domingo, 8 de abril de 2012

O mesmo Leão. Um velho novo São Paulo.

Ultrapassado, turrão, limitado taticamente. Em outubro de 2011 pouco se lembrou de positivo daquele treinador que estava por trás da geração de Diego e Robinho campeã brasileira de 2002. Só se falava em motivador para lá, vaidoso pra cá, e morria ai. Porém, o velho Leão novamente deu uma nova cara ao São Paulo. A mesma que deu em 04-05. Ou seja, o conservador técnico está mais na moda do que nunca.

Voltemos a 2004. Leão herdava um São Paulo emocionalmente em frangalhos. O time acumulava fracassos em decisões e ainda lutava para apagar a sofrida eliminação nas semi-finais da Libertadores daquele ano, no último lance da partida contra o Once Caldas. E tem mais. Desde a Taça Rio-SP de 2001 o clube não erguia um título minimamente decente. (Superpaulistão 2002, sim, está sumariamente descartado)

Com um elenco muito limitado, Leão tratou de proteger a equipe e instaurou o sistema que futuramente reconquistou a América, o Mundo e o Brasil: lembram-se do 3-5-2 e de como se falou que nunca mais o São Paulo conseguiria adaptar-se a outra formação? Pois é. Além disso, incrustou no elenco o espírito guerreiro, de luta, entrega. Transformaram-se em "cascudos".

Sete anos mais tarde, Leão retorna. Mais experiente ainda, ostentando um ar mais tranquilo, um semblante menos nebuloso o técnico mostra-se reciclado mas sem abandonar seu estilo militar no comando do grupo. Sem títulos desde 2008 e com um elenco visivelmente acomodado, o Tricolor buscou no velho Leão a fórmula para tirar seus atletas da zona de conforto e querer algo a mais da vida. 

Inicialmente o susto não teve o efeito esperado. Contudo, mesmo fora da Libertadores, São Paulo e Leão permitiram-se uma segunda chance. Com o elenco devidamente reformado, aos poucos foi dando liga. A previsão do técnico concretizou-se. De fato, em abril o time estaria mais compacto, entrosado. Profeta? Não. Competente.

Esqueceu o 3-5-2 e apostou nas modernas variações do 4-3-3, 4-2-3-1, enfim, um time ofensivo, que joga para ganhar e não se entrega nas adversidades. As atuações contra Palmeiras (leia aqui) e Santos (leia aqui) mostram bem a evolução do trabalho do então obsoleto treinador, que mexe e remexe no time sem medo de ser feliz.

Na noite deste sábado, o São Paulo alcançou a 10ª vitória consecutiva, fato que não ocorria desde 2002. Os 2 a 0 sobre o Mogi Mirim na Arena Barueri foram construídos com a mesma solidez e pragmatismo dos times dirigidos por Emerson Leão. Pouco importa se Luís Fabiano e Lucas estiveram apagados, se Fabrício novamente estourou, se Casemiro entrou, fez gol e foi expulso, se Fernandinho marcou novamente e novamente desperdiçou algumas dezenas de gols. Importa o resultado. Hoje, tudo que o torcedor tricolor quer ou exige são resultados positivos. 

Apertou a saudade de Muricy, que blindava o time e conquistava vitórias das formas mais frias e feias possíveis. Mas vencia! E sem o querido treinador, a torcida volta seu carinho àquele velho turrão que sabe como poucos colocar seu time nos trilhos. Ainda que o time ainda não empolgue, passa segurança, determinação e vontade, tudo que a torcida minimamente espera. Claro que também quer títulos. Porém, é inegável que o trabalho do velho Leão, novamente, já está muito bem feito pelas bandas do Morumbi.  


2 comentários:

  1. Acho o grande trunfo do Leão é a habilidade para lidar com as "promessas" do futebol. Ele aproveita muito bem a base dos times, diferentemente do Muricy.

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