domingo, 19 de janeiro de 2014

Fé no trabalho

Time da fé. Assim é conhecido o São Paulo, apelidos cretinos à parte. A alcunha veio graças aos triunfos conquistados no passado em insólitas circunstâncias. Nesta década, o torcedor tricolor trocou a esperança de títulos por concentrar seu infinito crédito religioso em D. Sebastião do Morumbi. Acreditava-se que o regresso de Muricy Ramalho e sua filosofia laboral poderia recolocar a equipe no caminho das glórias. Mas, será o trabalho suficientemente capaz de transformar um time esforçadamente limitado em campeão? Duvido.

Uma coisa é Muricy chegar numa equipe desmotivada, que tem lá sua meia dúzia de valores individuais, dar uma chacoalhada geral e escapar da degola. Outra é ver o ano virar e não receber material humano capaz de transformar aquele amontoado de marmanjos em algo digno de se chamar time de futebol.

A crônica deficiência defensiva do São Paulo nos últimos anos esbarra não somente na contratação de zagueiros ou laterais de habilidade controversa. O meio-campo perdeu combatividade. Simplesmente não consegue sequer cogitar auxiliar a defesa. Até a criação oscila demais. Ganso não consegue manter a regularidade. Jadson, um ótimo jogador dentro das CNTP, é mais regular que o rival de posição pois é inoperante o tempo todo quando entra em campo.

Não bastasse a auto-sabotagem, o ataque deposita suas fichas em um Luis Fabiano desgastado fisicamente e emocionalmente com as arquibancadas. Para auxiliá-lo na missão maior do futebol, Muricy conta com avantes da estirpe de Osvaldo e Ademílson. Jogadores que não primam pelo melhor da técnica ou da inteligência com a bola nos pés.

E logo no início da temporada, uma derrota apática para o Bragantino, por 2 a 0. Não é motivo para promover o terrorismo de imediato, mas liga o sinal amarelo numa equipe que viu o fantasma do rebaixamento de perto há 3 meses. 

É nesse contexto que Muricy faz a única coisa que pode. Trabalhar. E fazer uma novena por reforços. Quem sabe uma terapia workaholic à lá Laranja Mecânica pode moldar esse elenco em um time. Pode ser. Mas, todos sabemos, mover montanhas é muito mais fácil.


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