos 6 jogos que restam os Reds terão pela frente confrontos diretos justamente contra seus rivais riquinhos. Detalhe: ambos jogos em Anfield!

Que se dane o dinheiro, os louros da vitória, os medalhões. O Liverpool de Gerrard, Coutinho e do tridente da morte gastou a bola. Goleou, deu show, trouxe vida a um futebol meramente negocial. A taça é mera perfumaria. O Liverpool já é o campeão.

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