Sexta-feira tivemos o encerramento de uma das novelas mais surreais do futebol brasileiro nos últimos tempos. Mais uma vez, o São Paulo protagonizou uma intrincada negociação envolvendo um grande nome do futebol brasileiro. Dessa vez, sentou junto com o Santos e a DIS para viabilizar a contratação do meia Paulo Henrique Ganso, maestro santista nos recentes títulos do Peixe. Após muito insistir, prevaleceu a vontade do jogador, que irá defender o Tricolor pelas próximas cinco temporadas. Mas, sob que condições?
Provavelmente mais irritante que a novela Oscar, o caso Ganso tem suas peculiaridades. Descontente em não ter recebido uma proposta tão atraente quanto a de Neymar, Ganso diversas vezes manifestou desejo em deixar o clube já que seu talento não era devidamente reconhecido financeiramente. Depois de recusar diversas propostas do Santos, o São Paulo resolveu investir.
Arredondando a conta são 24 milhões de reais por aproximadamente 40% de Ganso (exatos 38%, um pouco menos do que o Santos detinha, pois a DIS ficará com mais uma parte do jogador). Uma análise matemática nos faz crer que o valor total do meia seria equivalente a 60 milhões. Ocorre que o valor real de Ganso mal chega à metade desta quantia.
Desde a Libertadores-11 Ganso não faz jus à pompa toda que recebe. Há quem diga que as 3-4 intervenções cirúrgicas que sofreu nos joelhos o balearam, embora os médicos do São Paulo tenham ouvido de Runco, médico da Seleção Brasileira, que Ganso não sofre de nenhuma lesão crônica. Curiosamente, nem mesmo essas agravantes fizeram o meia perder seu valor de mercado. Muito pelo contrário, parece ter valorizado.
Não consigo entender por que o São Paulo vai atrás de Ganso pouco depois de ter contratado Jadson para a criação. Bem ou mal, o camisa 10 Tricolor é o líder de assistências da equipe. Aliás, é o setor defensivo da equipe que continua sofrendo. Ora o meio perde pegada, ora a zaga bate cabeça. Aparentemente, ou Juvenal Juvêncio crê piamente que Ganso dará a volta por cima com direito a lucro, ou trata o novo camisa 8 como um "negócio de ocasião" e apenas torce por algum retorno em campo sem maiores esperanças.
Fato é que Ganso chega sem apresentar algo próximo de bom futebol há, pelo menos, um ano. De lá para cá, perdeu espaço na Seleção, entrou em rota de colisão com a diretoria santista, "cativou" a fúria da torcida do Peixe e, agora, sobe a serra para um novo início no Morumbi sob a desconfiança dos novos adeptos.
Como diz a canção "se ela faz com ele, vai fazer comigo". O risco de reviver o fantasma de Ricardinho faz os tricolores serem contidos ao celebrar a contratação de Ganso. Se ele vai retomar aquela fase espetacular, se vai fazer birra para sair quando pintar a primeira grande proposta, se vai engatar grandes sequências de jogos...tantos "se" para uma única certeza: Ganso tem uma oportunidade única de ressurgir como uma fênix. Do contrário, dará mais um passo para mudar seu apelido no futebol.
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