domingo, 12 de fevereiro de 2012

Pitacos do Majestoso

Neste domingo, Corinthians e São Paulo escreveram mais um capítulo da história do clássico Majestoso. Sem Alex, Liedson e Emerson poupados para a Libertadores, o Timão buscava a vitória para continuar na liderança. E o São Paulo, sem Rogério e sem Luís Fabiano, precisava vencer para manter o 1º lugar geral.

Todo clássico é movido por forças extra-campo. No caso de Corinthians x São Paulo as farpas das diretorias, as provocações entre as torcidas, e a freguesia tricolor são ingredientes que tornam o clássico bastante tenso emocionalmente. 

O primeiro tempo foi inteiro do Corinthians. Logo aos 11 minutos, Jorge Henrique abre na esquerda para Fabio Santos, que rola para Danilo bater cruzado e Denis espalmar bonito para escanteio. Dez minutos depois, a superioridade do Timão aparece no placar. Jorge Henrique bate escanteio, e o criticado Danilo, ex-São Paulo, de cabeça inaugura o marcador. 

A jogada expõe a fragilidade da defesa do São Paulo, que já não era lá essas coisas pelo chão, mesmo com a chegada de reforços. Além disso, vale destacar que Danilo ganhou de Casemiro e João Filipe no lance. 

Mal taticamente e jogando fora de casa, o São Paulo era um morto vivo em campo. Lucas buscava jogo do seu jeito. Nem sempre conseguia produzir uma jogada perigosa. Jadson, discretíssimo, aparecia mais nas bolas paradas. O Tricolor errava muitos passes pelo meio, com Casemiro e Cícero praticamente sumidos. Willian José só apareceu na escalação e impedido. Cortez, mais uma vez, era a válvula de escape pelo lado esquerdo.

E o Timão administrava. Tocava bem a bola, explorava com velocidade os contra-ataques que, invariavelmente, terminavam com chuveirinho na área. A solidez do meio-campo impedia o São Paulo de criar jogadas de perigo.

Aos 36, quase o Timão amplia. Fabio Santos bate cruzado, Denis espalma para o meio da pequena área, caprichosamente a bola desvia de Elton e Cortez afasta. 

Aos 43, finalmente, a primeira jogada de perigo do São Paulo. Jadson bate escanteio, Rhodolfo cabeceia e Ralf salva em cima da linha. No rebote, Cortez dribla Alessandro em velocidade, é derrubado e o juiz assinala o pênalti. Sem Luís Fabiano e Rogério Ceni, sobrou para Jadson. A contratação que chegou cheio de pompa, um meia de seleção, vencedor no emergente futebol ucraniano (e europeu, pois venceu a Liga Europa), foi para a cobrança e ISOLOU.

Sinceramente? Jogador profissional seguramente chuta uma bola desde uns 5-6 anos de idade. O gol tem, aproximadamente, 7,32 metros de largura por 2,44 de altura. Em outras palavras, na minha opinião, o profissional tem OBRIGAÇÃO de converter a cobrança. Pênalti não é nem nunca será uma loteria. É COMPETÊNCIA. Mais inadmissível ainda é isolar a cobrança!

Ainda deu tempo para Leandro Castan carimbar a trave esquerda de Denis e quase matar a partida ainda no primeiro tempo.

Na segunda etapa o jogo permaneceu o mesmo. O Corinthians mandava no jogo com propriedade, dando um quê de jogo-treino ao clássico. Ralf e Paulinho anulavam o meio de criação do São Paulo. Fabio Santos e Jorge Henrique infernizavam a zaga tricolor e Julio Cesar era mero espectador. Somente Cortez incomodava Alessandro, mas nada grave.

Pouco menos de 15 minutos e Leão faz suas apostas: saíram: Jadson, Casemiro e Willian José. Entraram Fernandinho, Maicon e Osvaldo. Menos de DEZ SEGUNDOS após as substituições e João Filipe assina sua carta de dispensa do time do São Paulo. Entrada desnecessária em Jorge Henrique no meio-campo e rua. Expulso direto, sem choro nem vela.

Leão, que apostou na sua improvisação na lateral-direita, já se arrependia pela segunda chance. Sem contar que já via o zagueiro com ressalvas desde a partida contra o Bahia, na virada sofrida, quando o beque pediu para sair alegando cansaço, depois de correr sem propósito durante boa parte daquele jogo.

Desesperado, o São Paulo saiu para o ataque de qualquer jeito. E Tite colocou seu time para jogar como gosta. Fechadinho e subindo na boa. Tanto que, além de bloquear a criação do adversário, deu-se o luxo de substituir "seis por meia dúzia", como Willian, apagado, por Gilsinho. 

Aos 25 minutos, quase o Timão amplia. Alessandro aparece na direita, cruza rasteiro, a bola atravessa a área e a bola passa por Jorge Henrique. Aos 28, Paulinho limpa a marcação e bate ao lado do gol de Denis.

Sem organização, a torcida tricolor rezava por uma bola espírita e uma jogada iluminada de Fernandinho ou Osvaldo. Aos 30, o primeiro chute perigoso do São Paulo com Fernandinho para boa intervenção de Julio Cesar. O troco veio em seguida. Ralf dispara sozinho, se atrapalha com a bola e Paulo Miranda manda para escanteio.

Com pouco menos de 10 minutos para o final, o maestro Douglas reestreou pelo Timão e entrou no lugar de Danilo. O São Paulo, entregue e sem um pingo de organização das tramas ofensivas, parecia satisfeito com a derrota mínima. As substituições não surtiram o menor efeito, principalmente Fernandinho, que fazia o mesmo "o melhor e o pior" de sempre. Muita velocidade, muita habilidade, pouca objetividade, e utilização cerebral nula.

E foi isso. Vitória esmagadora do Timão por 1 a 0. 

O resultado mostra o dedo de Tite, que mostra seu foco em montar um time espelhado no padrão de jogo da Libertadores. Uma equipe com muita pegada no meio-campo e que sabe aproveitar bem as oportunidades de gol. Com Alex, Emerson e Liedson, o rendimento tende a ser maior e credencia o Timão ao título da Libertadores.

E expõe a fragilidade do São Paulo. Muito bom no papel mas, no campo, sem organização e sem render o mínimo esperado. Além disso, prova a dependência de Luís Fabiano no ataque e da liderança de Rogério Ceni. 

Agora, enquanto o Timão sonha tranquilo e começa a jornada rumo à América, o Tricolor dorme de cabeça quente e sonhando com Nilmar, atacante que poderia mudar a cara desse previsível ataque são-paulino.



3 comentários:

  1. o jogo foi, movimentado, com uma pitada a mais por causa da chuva que caia no Pacaembu que, ainda assim, continua mto aconchegante.
    A disposição tática dos times evidenciou bem a forma de jogar de ambos desde o primeiro minuto. Não só isso, João Filipe na lateral estava fazendo mais as vezes de jogador corinthiano que são paulino, vide a avenid para livre trnasitação dos jogadores alvinegros. Sua justa expulsão, aliás, melhorou a disposição tática do São Paulo, que parou de sofrer na lateral direita e conseguiu deixar o Corinthians mais acuado do que antes do vermelho pintar no jogo.
    O tipo de análise que eu gosto de fazer é sempre quanto à arbitragem, que foi excelente. Há mto tempo, dentro do futebol brsileiro fragilizado por péssimas atuações do homem do apito, não via alguém apitando tão bem como Raphael Claus no jogo de hj. Firme e convicto nas suas marcações. Acertou em ter marcado o pênalti e ter amarelado o jogador corinthiano, acertou na expulsão de João Filipe por entrada violenta, conduziu mto bem os lances e jogados que precisaram de mais pulso.
    Num futebol brasileiro frágil em termos de arbitragem, Raphael Claus mostrou-se uma exceção e, neste caso, pena que ela não faz a regra!

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  2. Casaca, vi um lado positivo, achei que o time foi mais aguerrido do que em clássicos anteriores, pelo menos isso. Não gostei, por óbvio, do resultado, mas acho que dá para acreditar em alguma coisa melhor em 2012. Isso porque ainda falta o Luis Fabiano, o Rogério e o Fabrício jogarem junto com o Lucas, o Jadson, o Cortez e o Rodolpho, que os jogadores que eu entendo serem os principais do elenco. Ainda não temos um time pronto, mas acredito que pode melhorar. O Casemiro não acompanhar o meia até o fim da linha não é novidade, hoje ele fez isso de novo, deixou o danilo jogar sozinho com o ridíulo do Fábio Santos, e deixou o fraco lateral João Felipe mais do que exposto, será que com o Fabricio e o Welington de volantes teremos esse problema corrente de muitos jogos? Não sei, mas prefiro acreditar que o time será melhor. O Willy Zé é bom, mas clássico é para Luis Fabiano. Hoje, o time precisa de todos os jogadores titulares jogando, não dá para improvisar ou contar com um bom dia de um reserva.

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    1. Rafael, mas não se esqueça que tb o Corinthians estava sem todos os titulares. Liedson, Alex e Emerson Sheik não atuaram ontem.
      Como disse, gosto de fazer análises da arbitragem, mas o São Paulo deixou uma avenida para o Corinthians jogar...Jorge Henrique fez o que quis e ainda causou a justa expulsão do João Filipe...os fatores que acompanham seu olhar sobre o São Paulo, devem acompanhar tb sobre o Corinthians, já que ambos jogaram sem todos os seus titulares!!!

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