segunda-feira, 14 de abril de 2014

Milagre do Galo

Conhecem a lenda do Galo de Barcelos, certo? Aquele galo português colorido, símbolo de sorte, felicidade, honestidade, etc e tal. Não? Bom, era uma vez a cidade de Barcelos e um crime misterioso que intrigava a população. Um peregrino foi acusado de ser o criminoso e de pronto foi condenado à forca. Enquanto tentava provar sua inocência, vislumbrou um galo assado sobre a mesa e bradou que era tão inocente a ponto de fazer o galo cantar. Pois quando ia ser enforcado, o galo levantou-se e cantou. Mas e a história do milagre do Galo de Itu, vocês conhecem?

Há uma semana, o Ituano nos pregou uma peça. Fez com que acreditássemos que poderia ser campeão paulista.  Evidente que qualquer homem médio partilhava das ponderações racionais de que o Santos era melhor time, tinha melhores opções, praticava um futebol mais insinuante de talento ofensivo avassalador e que dificilmente faria dois jogos abaixo da crítica.

Disposto a validar o protocolo, o Santos tratou logo de pressionar o Ituano desde os primeiros minutos de jogo. Para conter tanto ímpeto, o Ituano abriu a caixa de ferramentas e canalizou seu nervosismo em truculência. Então o juiz tratou de desequilibrar as forças para o lado santista e distribuiu 3 amarelos aos mais exagerados. Ciente da colaboração do árbitro, o Peixe também passou a distribuir suas cacetadas mas nem todas passaram pelo crivo amarelo do apitador.

O Ituano tentava sair no contra-ataques, porém só assustou em duas faltas alçadas na área as quais exigiu de Aranha intervenções arrepiantes em dois tempos, evitando o rebote dos sedentos avantes do Ituano. Lá pelos 30 da primeira etapa, o Peixe resolveu acelerar o ritmo e aumentar a pressão para cima dos visitantes.

Foi aí que novamente a estrela, digo, competência de Vagner começou a aparecer. Provavelmente abençoado por uma infinidade de galos, abriu seu repertório de milagres ao espalmar falta de Cícero, parar cabeçada de Damião com o peito e travar nova investida de Cícero pelo meio. 

Quando nada parecia dar certo, o juiz resolveu dar uma força. Cícero recebe na área, toma a falta e é assinalado o pênalti. Marcação correta se Cícero não estivesse 35 quilômetros impedido e voltava para receber o passe que culminou na penalidade. O próprio meia bateu e fez.

Na virada para o segundo tempo, o Ituano esboçou algum domínio da partida e deixou o Santos longe de seus domínios por uns 20 minutos. O Santos respondeu à ousadia interiorana com Rildo, que entrou no lugar de Thiago Ribeiro, servindo Geuvânio que desperdiçou dentro da área.

A partida ficou truncada até o final, embora o Ituano lidasse melhor com a pressão de ter que cozinhar o tempo e o placar sem se expor. Apesar de uma escapada ou outra de Rildo, foi novamente o Galo quem quase marcou com Anderson Salles em cobrança de falta. 

Nas últimas investidas das duas equipes, Rildo se atrapalhou ao invadir a área e jogou fora a última chance do Peixe. Aos 46 minutos, quando o Ituano preparava o último avanço, o juiz entendeu ser uma puta ideia não aplicar a lei da vantagem por preferir expulsar Cicinho. O lateral do Santos, provavelmente desinteressado em bater pênalti, deu um carrinho desnecessário no campo de ataque que lhe rendeu a expulsão e, assim, uma chuveirada mais tranquila no vestiário.

Se o Galo de Itu já havia realizado milagres ao evitar a vitória santista no tempo normal e que a atuação irregular o árbitro prejudicasse seus protegidos, faltava a consagração final. 

Nos pênaltis, a primeira série terminou empatada: Jackson, Marcelinho, Esquerdinha e Marcinho Aquele (isso, ex-Corinthians, Palmeiras, etc e tal) converteram. Ironicamente, Anderson Salles parou em Aranha. Pelo Peixe, Cícero, Alan Santos, David Braz e Gabriel guardam, enquanto Rildo carimbou a trave.

Nas cobranças alternadas, Jean Carlos e Arouca fizeram. Dener e Alisson também. Josa convertou para o Ituano. A história encerra que o zagueiro Neto foi para a bola e Vagner, esse Galo travestido de goleiro, defendeu e calou o Pacaembu. 

Ituano. Campeão Paulista de 2014.

 


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